Capítulo 7

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- Contos de fadas são reais, ao menos os que tem lobisomens, bruxas e os malditos dos vampiros. Existimos desde antes de Cristo, o mundo sempre foi cheio de criaturas mágicas.

Eu encarava Alice como se ela fosse um alien.

- De onde tirou essas coisas...

- Você quer saber a verdade, não é? Então escute até o fim sem interrupções.

Me limitei a acenar com a cabeça concordando, se ela queria silêncio para inventar uma história fantasiosa qualquer, eu lhe daria.

- Você descende de uma linha de poderosas bruxas, assim como eu venho de uma longa linhagem de lobisomens - dessa vez foi Flora que continuou.

- Seu nome é Bridget Bishop, em homenagem a sua tataravó, a primeira bruxa a ser julgada e condenada no ataque às bruxas de Salem. - Agnes tomou a frente, , enchendo o peito e falando com orgulho. - Ela ficou famosa e com as suas cinzas que sobraram, nós conseguimos canalizar ainda mais poder para nosso clã.

- Eu o que?

- Sua mãe também era uma bruxa, mas ela nunca te contou nada, não achava que era justo jogar ideias na cabeça de uma criança como a mãe dela fez antes, por isso ela preferiu esperar até que você fizesse dezoito anos para te contar a história do nosso povo.

- O problema é que ela nunca chegou até seus quinze ao menos.

- Quanah Parker, ou só Parker como você conheceu, é o Alfa de nossa alcateia. - minha cara de confusão deve ter me entregado, pois Flora tratou de explicar. - Ele também é um lobisomem e vocês dois juntos quebraram a maldição!

Eu ri, não consegui controlar e minha risada explodiu. Não tinha como alguém inventar algo mais fantasioso que aquilo! Eu já tinha entendido que não estava sonhando, então só havia uma explicação para aquela conversa sem pé e sem cabeça, elas estavam todas loucas ou era eu quem tinha enlouquecido.

- Mostrem a ela! Mostrem a ela o poder de vocês! - Flora rosnou diante da minha descrença.

Todas as três me encaravam e eu parei de rir, esperando qual seria a invenção da vez.

Então Alice começou a falar em latim, eu sabia que era essa a língua porque já tinha escutado minha mãe cantando em latim.

Ela uniu o dedo indicador e o polegar e as árvores do lado de fora começaram a chacoalhar, o vento impetuoso entrou na casa, abrindo as portas e janelas, derrubando vasos e fazendo a madeira antiga ranger com sua força.

Me virei para ela assustada com aquilo, não tinha como ser apenas uma coincidência da previsão, ou um mero truque, a casa inteira estava sendo assolada por uma ventania.

Alice estava com os olhos totalmente brancos, mas não era um branco morto e pálido, ele reluzia e sua luz se espalhava em volta do contorno dos seus olhos, transbordando daquela luz branca, como uma névoa em volta do seu olhar.

- Alice! - gritei por ela e com mais algumas palavras ela fez todo o vento sumir. - O que... O que é você?

Seus olhos voltaram ao tom castanho natural no mesmo instante e ela sorriu pra mim, orgulhosa de seu poder. Eu estaria também, se não estivesse apavorada em descobrir aquilo.

- Eu domino o ar, assim como vovó Blanca tem domínio sobre a terra e você sobre o fogo.

Eu engoli em seco e cai sentada na cadeira. Não era possível que eu dominasse um elemento, quanto mais fogo, eu nunca tinha sido boa em nada com fogo. Como eu poderia dominar esse elemento?

- Sei o que deve estar pensando, querida. Você não domina ele ainda, mas vai, pois tem o poder de controlar o fogo dentro de você. Mas como tudo na vida isso precisa de prática.

A Bruxa e o Alfa - ConcluídoWhere stories live. Discover now