○ Capítulo 1 - Rocinha ○

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(Play) Desabafo/ Deixa eu Dizer - Marcelo D2

Camila Pov

Ah meu Rio de Janeiro...essa terra tão bonita cheia de coisa boa, tinha como eu não ser mais apaixonada? Ser Carioca da gema estava correndo nas minhas veias.

Talvez esse fosse meu pensamento quase todos os dias toda vez que eu acordava e podia olhar da janela da minha casa a cidade maravilhosa.

Bom, isso nos dias que eu descidia acordar sozinha e cedo, já que minha mãe tinha uma mania chata de desligar meu ventilador pra me acordar, como ela está fazendo hoje...

- Bora Camila! Levanta dessa cama, já são dez horas! - Escutei sua voz mandona enquanto desligava o ventilador me fazendo sentir o calor que era meu quarto sem ele.

- Mãe são oito e meia.- Falei tediosa olhando para a hora no meu celular, mas tinham uma mania de acelerar as horas só pra nós fazer sentir algum tipo de vergonha por acordar "tarde".

- Não interessa, levanta que daqui a pouco você vai pro seu trabalho.- Escutei sua voz ficando distante novamente, eu estava dormindo de novo, talvez só mas uns minutinhos...- CAMILA!

- Ai já vou! Meu Deus do céu! - Me irritei retirando o lençol de cima de mim, pois é tinha dias que um "bom dia" fazia um pouco de falta.

Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo e fui até o banheiro do corredor, já que na minha casa só tínhamos esse banheiro, quando ia abrir a porta ela estava trancada e suspirei batendo na mesma.

" Filha calma aê que Papai tá soltando um barro."

- Eu não precisava escutar essa Pai.- Falei fazendo uma careta e escutando sons nada agradáveis. Acabei indo para a cozinha, pão cascudo, cheiro de café forte e manteiga na mesa, uma beleza.

- Levantou né preguiçosa? - Minha irmã Sofia falou risonha e eu lhe dei língua, me sentei na mesa e peguei a faca pra cortar o pão e passar a manteiga.

Enquanto comia pude escutar passos se aproximando da cozinha e logo vi meu pai, bigode feito e cabelos úmidos depois de um banho.

- Agora eu tô zerado e pronto pro dia.- Falou esfregando as mãos uma na outra, deixou um beijo no topo da minha cabeça e outro na de Sofia.

- Amor não esquece o dinheiro da conta Luz.- Minha mãe falou enquanto servia um café na xícara pra ele.- Esse mês veio bem alta.

- Faz gato net ué.- Sofia sugeriu dando de ombros, e meus pais lhe olharam de forma brava.- O que foi?

- Somos uma familia honesta Sofia, não fazemos nada dessas coisas entendeu? - Meu pai falou de forma séria e ela encolheu os ombros assentindo, ah esses adolecentes de hoje em dia...

- Hum, Camila mais tarde eu preciso que vigie a casa aqui, vou em uma entrevista de emprego lá em Ipanema.- Ao ouvir aquilo praticamente todos nós a olhamos surpresos.

- Ipanema?! Terra dos burgueses?! - Sofia perguntou com um sorriso enorme no rosto e minha mãe assentiu.- Entrevista pra que?

- Empregada doméstica em um apartamento, uma família cheia do dinheiro.- Falou fazendo um gesto qualquer com a mão.

- Já pegou o endereço? - Perguntei ainda surpresa com aquilo e ela assentiu.

- Moram na frente da praia, um luxo não é? É a família Jauregui.- Minha mãe fez uma voz engraçada imitando uma madame, o que nos arrancou risadas.

Depois do café da manhã eu tomei um banho e me arrumei pro meu trabalho, eu era uma atendente de loja de roupas, bem pequena na nossa comunidade da Rocinha.

Garota de Ipanema - CamrenWhere stories live. Discover now