Capítulo 23

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Naruto deveria estar a um dia de distância do palácio agora e fora das atenções dele não havia muito para se fazer durante a noite.
Envergonhou-se da falta que sentia dos braços fortes ao seu redor na hora de dormir. O calor do corpo de outro humano envolvendo-a pelas horas escuras e dispensando a necessidade de cobertores.
Embora as palavras dele sobre não haver vergonha em ser amante de um homem ainda estivessem frescas em sua mente, a desonra ao perceber que se sentia completamente perdida fora desta função a rebaixou para além do subsolo.
Fugiu da casa do pai, correu para o mais longe que conseguiu para se livrar do papel que Hiashi Hyūga havia lhe imposto, mas um príncipe estrangeiro a colocou em uma nova gaiola, mesmo que de ouro.
"E isso eu devo aceitar? Há mesmo alguma diferença."

Sabia que não deveria e que não havia diferença, mas jogada sozinha naquela cama fria, ela queria Naruto ao seu lado.
Não se deixaria enfeitiçar, não concordava com a maioria das ações tomadas pelo Uzumaki irritadiço e não estava naquele lugar por boa vontade. Naruto era um homem grosso e ignorante na maior parte do tempo, se tivesse para onde ir...estaria fugindo no momento seguinte, mas agora, neste exato momento, gostaria que ele estivesse ao seu lado.

- Porque sou tola. - Enfiou o rosto no travesseiro de penas e grunhiu abafado.
- Porque tenho medo do escuro. -

O colchão era grande o bastante para que nenhum de seus membros tocassem as extremidades da cama, mesmo que se esticasse ainda estava se afogando naquela maciez sem o calor de sempre.

Desta forma, contra a sua vontade, ela estava no escuro.

Então, de repente, seus olhos se abriram para a luz. Sabia que era mentira, estava dentro de uma memória que ela conhecia bem.
No sonho ainda conseguia ver perfeitamente a ruga de desgosto no rosto do pai quando abriu as portas de seu quarto.

"Ela ainda estava na cama, o corpo oculto entre os lençóis e a ardência do amor no meio de suas pernas. Completamente paralisada no tempo, apenas suas pupilas se moveram para o canto dos olhos e avistaram Neji ao lado da cama, seus movimentos interrompidos antes de conseguir colocar de volta a camisa.

- Eu não acreditei quando me contaram, mesmo agora eu não creio em meus olhos.-
Hiashi falou, sua voz era de uma assombrosa fúria controlada.
- Você se comporta como uma vagabunda embaixo do meu teto! -

- Hiashi-sama, eu não... - Neji tentou, sabia que não funcionaria, mas procurou se explicar da mesma forma.

- Cale-se, verme inútil! - Lançou um olhar duro para o sobrinho. - Eu não deveria ter tido misericórdia como seu pai me pediu, sangue do meu sangue derrubando meu telhado sobre a minha cabeça. -

- O meu pai se foi pela sua covardia, não ouse mencioná-lo. -

- Eu já não mandei você se calar? - Hiashi deu um passo à frente, o bastante para ficarem cara a cara de forma apropriada. - Vista-se e saia daqui antes que eu acabe com a sua maldita raça. - Disse apontando para o chão onde a parte de cima das vestes de Neji estavam.
- Vou lidar com a desgraçada sozinho. -

- Hinata não tem culpa de nada, tudo que ela fez foi pra se livrar de um destino que você escolheu! - Neji gritou com as veias saltando no pescoço.

- Você já fez seu trabalhinho sujo no plano dessa víbora, agora vá para o raio que o parta e suma dos meus olhos para sempre se souber o que é bom para você. - "

A Hinata de hoje rangeu os dentes com ódio ao contemplar sua impotência naquela cena.

Continuou parada na cama observando Hiashi expulsar Neji aos pontapés para fora do quarto, apenas alguns guinchos de horror e soluços deixavam sua boca. Nada mudou como seu pai a arrancou da cama, ainda estava nua, mas ele não parecia se importar.
Jogada no chão sobre o tapete caro do quarto olhou para cima vendo apenas um rosto de demônio lhe encarando.

Ascendência - NaruHina (Hiato)Where stories live. Discover now