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Puxo Ketlen pra mais perto e abraço ela.

Seu cheiro é muito bom e em contraste com a catinga da cadeia é o melhor dos aromas; o mais perfeito de todos os perfumes.

— Victor. – ela pronuncia meu nome como se fosse um poema.

— Oi.

— Eu trouxe o que me pediu.

— Sério? – sinto uma felicidade tremenda quando ela me diz isso.

— Eu não ia trazer, juro. Passei por muita coisa pra conseguir chegar até aqui com isso, mas aqui está. Não sei se vou ter coragem de fazer de novo, então eu já peço desculpa desde já.

— Como eu te disse: fica tranquila porque eu me conformo só com a tua presença. Se tu não parar de vir me visitar, eu já me dou por satisfeito. – abraço ela apertado — Tu não tem noção do que acaba de fazer por mim, Ketlen. Eu vou ser grato a ti pro resto da minha vida e prometo que o que eu puder fazer por você, eu vou fazer.

— Tudo bem. Não se preocupa com isso. Se preocupa só em sair daqui e ser uma pessoa melhor porque Deus vai te dar essa oportunidade. – sorri enquanto fala comigo — Cadê? Tem lido o livro que eu trouxe pra você?

— Sim. Leio um pouco todos os dias. – minto sem nem tremer.

— Um pouco quanto?

— Uma página. – a mentira só piora, mas a culpa é dela que não para de fazer perguntas.

Nem lembro onde joguei aquele livro. Da primeira vez que tentei ler, me revoltei e rebolei ele longe.

— Trouxe comida e algumas roupas pra tu. Espero que fiquem boas. – me entrega duas sacolas.

— Camisas? – risos.

— Que foi? Não gostou delas?

— Não é isso. É que eu prefiro ficar sem camisa mesmo.

— Mas pode precisar. – dar de ombros.

— Verdade. Eu sempre preciso. – pausa — Você gosta de mim com ou sem camisa?

— Por que essa pergunta? – se encolhe timidamente.

— Porque sim. – risos — Se disser que prefere que eu fique de camisa, que isso vai ser melhor até pra nossas conversas enquanto tu vem me visitar, eu vou usar essas coisas sempre que tu vier.

— Que pergunta estranha. Olha, você tem fazer o que gosta, se como se sente bem não está atrapalhando a vida de ninguém então tem que se apegar a isso e ser feliz.

— Então não se incomoda de eu vir falar contigo com o peito nú?

— Não. – pausa — Mas fique com essas camisas pro caso de você precisar em algum momento.

— Vou ficar sim. Em dia de visita, eu tenho que passar o dia inteiro usando camisa porque os caras tem ciúme de mim com as minas deles e ficam botando pressão pra eu ficar vestido.

— Então tá ótimo. Acho que essas vão servir.

— Comprou elas? – retiro as roupas de dentro da sacola pra dar uma olhada.

— Não. A gente sempre recebe doação na igreja. Eu só peguei algumas peças pra trazer pra você, afinal, você está precisando.

— Estou mesmo. Eu compro calção de um gordo lá da cela, mas quando ele não quer me vender, eu roubo.

— E ai?

— E aí que depois que eu tô dentro da roupa fica sem jeito.

— Há há há... – ela ri.

Visita Íntima (morro) COMPLETOWhere stories live. Discover now