XVIII- Calúnia
"Quando alguém apontar a arma na sua cabeça, aponte uma ainda maior."
A emoção é um estado do corpo; saber desvendar as reações que elas causam em um indivíduo, é um estado investigativo capaz de tornar inocentes em réus e culpados em vítimas, afinal é científico, o corpo contradiz as palavras e a verdade sempre estará estampada nas nossas caras. Um único olhar, um franzir de cenho, um engolir em seco, podem conceder uma condenação onde as palavras bem articuladas e consistentemente aplicadas lhe renderiam no mínimo o direito à dúvida.
Ao analisar as reações humanas, é preciso ter em mente que: a ausência de emoção é tão importante quanto a presença dela. Ser capaz de controlar o próprio corpo a ponto de ocultar a vista de todos ou ao menos confundi-los acerca da emoção que está lhe dominando em detrimento a alguma grande questão, é uma habilidade notória e altamente perigosa. Não se trata somente de fingir, de pôr negativas em palavras, ou encenar um orgasmo no meio de uma transa ruim. Dominar emoções é ser capaz de controlar reações involuntárias e espontâneas que qualquer corpo humano saudável não levaria segundos para entregar-se.
É não permitir que ele reaja ao ver seu amado parado à sua frente em um tribunal, no momento exato que seus expressivos olhos captam a sua imagem e você descobre que foi por ele enganado. Ou quando não reage com espanto quando percebe que falhou e deixou escapar por entre os dedos, detalhes, palavras, ações, que unidas, resultam na clara percepção de um motivo nobre por trás de ações torpes: uma filha.
Todavia, se ser capaz de controlar as reações automáticas do corpo é um atributo distinto, ser capaz de diferenciar quando um indivíduo está recorrendo a tal controle é uma virtude de poucos.
Park Jimin era um livro aberto, incapaz de camuflar suas emoções, ele fazia parte do grupo que não precisava usar palavras quando suas expressões de satisfação ou desgosto eram mais claras que um conjunto de letras ordenadas. Contudo, os anos de trabalho ao lado de um dos maiores advogados de Nova Iorque lhe rendeu experiência suficiente para saber quando deve ao menos tentar não ser tão óbvio, e aplicar as palavras corretas quando a situação exige.
— Sente-se, Sr. Park.
— Não será preciso, apesar da carona até aqui e da receptividade, não pretendo ficar por muito tempo.
— Recebemos uma denúncia, Sr. Park e-
— Por favor, me chame de Sr. Jimin, Sr. Park é o meu falecido pai.
— Sr. Jimin — A agente sorriu sarcasticamente —, não sairá daqui enquanto os fatos não forem esclarecidos. Sugiro que entre em contato com seu advogado.
— Sendo assim — Arrastou a cadeira disposta à sua frente —, eu aceito um café, e quanto ao meu advogado... — Sentou-se elegantemente cruzando as mãos sobre os joelhos. — Ele já está a caminho.
⚖️
Após a prisão de Jimin, o grupo se dividiu. Jungkook correu para o carro e seguiu em alta velocidade para o departamento de polícia de Nova Iorque, ignorando as diretrizes de trânsito ao dirigir enquanto falava ao telefone. Ele precisava informar as mudanças que ocorreram para o restante da equipe que aguardava em um outro veículo. Namjoon, Hoseok e Dora estavam a postos caso aquela primeira audiência exigisse a presença de alguma testemunha vital para corroborar continuidade do processo.
E a matriarca da família Davis era a base, paredes, pilares e cobertura daquele julgamento.
— Eles estão aprontando algo, Hoseok.
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O Amor no banco dos Réus
FanfictionTAEKOOK | TRIBUNAL | +18 Jeon Jungkook; advogado, sócio nominal de uma das maiores empresas de advocacia de Nova Iorque. Extremamente inteligente, persuasivo, confiante e muito atraente. Trajando finos ternos, tem o tribunal como uma arena e julgame...