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17 de Setembro de 2014.

                                         

Louis se colocou à ler a carta com calma ao mesmo tempo em que sentia a ansiedade o matar, conseguia imaginar cada traço de Harry falando, cada nota que sairia de sua voz, como se estivesse sussurrando tudo aquilo em seu ouvido, era um momento intocável onde se sentia seguro, calmo, em que era capaz de sentir a sua presença ali, mesmo que tão longe.

"Querido Louis Tomlinson, eu não sei o que dizer assim como você, mas posso tentar com mais vontade. Irei começar respondendo sobre seu nome não faz ideia do quanto queria grita-lo quando me disse, Louis eu só queria saber o seu nome para lhe dizer que te conhecia, que sabia quem era, que me lembrava de você. Seus olhos são o espelho da sua alma e tudo que eu vejo em você eu sei por eles, me contam quando está com raiva, ódio, quando está com medo, quando tem tudo isso aí dentro..."

Seus olhos marejaram instantaneamente, não era a pessoa mais emotiva do mundo, mas conseguia ser sensível quando se tratava dele. Pensar que Harry na verdade já o conhecia, que já se conheciam era loucura, parava para analisar tudo - teria a vida feito de propósito? - não sabia. Seja lá o que fosse foi saber sobre aquilo que o fez desmoronar, foi onde tomou a decisão mais idiota de sua vida. O deixar.

"Meu caro, posso dizer com todas os pontos do mundo que sou capaz de sentir o mundo através deles, são o berço da sua alma e eu nunca vi em toda minha vida algo tão profundo como eles."

Pela primeira vez sorriu com a ideia de alguém realmente achar que apenas seus olhos já significavam aquela imensidão. - Droga como poderia estar tão apaixonado?.

"Romeu. Meu bandido apaixonado, embora tenha me chamado de Cinderela várias vezes é você que tem medo de que eu o veja sem os sapatos de cristal, sua fragilidade lhe causa pavor, mas me fascina. Sua veemência em me ter ao mesmo tempo que me afasta com medo faz com que eu sinta o coração confuso e cansado, vivemos mais surtos juntos do que imagina, mais noite do que se lembra, mas se lembrará um dia, não me arrependo de nada, nada que envolva você. Ou na verdade me arrependo de tudo? Uma questão que talvez só o tempo nos diga.

Agora estava simplesmente desolado, como poderia Styles descrever todas suas inseguranças com tanto zelo como podia o conhecer tão profundamente sendo que ao mesmo tempo não sabia de nada. Ler que o mesmo passou por mais coisas com ele do que se lembrava o doía, pois queria muito mesmo se lembrar, como poderia um dia ter esquecido? Saber que ele não se arrependia, de mesmo apesar de tudo não se arrependia. Nenhuma dor chegava perto da qual sentia agora.

"E isto me leva ao nosso próximo tópico, o tempo. Não sou tolo, sei que quando lhe disse que estávamos entrelaçados sentiu pavor, sei o que está fazendo, mas não se irá comigo e eu imploro para que sim. Mas se não, deixo esta carta para você. Para que saiba que tudo eu lhe perdoo por tudo, por cada possível trauma que me causou, lhe perdoou por cada surto, e lhe perdoo por me fazer gostar tanto de alguém assim...perfeito aos meus olhos e temido sobre os seus. O fato é não somos Romeu e Julieta, não sou uma Cinderela, não estamos em um conto de fadas, mas eu te perdoo por estar fazendo isso."

Quando leu que o mesmo implorava para que fosse com ele não aguentou, teve que parar olhar para cima e respirar fundo, chorava feito uma criança desolada, quanta merda havia feito. Ler que o amado o perdoava por tudo, tudo. Menos por o deixar era fatal, agonizante, terrível. Passando as mãos no rosto tentou com todas as suas forças não recair, não acender um cigarro de maconha ou cheirar uma carreira de Cocaína, se forçou a fazer da dor sua amiga. E tratar aquelas palavras como espinhos o arranhando e não facas afiadas em sua pele, embora fossem.

Faroeste Caboclo L.SWhere stories live. Discover now