Capítulo 18

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Ken chorava e gritava enquanto era agarrado por Big. A dor era como unhas afiadas com chamas flamejantes nas suas pontas que rasgavam todo o seu ser. Estava com raiva, com ódio, com tristeza. Porquê que para salvar o amor da sua vida teve que perder o seu filho? Porque não poderia ficar com os dois na sua vida?

- Eu quero o meu bebé! Big, por favor, faz alguma coisa!

Big olhava cabisbaixo com um olhar destroçado.

- Sinto muito... não há mais nada que possa ser feito....

Big soluçou tentando conter as lágrimas que escorriam. Apertou ainda mais o seu amado contra si. Doía tanto que ele sentia que não iria mais aguentar.

- Não, não, não! - Ken gritou enquanto tapava os seus ouvidos com as mãos. - Não! Ele estava aqui, dentro de mim... estava protegido! Como pode ele ter morrido? - perguntou enquanto apontava para a barriga.

- Eu percebo o que está a sentir, senhor Kenneth. Mas durante meses que sofreu abusos e a sua gravidez tornou-se de risco. O que aconteceu há uma semana... fizemos de tudo ao nosso alcance!

- Fizeram tudo uma ova! Eu quero que ponha o meu bebé agora dentro de mim! Agora!

Big olhou choroso para Ken. Vê-lo assim fazia com que o seu coração se apertasse em múltiplas formas e sentia a culpa a consumi-lo.

Tentou abraçá-lo, mas fora empurrado violentamente. Ken começara a atirar todas as coisas da mesa de cabeceira e gritava repetidamente. Big chorava abraçando-se a ele próprio, chocado por ver o amado naquele estado e sentindo-se impotente por não o conseguir ajudar. Fechou os olhos com força quando os enfermeiros deram uma injeção para adormecê-lo.

Um por um, foram saíndo do quarto, deixando Big para trás. Chorava ainda quando pegara na sua mão. A outra afagava a sua testa de Ken, ajeitando o seu cabelo.

- Ken, perdoa-me por tudo o que te fiz de mal... se eu pudesse voltar atrás e dar a minha vida por ti...  - disse fungando - e por ele, eu o faria sem hesitar.... Amo-te tanto que não consigo suportar mais ficar longe de ti. Mesmo que tu não me queiras mais, por favor, deixa-me estar por perto... - disse soluçando.

Arrastou-se até ao cadeirão e abraçou o seu corpo tentado controlar os espasmos provocados pelos soluços descontrolados. Sentia o seu muco a escorrer até aos seus lábios, mas não se importou. Sentia que merecia tudo aquilo.

Passaram duas semanas desde que Ken abortara e Big passava o máximo de tempo que pudesse junto dele. Celestine deixara que Big permanecesse na sua casa. Sentia-se mais segura com a sua presença e desejava que Ken melhorasse. Desde que voltara do hospital que não falava com ninguém e afastava-se de todos.

Celestine recebia visitas do seu irmão Carl e de Margaret, bem como dos amigos do sobrinho. Ficava a observá-los e o seu coração apertava-se sempre que os via a serem ignorados ou quando expressavam sorrisos tristes. Mas sabia que eles nunca desistiriam de Ken.
Só Bob lhe conseguia arrancar um pequeno sorriso. Graças ao seu filho, o sobrinho voltara a falar e a sorrir de novo. Todos os dias, Bob fazia desenhos e aprendera a fazer bonecos de papel com Big. Todas as noites, depois de jantar, ficavam em cada ponta da mesa e inventavam histórias com os bonecos de papel, enquanto Celestine abraçava Ken e ficava maravilhada com o sorriso do sobrinho.

"Ele só precisa de tempo." Agora acredita que era possível.

Bocejou enquanto subia as escadas. Por muito que estivesse cansada, não dispensava a sua caneca de chá fumegante e o vapor que sentia nas suas mãos ao fim do dia.

Sorriu tristemente ao ver Big a dormir com a cabeça a pender por cima do ombro esquerdo. Celestine admirava-o por ele permanecer ao longo daqueles dois meses junto à porta do quarto do sobrinho. Nem por um momento, ela duvidou do amor que ele sentia pelo sobrinho.

BigKen - Depois da traiçãoWhere stories live. Discover now