Casablanca sempre achou que sabia de tudo e que nada poderia tocá-lo ou sequer ameaçá-lo, entretanto, ao conhecer Letícia Oliveira, o agiota viu sua vida virando de cabeça para baixo, mas em um sentido bom.
Dois meses após dizer "eu amo você" para...
Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.
O cheiro de álcool invadiu as narinas como a pior das sensações, onde cada pedaço de seu organismo estremeceu ao receber o estímulo ruim. Olhou ao redor notando as atendentes conversando, a fila imensa que ia se formando logo atrás de si, o descaso.
Mas Bernardo não pagava uma fortuna de convênio para passar raiva. "Problema no sistema", eles lhe disseram, mas ainda sim, não pareciam mover um único músculo para resolver a situação, e Heloísa, estava ardendo em febre.
Respirou fundo tentando não xingar Deus e o mundo, cruzou os braços e girou o corpo, encarando a trevosa próxima do bebedouro, tentando tomar um gole de água enquanto a pequena tentava roubar seu copo.
Bernardo tinha dito para ela ficar em casa e descansar, mas Heloísa estava em uma fase que apenas Letícia conseguia acalmá-la.
Quando não queria comer, dormir ou fazia algum tipo de birra pelo apartamento, bastava Letícia surgir com um sorriso na face e os braços erguidos. Era ridículo pensar que nem Casablanca era capaz de fazer alguma coisa, pois quando tentava, era recebido por um "iê".
Quando a atendente surgiu com a informação que eles poderiam finalmente passar pela triagem, o homem quase soltou um "finalmente", mas se limitou a apenas agradecer e sorrir. Caminhou até a namorada observando um dos seguranças surgindo para falar consigo.
— Mãe, você pode sentar se quiser — disse calmamente, salientando o fato dela estar mais de vinte minutos em pé com a criança no colo.
Fora exatamente naquele instante, onde Letícia se mantinha descabelada pelas brincadeira de Helô, a maquiagem levemente borrada e com um sorriso gentil na face, que tudo mudou.
— Mama — a pequena balbuciou de forma confusa e tão aguda, o braço levantado tentando pegar na franja da mais velha.
Letícia encarou o namorado com ambas as sobrancelhas erguidas, os lábios entreabertos, e uma linha curva crescendo logo em seguida. Foi como se as batidas de seu coração tivessem ainda mais intensas, onde a simples palavra ia ecoando por sua mente como a melhor dose de serotonina que recebera nos últimos meses.
— Mamãe precisa descansar — a voz de Bernardo cresceu na sugestão, se aproximando sorrateiro, analisando território e erguendo os braços para ver se Heloísa queria ter contigo, o que obviamente não quis.
Não ironicamente, Letícia Oliveira nunca quis filhos. Vinha de uma linhagem fodida demais para sequer pensar positivamente no assunto.
Claro que conseguia crer que seria uma boa mãe, pois apenas a ideia de ser semelhante a Lucinda, lhe causava ânsias, contudo, pôr um bebê no mundo era complicado demais. Enquanto estivesse na fase de Heloísa, tão pequena e serelepe, dengosa e brincalhona, estava tudo certo, mas a pergunta principal sempre foi: você quer mesmo pôr um ser humano no mundo em vista que a fase de bebê passa em dois anos?
