We have found a way

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Entrei na sala. Draco estudava na mesa da professora, e deduzi que aproveitava o fato dela não estar ali para utilizar a maior das mesas. Escrevia em um pedaço de pergaminho com sua pena acinzentada. Assim que me viu entrar, levantou os olhos em minha direção.

— Boa tarde, professor Malfoy — zombei, fazendo-o revirar os olhos em meio a um sorriso bobo. Me aproximei dele, pegando a cadeira de uma das mesas no caminho.

— Que horas são? — Ele perguntou. Pus a cadeira ao lado dele, me sentando para checar meu relógio.

— 17h.

— Estou faminto — Draco gemeu. — Vamos fazer isso logo!

— Você precisa se concentrar — cheguei mais perto para ler o pergaminho no qual ele escrevia. — Qual o assunto?

— Literatura trouxa.

Em cima da mesa, havia duas pilhas de livros grossos, todos tratando sobre aquele assunto. Começamos a selecionar os tópicos e procurá-los nos livros. Lhe ensinei tudo o que sabia da matéria.

Draco precisou ler um poema inteiro para interpretá-lo. Era feito por quase meia dúzia de estrofes e ele leu em voz alta cada um dos versos românticos.

"Por isso com teus gestos me vestiste

E aprendi a viver em pleno vento"

Ao terminar de lê-lo, Draco soltou o livro na mesa, espreguiçando-se para trás. Eu não quis dizer nada, de jeito nenhum, mas ouvi-lo recitar palavras com tanta suavidade me fez o julgar como, simplesmente, arte.

— Criativos, os trouxas — disse Draco, olhando para mim. — Acho que se apaixonam pra valer, talvez até mais do que os bruxos.

Continuei o fitando, ressoando em minha cabeça que, se ele tivesse razão, eu seria definido como trouxa. Não fazia ideia do quão fundo os sentimentos entranhavam em mim, motivo de eu estar naquela enrascada sentimental exatamente por ele.

— Talvez essa seja a fonte de magia deles — falei. Soltei um suspiro pelo nariz. — O amor.

Draco sorriu para mim e voltou sua atenção para os livros. Eu permaneci o encarando, inevitavelmente. Passamos um bom tempo sem falar nada, lhe dei a liberdade de estudar por conta própria. Já havia ajudado com tudo o que podia. Me permiti continuar ali pela possibilidade de auxiliá-lo se alguma questão aparecesse.

O silêncio já começara a se tornar desconfortável, com a exceção da pena de Draco, que grafava sem parar em um pedaço de pergaminho. Entediado, eu erguia de leve minha cadeira, pressionando meus pés contra o chão. De repente, ouvi um pedaço do pergaminho ser arrancado e depositado sobre o meu lado da mesa. Confuso, segurei o pequeno objeto.

"Não vai falar mais nada?"

Ri enquanto observava o bilhete. Molhei minha pena na tinta para responder em seu verso:

"Você está a, literalmente, menos do que um metro de mim. Por que o bilhete?"

Assim que Draco pegou sua pena para anotar a resposta, não o deixei usá-la, pois a tomei de sua mão, rindo da reação indignada partida de Draco.

— Me devolve! — Ele se inclinou, divertindo-se tanto quanto eu.

— Pega, vai, pega! — Afastava a pena conforme ele tentava recuperá-la.

Depois de alguns segundos, Draco soltou o ar fortemente, dando-se por vencido.

— Se você não estivesse me ajudando, eu arrebentaria sua cara.

— É mesmo? — sorri, desafiador. — Tente.

— Péssima escolha, Potter — Ele semicerrou os olhos.

R.E.M. | DrarryNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ