Stefan

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"I'm tired of feeling like I'm fucking crazy
I'm tired of driving 'till I see stars in my eyes
It's all I've got to keep myself sane, baby."
- Ride - Lana Del Rey

A Mv Agusta flutuava na autoestrada. Os cabelos de Simone esvoaçavam ao vento. Eu usava seu capacete após inúmeros protestos. Não que aquilo fosse certo, mas ela garantiu que seria cuidadosa, e não teríamos problemas com a polícia. Eu segurava na cintura dela com muito receio. Nunca gostei de motociclos.

Vez ou outra, ela massageava minhas mãos, e sorria, divertindo-se as minhas custas. A moto virou a Rua Rosecrans, apertei os olhos e belisquei o ventre dela. Pegamos o elevado em direção à praia de Manhattan. Ao passarmos pela Rua 27, encontrava-nos acima de Manhattan Beach Art Center, a apenas alguns quarteirões do Pier.

A rua em frente ao pier dava acesso a um estacionamento público. Simone estacionou a moto, e eu desci o mais depressa possível. Tirei o capacete, e o pendurei em um dos braços. Respirei fundo. Minhas pernas estavam dormentes, mas eu estava imensamente feliz.

- Praia? É sério? - eu perguntei, ajeitando os cabelos.

- Praia deserta. - corrigiu com um sorriso diabólico, mas o desfez me puxando pela cintura.

Perdi a noção da hora, aliás, quando eu estava ao lado de Simone tudo a minha volta tornava-se inexistente. Ela roubava o foco de tudo, de todos, por ser simplesmente ela.
Arranquei as minhas botas, Simone fez o mesmo com o seus sapatos. Subimos a calça até a altura do joelho, e afundamos os pés na areia.

A areia, sob meus pés, parecia massageá-los a cada passo que dava, e eu não podia furtar-me ao sorriso de prazer que isso me provocava. Senti vontade de sair dançando, de tanta alegria. Mas preferi voltar-me para Simone e segurar a mão que ela me oferecia. Caminhamos juntas por entre as pequenas ondas que vinham beijar a areia.

- Como você se sente? - Simone quebrou o silêncio, virando o pescoço para me fitar.

- Não sinto minhas pernas. - brinquei. - Sendo assim, me sinto horrível.

- Você sente frio? - seu rosto estava confuso. Ela definitivamente não havia entendido a minha brincadeira.

- Eu estava brincando. Estou me sentindo estranhamente bem. E temo por isso.

- O mundo a nossa volta é complicado, mas não vamos falar dos problemas.

Eu a puxei para mais perto, e a beijei rapidamente. Seus lábios estavam quentes, os meus estavam frios por conta do ventinho gelado.

- É bom tê-la aqui. - eu afastei um pouco o rosto. - Senti a sua falta, e ainda sinto.

- Eu sou explosiva quando alguém extrapola comigo. - olhou o horizonte. Senti falta da atenção de seus olhos, e assim sendo, acompanhei o seu olhar. - Eu não queria manda-la embora daquele jeito. Desculpe-me.

- Eu devo-lhe um pedido de desculpa por mexer em suas coisas. - seus olhos voltaram-se para mim. Senti meu rosto se incendiar. - Foi impensado, e totalmente grosseiro.

- Assim como convidar Janja para ir a minha casa as escondidas. - disse, suavemente.

- Ai meu Deus! - escondi o rosto, entre as mãos. Eu sorria, apesar da vergonha que sentia. - Desculpe, Simone... - olhei-a por entre as aberturas dos dedos.

- Eu dei-lhe o troco. - puxou minhas mãos, para olhar meu rosto por completo.

- O que isso quer dizer? - diminui o sorriso.

- Eu invadi o seu apartamento, mas você não estava... Foi idiota.

- O que? Foi você quem entrou em meu apartamento com aqueles homens? - diante de minha pergunta, Simone sorriu, e elegantemente, soergueu a sobrancelha.

Too Close | Simone & SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora