cap. 2

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                ____Wanda POV____


O sol já estava saindo de detrás das nuvens quando meus olhos, que malmente fecharam durante a noite, abriram-se de vez. No meu relógio de pulso marcavam 04:47 AM. Olhei para baixo, em volta, para garantir que não havia alguém e então não tardei a descer da árvore.  Praticamente engoli de forma apressada mais duas barrinhas de ração, aquilo seria o suficiente para manter minha energia até a minha próxima e breve parada que será em algumas horas.

Arrumei a mochila nas costas e respirei fundo uma, duas, três vezes, e então me pus a correr como se minha vida dependesse disso e... bom, depende.
Eu olhava ao meu redor o tempo todo, sempre atenta e me esgueirando por todo canto. É irônico porque se parar pra pensar, eu estou agindo como um caçador, mas, na verdade, a presa sou eu.

Assim como nos sete dias anteriores eu corri por horas, sempre parando por alguns breves minutos para não desmaiar ou quando sentia minha pressão baixando, e claro que sempre alternando entre corridas e caminhadas apressadas. Minha perna esquerda já começara a falhar novamente e mais uma vez eu me vi chorando enquanto continuava a correr.

"Quando sairmos, pegaremos o carro e seguiremos pelas estradas de barro próximas à floresta, é mais seguro pois não tem tanta civilização. Caso dê problema com o carro, seguiremos a pé, ao norte, por dentro da floresta até atravessarmos e encontrarmos o Park. De lá seguiremos o mapa." Foram as instruções que meu pai me passou pelo menos umas 10x antes de deixarmos nosso esconderijo, e desde então é só o que tenho feito. Seguido para o norte por dentro da floresta.

Ele estava certo, não há civilização, pelo menos não encontrei nenhum ser vivo ou...morto? Enfim, estou completamente sozinha desde que meu pai morreu. Não há sequer animais, a não ser os pássaros que por sorte conseguem se manter longe do solo por algum tempo e são as únicas coisas que me dão esperança de que não estou sozinha nesse mundo. Isso seria impossível, certo?

Metade da manhã já tinha se passado e eu pingava de suor, minhas pernas já tremiam e eu sei que a medida que os dias foram passando, eu fui enfraquecendo cada vez mais sem refeições sólidas e a hidratação necessária. Não sabia quanto tempo mais aguentaria correr ou sequer caminhar, meu corpo implora por água e parece que carrego cimento em meu estômago. Vez ou outra minha visão embaça ou escurece e é aí que eu percebo que preciso parar outra vez.
Nos primeiros dias não era tão difícil, claro que eu precisava parar de correr mas ainda assim não parava totalmente e seguia caminhando com pressa. Agora eu preciso parar completamente e me escorar em alguma árvore a cada 10 minutos de corrida e isso me preocupa.

Nesse exato momento preciso parar novamente pois minha visão turva me impede de enxergar 5 palmos a minha frente. A floresta pela manhã é ridiculamente quente, é como se ela puxasse todo o calor externo para dentro de si e tentasse cozinhar qualquer coisa que infelizmente estivesse ali. Decidi sentar, pela primeira vez, desde que desci daquela árvore. Puxei a garrafa de água de dentro da mochila e bebi um dos 4 últimos goles que ali restava. Era isso, eu preciso sair dessa floresta hoje ou morrerei de desidratação e toda essa merda não vai ter valido de nada.

É com esse pensamento que guardo a garrafa e me ponho de pé novamente, agora será tudo ou nada e eu correrei até que minhas pernas se soltem do meu corpo. Aperto a mochila em minhas costas e estou prestes a voltar para a trilha quando escuto um barulho, barulho esse que não vem dos pássaros ou da minha cabeça.

Meus olhos se arregalam tanto que a sensação que tenho é que vão cair de minhas órbitas oculares, de repente sinto toda a coragem que eu tinha se esvaindo pelos meus dedos. O barulho de algo se arrastando lentamente ecoa novamente, as folhas secas no chão se quebrando a cada passo sôfrego que é dado. Olhei em volta, procurando de onde vem, até que avisto uma criatura meio curvada a uns 15 metros de distância. Ele não parece ter um objetivo, apenas vai para onde suas pernas tortas o levam.

Among The Dead.   [Wandanat/Wantasha]Where stories live. Discover now