Turpis causa

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Capítulo X- Turpis Causa

"Não é vingança, é a lei de Newton: Para toda ação há uma reação."

Dezembro de 2016

Taehyung nunca teve problemas em ir a hospitais, estava constantemente fazendo exames de rotina, acompanhou de perto todo o pré-natal de Helena, e com as consultas periódicas da pequena Sofia. Já estava acostumado com o ambiente silencioso, de paredes brancas, com cheiro de remédios e produtos fortes de limpeza. Porém, naquele dia, um acontecimento mudaria isso tudo.

A vida era como o bater de asas de uma borboleta, belo, delicado e inesperadamente poderoso. Em frações de segundos algo encantador e fundamental como as asas de um pequeno inseto pode mudar o rumo de uma vida. Algo como uma batida de um coração que não acompanhou o ritmo das outras, causando um desequilíbrio em um sistema motriz que nos mantém vivos, ou como uma decisão impensada que desencadeia o que conhecemos como efeito borboleta.

Se uma borboleta bater suas asas na hora e lugar certo, pode gerar um furacão a milhares de quilômetros, como um detalhe, um movimento, uma ação que pode mudar tudo.

"— Ele está bem, Jonnie, foi só um susto.

O cérebro tentava captar as imagens enviadas pelos olhos cansados na tentativa de localizar-se naquele corredor que parecia idêntico a todos os outros, ao mesmo tempo que processava e repassava as informações ao irmão pelo telefone.

— Se não quiser, não precisa vir assim com tanta pressa, se organiza primeiro. Ele ficará em observação no quarto, o médico disse que se o quadro não mudar, ele terá alta em três dias.

Uma decisão. Quem sabe tivesse sido a de não correr novamente naquela manhã, ou a de ficar até um pouquinho mais tarde no trabalho, ou até mesmo de pular uma refeição. Era impossível saber com exatidão, qual bater de asas foi o responsável pelo princípio de infarto que seu pai sofrera, qual teria sido a decisão que fez seu corpo formigar, seu peito doer, sua pele suar frio e seus sentidos apagarem, levando-o ao chão em meio a uma reunião de negócios ao final da tarde, e posteriormente, desencadear a repulsa pelo ambiente que Taehyung nunca teve, mas que criou ao ver o rosto pálido de seu pai deitado no leito daquele hospital.

O medo da perda e o entendimento de que aquele lugar que monitorava e devolvia vidas, era o mesmo que muitas partiam, o fez criar um desejo de não precisar mais pôr os pés em um lugar como aquele, tampouco deixar que a sua vida o guiasse até um leito de hospital também.

— Gracias a Dios ya nuestra Señora de Guadalupe, ele foi socorrido a tiempo.

Havia conseguido encontrar o quarto onde o pai estava e falava baixinho para não acordá-lo e nem a mãe que estava repousando em uma poltrona super desconfortável, porque apesar da insistência de Taehyung, ela se recusou a ir para casa. Queria estar perto do marido quando ele acordasse.

— Eu vou precisar da sua ajuda, Jonnie. A gente viu como foi a vida do papá sempre dedicada àquela empresa, ele não parava em casa e a nuestra madre mesmo sentindo falta dele presente, era compreensiva, afinal, era o sonho dele, mas, eu não sei se quero essa vida para mim, não, hermano. Quiero disfrutar de mi hija, mi mujer y hacer lo que me gusta.

— Já passou da hora do nuestro padre se aposentar, mas ele estava esperando por um de nós dois para assumir tudo. Ele entendeu quando expliquei para ele que não era aquilo que queria para mim. Ele vai te entender também, hermanito, vamos conversar, eu, você e a mamá, certo?

— Certo. — Deixou o corpo relaxar um pouco sobre a cadeira próxima ao leito do pai. — Quando ele estiver melhor e você chegar aqui, vamos convencer esse cabeça dura que já está na hora dele parar e finalmente realizar o sonho de nuestra madre de viver tranquilamente no campo. — Sorriu olhando a progenitora que remexia-se buscando conforto na poltrona. — Dona Rosetta também merece realizar seus sonhos.

O Amor no banco dos RéusOnde histórias criam vida. Descubra agora