34. Amizade disfarçada de namoro

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Cindo meses depois...

Se passaram cinco meses desde o dia em que... o meu pai se foi. Não tenho reagido tão bem com isso quanto ele queria, mas creio que estou fazendo o meu melhor. Agora, por exemplo, estou correndo no Central Park, uma coisa que eu não fazia a muito tempo e amo fazer.

Fiquei tão abalada com o falecimento dele que voltei a ser aquela Âmbar fria, arrogante, que desconta tudo no trabalho. Não sei como Matteo tem me suportado todo esse tempo, mas foi um choque pra mim, eu não esperava que nada disso acontecesse e muito menos estava preparada, ele era o meu porto seguro e perdê-lo doeu, e ainda dói até hoje e tenho certeza que essa dor vai permanecer até o fim dos meus dias.

Florence e Kimberly estão completamente mudadas comigo, digo... não esperava nada de bom da Florence,  mas a Kimberly se transformar no que ela se transformou comigo foi um choque total para mim. Ela já não é mais a mesma Kimberly que chegou a sete meses em casa, ela é outra pessoa que eu não conhecia, aliás, nunca a conheci de verdade.

Quanto a empresa, tenho chegado mais cedo que o normal, sou a primeira a chegar e a última a sair, as vezes saio até tarde demais. Mas, depois que o meu pai se foi eu não vejo motivos para estar naquela casa, principalmente com a Kimberly e a Florence me alfinetando o tempo inteiro.

Não voltei a ser a mesma coisa com a Victória, pode até parecer infantil mas não consigo mais ter ela perto de mim sem lembrar o que ela me escondeu por tanto tempo e com tanta tranquilidade. Hoje em dia nossa relação é estreitamente profissional, mesmo que eu sinta falta dela e mesmo que ela sempre procure se aproximar e saber como estou, procuro evitar falar de outras coisas que não tem relação com a empresa.

Por outro lado, hoje eu e Matteo fazemos seis meses de "namoro". Nós nos aproximamos demais nesse meio tempo e acabei descobrindo um lado dele que nunca achei que ele tivesse, e confesso que não sei se queria ter descobrido isso. Ele é uma pessoa muito paciente, carinhoso, romântico... Mesmo ele sabendo que nosso namoro não era de verdade, me dava flores todos os dias, as minhas favoritas: Rosas. Ao fim do expediente ele sempre me levava a ponte do Brooklyn para olhar as estrelas, mesmo que já estivesse muito tarde e fosse meio perigoso sair esse horário. Mas eu não ligava, me sentia segura com ele. Aos finais de semana ele me levava para algum restaurante e sempre fazia de tudo para eu achar graça. Ele tem sido a melhor pessoa que eu poderia ter nesse mês.

Porém, tenho medo. Medo de me apegar a ele, medo de me apaixonar e ele estar apenas brincando comigo. Tenho medo de estar sentindo algo muito forte por ele e depois quebrar a cara. Eu sempre acabo perdendo as pessoas que amo e isso de certa forma me traumatizou, eu não quero perder o Matteo, não quero perder a amizade que criei com ele disfarçada de namoro. E por isso entendo que devo dar um fim nisso, nosso contrato já terminou faz muito tempo e espero que nem eu e muito menos ele saíamos prejudicados com isso, mas duvido muito que ele tenha criado algum sentimento por mim. Infelizmente a emocionada aqui sou eu, não que eu esteja apaixonada por ele, longe de mim, mas eu meio que me apeguei a ele nesse tempo e espero não sofrer com isso.

Parei com as mãos apoiadas no joelho no meio do Central Park, ainda não estava nem perto da hora de ir para a empresa mas eu já ia voltar para casa a tempo de sair para a Smith Clothing antes de Florence e Kimberly acordarem, quero evitar dor de cabeça hoje.

Observei aqueles casais fazendo exercícios juntos, era lindo de ser ver. E eu só conseguia pensar no Matteo observando eles e no quanto queria que ele estivesse aqui, mas mesmo que ele tenha insistido para vir correr comigo eu não quis, queria ter um tempo sozinha para pensar nas minha decisões futuras.

[...]

Eu já tinha chegado em casa, tomado um banho e me arrumado para ir a empresa. Ainda era muito cedo e queria sair o mais depressa possível. Estava descendo as escadas, aquelas escadas enormes que até hoje não entendo o porquê de todo aquele exagero. Até ouvir alguém vindo atrás de mim.

ㅡ Já vai para a sua caverna? ㅡ Era a Kimberly. Não olhei para trás e continuei descendo. ㅡ O que foi maninha? ainda está brava com a Victória por ela ter mentido pra você.
ㅡ Ela riu ironicamente.

ㅡ Não se meta nos meus assuntos, Kimberly. Afinal, você conseguiu o que queria, ou você realmente acha que eu não sabia que você odiava que nós duas sempre estivéssemos juntas? Eu sempre te observei bem e sei do que você e a Florence são capazes. Eu até cheguei a pensar que nós poderíamos ser irmãs de verdade depois que você voltou, mas estava enganada. ㅡ Virei de costas para sair de casa.

ㅡ Eu nunca gostei de você sempre conseguir tudo o que quer. Nunca gostei de você ter roubado todo o carinho do nosso pai para você, de ter uma amiga como a Victória, odiava que você era disputada por dois caras lindos. E principalmente por um deles ser o cara por quem sempre fui apaixonada, desde a minha adolescência. ㅡ Kimberly falou com uma voz firme, a qual eu nunca tinha ouvido.

ㅡ Do que está falando? Ou melhor, de quem você está falando? - Arqueei uma sobrancelha e cruzei os braços curiosa para saber.

ㅡ Do William, de quem mais seria?

CONTINUA...

A Executiva de Nova Iorque Où les histoires vivent. Découvrez maintenant