𝒪ne

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                        𝐎 𝐂𝐎𝐌𝐄Ç𝐎

𝐉𝐈𝐌𝐈𝐍

Normalmente os dias de quarta são os mais calmos, não havia tanta saída de bebida e nem tantos corpos balançando na pista de dança o que é bom pra mim que tenho uma noite tranquila de trabalho servindo uma quantidade mínima de bebida, consequentemente aturando um número menos de bêbados sem vergonha. Mas infelizmente hoje está lotado, perdi as contas de quantas bebidas servi antes da meia noite, além de todas as investidas horríveis que recebi mesmo sendo um omêga marcado. Bom, não é como se eu me orgulhasse dessa cicatriz horrível na minha pele, mas eu não tenho muito o que fazer. Estou preso a Ji-hoon para o resto da minha vida.

- Ei gracinha manda mais uma! - O beta a minha frente levanta o copo indicando meu pedido, logo o acatei sem olhar. - Você até que é bonitinho. - Seu hálito chegou até mim - Eu vi essa marca ai, mas não ligo muito sabe? A gente pode se divertir aqui. O que acha? uma rapidinha no banheiro?

Situações como essas são corriqueiras aqui, pessoas desse tipo vem aqui em busca de sexo ou qualquer coisa ilícita. A Heart Of Glass é mais que uma boate, eu sei, existe toda essa fachada comum, mas sei que existe um depósito com armas no fundo. Descobri por um acaso quando - no fim do meu expediente - fui colocar algumas garrafas de vidro quebradas na lixeira e vi Jung Hoseok - um dos sócios - fiscalizando a entrega, sei o que era porque ele abria os caixotes e pegava algumas. Nesse dia voltei para casa decidido a me demitir, mas as circunstâncias não me permitiram. Meu pequeno Félix havia chegado aos seus dois meses e ficou doente, então tive que continuar aqui.

Enquanto limpava o balcão senti um cheiro intenso de canela me cercar. Levantei meu rosto ficando frente a frente com um alfa alto, olhos negros e um sorriso cafajeste mirados para mim. Ele cruzou os braços no balcão enquanto se sentava à minha frente, mesmo usando uma jaqueta de couro podia ver os músculos de seus braços flexionarem. Engoli em seco.

- Whisky, por favor - Apesar do barulho consegui ouvir sua voz com clareza. Suave e marcando como tudo nele.

Servi evitando manter contato visual. Voltei a fazer meu trabalho preparando mais bebidas sentindo seu olhar queimar minha pele. Fui de um lado para o outro constrangido com essa atenção, mas tudo pareceu sumir quando senti a marca no meu pescoço arder, levei minha mão até ela. Normalmente isso acontece nos fins de semana quando Ji-hoon - meu alfa - fica fora gastando dinheiro com bebidas e prostitutas baratas pouco se importando como tudo isso vai me afetar ja que somos acasalados. Fechei os olhos reprimindo um gemido doloroso, ele estava novamente tentando marcar outro alguém.

- Tá tudo bem Park?

Olhei para o lado e vi Hoseok com seu usual terno, ele parecia preocupado.

- Ah, sim, sim. - Menti, ninguém realmente precisa saber.

- Hum, ok. - O ômega mais velho não pareceu acreditar - Pode sair mais cedo se precisar.

- Não, está tudo bem. - Forcei um sorriso e voltei às minha atividades.

Desde que tive meu primeiro cio soube que nada seria facil para mim. Meu pai sempre foi ausente se importando mais em jogos e em trair a mamãe, ja ela -uma beta- odiava o fato de eu ter nascido ômega e constantemente dizia que eu viria a ser prostituta dentre outras coisas nada agradáveis. Quando eu fiz dezesseis anos, papai trouxe uns amigos para jogar, mamãe parecia mais uma empregada os servindo e eu me mantive quieto a ajudando, talvez esse tenha sido o meu erro. Ji-hoon estava lá com o meu pai. Lembro do seu olhar nojento sobre mim, das suas mãos asquerosas apalpando minha bunda arrancando gargalhadas de todos e lágrimas de mim.

Com o tempo isso foi se tornando pior, suas visitas se tornaram frequentes e nada disso parecia incomodar meus progenitores, então em meio a uma aposta Ji-hoon pediu para passar heat comigo caso ganhasse, meu coração se partiu quando vi papai aceitar a oferta mais uma certa quantidade de dinheiro e quando ele perdeu a unica coisa pela qual lamentou foi a perda do bem material. Pouco tempo depois fui arrastado até a casa daquele alfa nojento que tocou em mim como bem entendia durante cinco longos dias e ousou me marcar. Chorei tanto, soube que minha vida tinha acabado ali, conviver com ele foi inevitável, principalmente porque dois meses depois descobri estar esperando um bebê então prometi a mim mesmo fazer de tudo para que minha criança nasçer bem e que nunca tenha a vir de passar pelas mesmas dores que eu.

Hoje meu pequeno alfa Félix tem seus adoráveis seis meses e faço o que for preciso para lhe manter seguro.

Heart Of GlassWhere stories live. Discover now