Capítulo 20

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TERCEIRA SEMANA DE COMPETIÇÃO: QUINTA

- Bom dia, querida - a enfermeira se aproximou de mim - tudo pronto para ir?

- Sim - eu mal podia esperar para sair daquele buraco infernal - quem vem me pegar? - minha expressão se apagou quando ela hesitou. Claro que eu não podia supor que alguém ia querer vir me buscar depois do que eu tinha feito.

- Eu não tenho certeza - ela admitiu - nos disseram para te deixar pronta e um carro passaria aqui para te buscar.

- Ah - um carro - bem, obrigada.

- Venha comigo - ela me levou pelos corredores do hospital, mesmo caminho de onde viemos ontem à noite. Minha noite foi absolutamente atormentada com pesadelos nos raros momentos em que eu conseguia desligar. Eu quase não tinha dormido, apenas me encolhi lá e me permiti chorar tudo que eu não chorei nos últimos tempos. 

Eu estava consciente de que as lágrimas que agora desciam sem minha permissão seriam visíveis para todos, mesmo que eu tivesse esfregado meu rosto cem vezes antes de sair do quarto.

Caminhamos para fora, atravessando a porta dupla da entrada. Com a mão no meu ombro, ela se despediu.

- Aí está seu carro. Tchau, querida!

Tentando não parecer muito ansiosa, olhei para o carro, apenas para ficar mais desapontada com a visão de um dos motoristas de Wednesday, o mesmo que tinha ido nos buscar na primeira vez que eu tinha ido ao hospital. Ninguém mais estava no carro, pelo menos não no banco da frente. Eu não podia ver a parte de trás, mas eu duvidava que alguém tivesse vindo.

Rapidamente abri a porta e senti mais uma pontada de dor quando confirmei que realmente estava vazio.

- Oi, Enid - o motorista me cumprimentou.

- Oi - respondi lentamente, deslizando para o banco.

- Como está se sentindo?

- Bem.

Um sorriso estranho enfeitou seu rosto.

- Hm... Wednesday disse para avisar-

- Ela tem que ensaiar com as meninas hoje, eu sei - terminei para ele - tudo bem - puxei a porta e encostei no assento de couro, dando fim à conversa e à sua pena. Com um pequeno sorriso, ele ligou o motor e saiu do estacionamento, enquanto eu só olhava para fora da janela, me sentindo completamente uma merda.

O resto do caminho foi silencioso. Quando ele me deixou no prédio, saí do carro e acenei para ele, antes de começar a caminhar até a calçada.

Espere, o que...? Merda, era o carro de Daniel.

Meu cérebro imediatamente ativou o modo alerta.

Bem mais cautelosa do que antes, abri a porta de entrada. Haviam vozes vindas da cozinha, do que parecia ser um diálogo.

- Oi? - chamei, tentando avisar que tinha chegado.

Imediatamente as vozes pararam e, um segundo depois, Wednesday e Daniel estavam na sala. Daniel parecia absolutamente furioso, como se pudesse me matar ali mesmo. De repente, eu estava com medo, sabendo, pelo que aconteceu ontem, que ele não hesitaria em me bater.

- Você voltou? - falou, em tom de lamentação.

- Sim - dei de ombros, tentando fingir que foi uma piada - acho que estou aqui...

- Cale a boca! - ele cuspiu e meus olhos se arregalaram. Inconscientemente, dei um pequeno passo para trás, quase batendo na porta agora fechada - a única razão pela qual você ainda está aqui é porque nós não encontramos uma maneira de explicar sua saída - ele deu um passo para a frente, as mãos fechadas em punhos - considere-se sortuda!

SilhouettesWhere stories live. Discover now