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Enid estava emocionalmente frágil, mal havia podido sofrer pelo luto, ainda teve que lidar com a prisão e com o afastamento abrupto da pessoa mais importante de sua vida: "Sua sobrinha."

Ela sabia que deveria ter internado sua
mãe antes, mas ainda era nova quando
ela surtava e agredia as garotas. Se ela
pudesse voltar no tempo e modificar suas última semana, com certeza faria.

De forma alguma ela culpava sua
mãe por tê-la acusado, ela sabia que
aquela era apenas a doença falando e
que provavelmente Sthepany, após estar medicada, não se lembraria do que fez. Era sempre assim.

Enquanto Enid esfregava seu corpo, ela lembrava que sua mãe daria a vida dela pelos filhos. Se quando ela estiver medicada lhe disserem que matou seu
próprio filho, ela jamais se perdoaria. Enid sabia.

O barulho da porta sendo aberta fez
Enid encolher o corpo. Ela achara aquele presídio uma bagunça: As presas tinham que tomar banho com chuveiros lado a lado e sem uma parede para separá-las. Os policiais apenas davam uma hora de banho para todos do presídio, o que resultava em presas empurrando umas as outras para poderem tomar banho logo, acabando em briga quase sempre, afinal ninguém gostaria de ficar sem banho.

Uma falta de respeito com as presidiárias, afinal as líderes tomavam longos banhos e ninguém se atrevia a tocar nelas ou expulsá-las, perdendo então um chuveiro em potencial.

Enid deu sorte por ter conseguido entrar na hora que um dos banheiros estava mais vazio e agradeceu mentalmente por ter conseguido tomar um banho.

Seus olhos viram que o barulho na porta havia sido por outra presidiária. Era branca, cabelos azuis, olhos azuis também e muito linda aos seus olhos; aparentava ter seus trinta anos, aparentava ser tudo o que não era.

Mas Enid nunca havia julgado ninguém
pela cor e por isso ela fechou o chuveiro assim que viu a garota. Não queria encrenca e sabia que estar sozinha com qualquer uma poderia significar isso, uma vez que Bianca disse que muitas ali estavam de olho nela.

— Você é a novata, não é? – A garota
perguntou e Enid acenou em positivo,
pegando sua toalha e abrindo o plástico
dela, para logo envolvê-la em seu corpo.

— Sim. – Enid disse em um tom normal e a outra sorriu.

— Oh, não vai precisar dela. – A garota disse, se aproximando e tentando puxar a toalha do corpo de Enid.

A mais nova segurou com força sua toalha, pedindo a Deus para alguém aparecer, alguma policial escutasse caso ela precisasse gritar.

— Não dificulte isto! – A outra disse
contraindo o maxilar e Enid sentiu suas mãos tremerem. Não poderia ser
estuprada àquela altura da vida.

— Por favor, deixe-me ir. – Enid pediu,
não em tom suplicante ou que aparentava estar assustada, pois sabia que o medo mostrava às outras que já haviam ganhado.

— Tenho quinze mulheres que correm
comigo aqui dentro, você não gostaria
de me desrespeitar, não é mesmo? – Ela
perguntou, puxando com toda a sua força a toalha da mão de Enid e a jogando no chão, encharcando-a. As mãos brancas acariciaram a pele da cintura de Enid antes de levarem um tapa nas mãos.

Por que mais ninguém entrava naquela
merda? Pedido daquela ogra na sua frente?

— Não me toque. – Enid disse irritada e a garota riu, retirando a própria camisa, fazendo Enid engolir seco.

— Olha aqui... – Ela disse, passando a
rasteira em Enid e fazendo-a escorregar e cair de joelhos. O chão escorregadio não a ajudou a manter o equilíbrio. Ela iria se levantar, porém mãos em seu cabelo empurraram seu corpo para frente, fazendo seus seios e barriga tocarem o chão. Ela sentiu a mulher se sentando em suas costas. — A gente vai transar nessa porra e você vai gemer tão alto mesmo que não goste, está me ouvindo?

— Não. – Enid disse, sentindo o aperto em seu cabelo se intensificar. Uma das
mãos da garota escorregou pela lateral do corpo de Enid, mas o barulho da porta chamou a atenção de ambas.

Enid engoliu em seco e enrubesceu
quando viu que a dona dos olhos
escuros era a pessoa parada em frente
a elas, fuzilando com os olhos a pessoa em cima de Enid.

— Beatrice... – Wednesday disse com seu tom frio e seco.

— Eu só estava ajudando a novata, pois
ela caiu. – A garota disse, se levantando. — Não foi, novata? – A garota perguntou a fitando intensamente e Enid engoliu em seco, assentindo.

Sabia que dedo duro não durava na
cadeia, o corpo sempre era achado com
algum aviso sobre ter morrido por ter
abrido a boca, porém o culpado jamais
aparecia. A dona dos olhos escuros fitou furiosamente Beatrice, sem sequer piscar, tendo o mesmo olhar de volta da garota.

Como Bianca havia dito que se chamava? Wandynes? Windnesd? Wednesday? Isso! Wednesday. Enid pensou.

Os olhos escuros se estreitaram para
Beatrice, que cruzou os braços sem deixar de fitá-la.

Wednesday deu um passo a frente e, apesar de ser menor que a outra, ela não parecia intimidada. Seus olhos faíscavam. Elas travavam uma batalha intensa de olhares e Enid assistia tudo do chão.

Até que a mais alta piscou e suspirou,
abaixando a cabeça.

— Eu vou tomar banho em outro banheiro. – Beatrice disse e a outra assentiu seriamente, sem esboçar nada além de um olhar intimidante.

Enid se levantou assim que a garota
vestiu a camisa de novo e puxou sua
toalha encharcada no chão, olhando para ela tendo a plena noção de que ficaria molhada. Seria impossível se enxugar com aquilo.

— Isso fica comigo, não é? Eu adorei o
presente. – Wednesday disse com o maxilar trincado, puxando a toalha embalada da mão de Beatrice assim que a garota estava saindo.

— Claro. – Ela respondeu com o maxilar
trincado. — Pode ficar. – Terminou, saindo do banheiro a passos duros.

Os olhos de Enid, se abriram
ligeiramente pela surpresa de ver a outra lhe esticar a toalha seca.

— O-obrigada. – Enid disse, vendo a
garota assentir assim que Enid pegou
a toalha de sua mão. A maior rasgou o
plástico e removeu a toalha, a envolvendo em seu corpo.

Seu olhos acompanharam a outra a retirar sua roupa: Além de belas curvas, seus seios eram medianos e seus mamilos eram rosados.

Droga! Enid adorava seios! Eram seu
ponto fraco.

Após os longos segundos fitando os seios da outra, ela deixou de ficar focada na nudez alheia, estava apenas perplexa o suficiente, afinal havia sido ajudada por ela.

— Eu... me chamo Enid. – Ela se
atreveu a dizer, vendo aqueles olhos
perturbadoras lhe encararem.

— Bom para você, mas não me lembro
de ter perguntado seu nome. – Enid
enrubesceu e respirou fundo.

— Desculpe. – Ela pediu constrangida. — Com licença. – Disse, saindo dali e pegando o uniforme limpo na porta do banheiro com a policial.

Seu primeiro dia e quase foi violentada.
Uau. Faltavam apenas mais 179 dias.

Presa Por Acaso - WENCLAIRWhere stories live. Discover now