Capitulo 3 A queda de um reino, e o nascimento de uma Raça.

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No alvorecer da era dos homens, alguns séculos após o Cataclisma, os grandes reinos humanos prosperavam por todo o continente. Mas um, em especial, mostrou ter mais pretensão e ambição para a grandeza. O reino em questão se formou na encosta da cordilheira Presas do Dragão, e seu território se estendia desdê os pântanos de Korgal, passando pelos campos verdejantes e chegando por fim na passagem das montanhas gêmeas. Leturia era o nome deste reino e sua rápida ascensão era devida em grande parte por seu último monarca. Alduf Rermach.

 O grande rei era adorado por seus súditos e por conta desta adoração toda, quase beirando a veneração, Rermach se tornou extremamente vaidoso e orgulhoso. Seu governo ficou conhecido pela ostentação e exaltação dos prazeres carnais e desejos materiais. Seu povo era constantemente mimado com comemorações e grandes festividades, tornando-se assim um povo ignorante e mesquinho, como seu líder. Os plebeus dos reinos vizinhos escutavam sobre tudo que acontecia naquelas terras e enxergavam Leturia como o paraíso na terra, mas eles não entendiam como a depravação estava instaurada naquele reino. E como a máscara de rei generoso e bondoso que Alduf mantinha, na verdade, escondia os pensamentos e desejos mais repulsivos que o homem poderia ter.

 Se havia algo que pudesse trazer essa escuridão a tona, isso, eram os Élfos. Alduf simplesmente não conseguia aceitar que os élfos fossem naturalmente mais belos, sábios, talentosos e com atributos físicos superiores aos dos humanos, mesmo que fossem criação de Lethos e possuíam a benção de Voltham. A inveja no coração do rei de Leturia crescia sem tamanho, e com isso, Alduf passou a envenenar o coração de seu povo com palavras carregadas com ódio e intolerância, e aqueles, que assim como ele, estavam cegos pela arrogância e vaidade passaram a odiar uma raça inteira simplesmente por existirem. Sob a influencia de seu rei o povo deixou de comprar e negociar com comerciantes élficos, fazendo com que muitos caíssem na miséria e se tornassem mendigos, abandonados nas sarjetas das grandes cidades. Depois, como se já não bastasse, deu-se inicio a segregação do povo élfico; famílias inteiras foram separadas e forçadas a viverem em distritos isolados tomados pela peste, pobreza e o abandono.

 Muitos anos se passaram e a natureza pacífica dos élfos fazia com que muitos permanecessem submissos a tirania de Alduf, e os humanos que discordassem da visão destorcida do monarca acabavam sendo aprisionados e sofrendo com o mesmo destino dos élfos. Os boatos e histórias se espalharam pelos reinos vizinhos e Leturia começava a perder seu status de paraíso na terra. No ápice de sua insanidade, Alduf ordenou seu ato mais cruel. Julgados como inferiores e uma praga para o mundo os élfos foram sentenciados a morte. Homens mulheres e crianças tiveram suas vidas ceifadas em um genocídio sem precedentes. Este extermínio em massa ficaria marcado na história como " O expurgo Élfico". O resto do continente assistindo a atrocidade que Alduf e seus seguidores haviam iniciado, decidiram por um fim naquilo. Os povos mais diferentes se juntaram aos élfos rebeldes, e até mesmo os vampiros vieram em auxilio deles. Porém, mesmo com a união do reino dos homens, élfos e dos filhos da noite; Leturia se provava ser muito mais poderosa do que se pensava. E o monarca louco ainda não se importava de recorrer as artes das trevas para manter sua superioridade no campo de batalha.

 Centenas de milhares de élfos encontraram refugio na floresta antiga enquanto o expurgo só ganhava mais força. Anos se passaram com a crueldade humana se superando em encontrar as formas mais hediondas e atrozes de assassinar vidas inocentes. O ódio de Alduf, que havia começado contra uma raça, abriu portas para quê outras pessoas que também nutriam algum tipo de intolerância contra criaturas e seres mágicos se sentissem no direito de caçar e exterminar tais seres. O continente se encontrava em caos novamente, começando a se assemelhar aos tempos do Cataclisma. Lethos assistia a ação dos homens com pesar no coração, ainda assim, o deus tentava alcançar as almas daqueles perversos homens, fazendo-os se arrependerem de seus pecados e buscarem perdão. Lothar, por outro lado, estava fulminando de raiva; uma ira que não sentia desde a guerra contra os demônios. Sua vontade era fazer chover fogo sobre Leturia, extinguindo aquele mal da terra de uma vez.

 Porém Lethos e seus pais apaziguaram a fúria do deus, pois seu amor pela criação superava o resquício do maligno deixado no coração dos homens pelas sombras do vazio. Mas Lothar sabia que aquelas violações precisavam de uma resposta divina, pois nem mesmo os reinos se aliando conseguiriam vencer Leturia. Então, convencido disso, Lothar lançou uma maldição sobre todo o reino e os simpatizantes do rei. A monstruosidade interna daquelas pessoas deveria se sobre sair a vaidade, elegância e civilidade que usavam como máscaras para esconder sua verdadeira natureza; e da noite para o dia os corpos deles se transformaram. Grandes chifres retorcidos emergiram de seus crânios, seus olhos tomaram as cores mais maliciosas e vis, assim como marcas e listras percorriam seus corpos. Seus dentes se tornaram presas e suas unhas garras, por fim, uma longa e escamosa calda draconiana cresceu da base de suas costas.

 Alduf e seu reino ficaram a beira da insanidade sem conseguirem aceitar suas novas formas, e isso, foi o que os reinos aliados precisavam para contra-atacar. Enquanto o exército de Leturia estava perdido e sem as ordens de seus comandantes as forças aliadas avançaram até a capital e depuseram o reinado de Alduf. Aquela foi a queda do reino de Leturia; o paraíso na terra para alguns e o inferno na terra para outros. E com a queda veio o nascimento de uma nova raça, a qual ficaria conhecida como Drakefolk; "os filhos bastardos de Lothar". O continente voltava a se reconstruir mais uma vez e os Drakefolks sobreviventes se viram obrigados a fugirem e viver isolados nos bosques, florestas e vales. Os opressores tomaram o lugar dos oprimidos, e com o tempo, eles descobriram que a maldição de Lothar havia se estendido pelas próximas gerações. Muitos anos se passaram com eles vivendo como nômades selvagens, e até o expurgo élfico se tornar uma lembrança sombria de suas histórias. Assim, Lethos percebeu que o castigo dos Drakefolks já poderia terminar, e que as novas gerações não possuíam a maldade e intolerância dos tempos de Leturia enraizados em seus corações. Ele foi o mediador entre os povos e mostrou que aqueles novos seres não deveriam mais serem julgados pelos crimes de seus antepassados. A desconfiança permaneceu em alguns, principalmente élfos; porém, a paz havia retornado. Desta forma as raças do continente sempre se lembrariam de quê apesar dos deuses não viverem mais entre os mortais, eles nunca deixaram de os observar.

Contos do CaosWhere stories live. Discover now