Catch me if I fall

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"Você está interessante hoje."

O ritmo da minha respiração aumentou consideravelmente. Parecia algo que meu cérebro tinha inventado, mas o bilhete repousava ali, em minhas mãos. Encarei o pergaminho por cerca de um minuto até que caísse a ficha. Quando olhei para cima, me julguei uma pessoa emocionada demais, não tinha como evitar.

Observei a mesa da casa rival, a coruja tinha vindo de lá. Vi Draco lendo seu jornal, executando movimentos bem calmos. Provavelmente era fruto da minha imaginação quando vi que suas bochechas estavam ligeiramente coradas. Eu tinha quase certeza de que criava o que queria ver, mas uma boa parte de mim desejava que ele estivesse, de fato, acanhado.

— Olha — entreguei o bilhete a Hermione ao meu lado. Ao contrário de Draco, meus movimentos eram reprimidos.

— Ora, ora, isso parece um elogio! — Hermione comemorou, chamando a atenção de Rony.

— Deixa eu ver, deixa eu ver!

— Sigilo! — Eu os alertei, e Hermione lhe passou o bilhete sem alarde. Era inegável que eu não conseguia parar de sorrir.

— Não falei que ia funcionar?! — festejou Rony, me devolvendo o pergaminho.

— Calma, preciso me conter — respirei fundo. — Não posso me iludir de maneira alguma. — disse baixo.

Pensei um pouco no que fazer depois daquilo, até que perguntei à Hermione:

— Acha arriscado eu levitar o bilhete até ele com minha resposta?

Ela apenas assentiu, franzindo os lábios como um "sinto muito" não verbal.

Como um malquisto retorno do meu corpo, não olhei novamente para aquele lado do Salão. Se uma sensação era predominante em mim naquela hora, certamente seu nome era "timidez".

****

Em meio à aula de História da Magia, aproveitei que o professor Binns — fantasma — palestrava sobre um acontecimento nem um pouco interessante para que eu, até que enfim, focasse no que queria fazer. Porventura, o professor não se importava se os alunos conversassem entre si para debater, então não vi problema em fazer tal coisa em seguida.

Olhei para o lado e notei que as casas da Grifinória e Sonserina estavam relativamente misturadas, mesmo que as carteiras fossem individuais. Eu me mexia pouco, pois havia sentado exatamente em frente a Draco. Foi uma escolha pessoal e me autossabotei fazendo isso. Claro que ficaria tenso.

Peguei um pedacinho novo de papel e molhei a ponta da minha pena com tinta, anotando:

"Por 'interessante' você quis dizer...?"

Amassei o bilhete. Ergui meu braço sutilmente e depositei-o na extremidade da mesa dele, sem olhar para trás. Assim, voltei a fingir prestar atenção na aula — quase inútil; já tinha lido sobre o assunto nas sessões de estudo com Hermione. Estava pronto para, até mesmo, realizar uma prova.

Segundos depois, outra nota sobrevoou meu ombro, caindo direto em minhas mãos. Abri o bilhete. O quase habitual frio na barriga se intensificou.

"Por 'interessante' quis dizer 'adorável'."

Aquilo era definitivamente um elogio.

Soltei o papel em cima da mesa e abaixei a cabeça, enfiando a mão por dentro dos cabelos como um tique nervoso. Isso acabou escondendo meu sorriso de orelha a orelha, mas não diminuiu os batimentos cardíacos dentro do meu peito que, afortunadamente, só eu ouvia. Eu sabia que gostava dele, mas por que tanta exaltação?

R.E.M. | DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora