O domingo seguia sem maiores intercorrências e tudo estava aparentemente ameno.
Juliette seguiu muito bem e Rodolffo ao seu lado a auxiliando. Seu Lourival esteve em casa, mas se limitou a falar pouco. Até mesmo Fátima tinha as palavras contidas. Havia no ar uma certa tensão e isso era bem sentida por todos que ali estavam.
Juliette pegou o telefone e viu que não tinha nenhuma mensagem ou ligação. Ela esperava que sua nova amiga perguntasse sobre seu estado de saúde, mas isso não aconteceu.
Juliette: Rodolffo, tu sabe da Thaís? Ela sumiu.
Rodolffo: por que raios eu deveria saber daquela mulher? Eu não sei nada dela. - disse abusado.
Juliette: nossa... Que brutalidade é essa? Ela é minha amiga.
Rodolffo: ela não é tua amiga.
Juliette: é sim. Não sei por que você implica com ela.
Rodolffo: eu não confio na Thaís. E tem mais... Ela esteve lá em casa sexta-feira a noite e ela sabia bem que eu estaria sozinho lá.
Juliette: Rodolffo... Por que ela foi lá?
Rodolffo: eu não sei. Mas eu despachei ela e tem mais, proibi dela subir no apartamento. Entrada bloqueada.
Juliette ficou olhando para ele incrédula.
Juliette: tu não gosta mesmo dela, parece que tem medo... Acaso tem receio que ela possa te agarrar? Por que não há motivos para uma implicância dessas.
Rodolffo olhou para Juliette estreitando os olhos. Não era possível que ela estivesse perguntando uma coisa dessas.
Rodolffo: eu não tenho medo dela me agarrar por que ela não é nem doida de fazer isso. Eu vivi anos sozinho e nenhuma mulher veio pra cima de mim e me agarrou. Mas sabe do que eu realmente tenho medo na Thaís? Da má influencia dela sobre você, disso eu tenho medo.
Juliette: eu não sou influenciável. Deixa dessas coisas. Tu tá sendo muito sem noção dizendo isso.
Rodolffo: ah eu sou sem noção? Tá ótimo. Eu fiz de tudo para vir para cá ontem o mais rápido que deu, e desde que pus os pés aqui nós estamos discutindo por tudo, até por uma sopa... Agora pela chata da Thaís. Sabe Juliette, eu não quero mais conversar.
Juliette: eu muito menos. Mas saiba que vou falar na portaria que libere a entrada da Thaís.
Rodolffo: vou pedir a transferência dela imediatamente. - ele disse duro. - ela vai embora de João Pessoa.
Juliette: tu não pode fazer isso.
Rodolffo: posso e tenho poder para tanto, uma única vez na vida vou usar.
Juliette: tá vendo... Tu foi conviver com teus pais por isso ficou assim. - ela disse se segurando aos lençóis.
Rodolffo: Juliette pare... Pelo o amor de Deus só pare.
Juliette: seus pais são uns monstros. Isso é o quê eles são. - ela disse com raiva.
Rodolffo: eu não vou aceitar que fale assim deles.
Juliette: e vai fazer o quê? Vai me obrigar ou me transferir?
Rodolffo saiu do quarto e bateu a porta. Passou pela sala e encontrou seu Lourival e dona Fátima de olhos arregalados e testas franzidas.
Ele não deu explicação alguma e saiu no carro. O seu tão evidente equilíbrio havia se ido. Ele odiava quando perdia a paciência e ficava enfurecido, mas naquele momento se ele não saísse talvez algo irreparável fosse acontecer. Era necessário respirar outros ares.
...
Enquanto isso Fátima correu ao quarto e amparou Juliette que estava chorando.
Fátima: calma meu amor. Tenha calma.
Juliette: Rodolffo é um bruto mainha. Ele quer mandar em mim, em tudo. Eu não aceito.
Fátima: meu Deus... Juliette ele não é assim.
Juliette: mas ele não quer minha amizade com Thaís. Ele bloqueou a entrada dela. Ele acha que é quem para fazer isso?
Fátima: Juliette, eu preciso lhe fazer uma pergunta franca... Tem certeza que gosta mesmo de Rodolffo?
Juliette: claro que eu amo ele.
Fátima: eu lembro de quando vocês eram mais novos, ele sempre foi equilibrado e sensato desde muito novinho. É claro que ele também era um rapaz ingênuo, mas ele sempre te dava ótimos conselhos e nunca vi você reagir dessa forma com ele. Questionar e bater de frente por uma coisa sem lógica.
Juliette: não é sem lógica. Ele pegou a menina para Cristo, isso é injusto.
Fátima: isso por que ele nem sabe do conselho dela para ti. Cuidado Juliette. Eu acho que ele está certo em tudo que está fazendo, mas você está ruindo seu relacionamento por quem não vale a pena. Se esse homem desiste de tu, dessa vez não poderá culpar os pais dele... Lembre-se disso.
Juliette ficou pensativa com as palavras de sua mãe. Ela sabia que seu companheiro sempre foi equilibrado mas julgava que o encontro com seus pais o tinha envenenado contra ela.
...
Continua.