capítulo 17

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Dizem que a dor do luto fica mais suportável com o tempo, isso é uma grande mentira

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Dizem que a dor do luto fica mais suportável com o tempo, isso é uma grande mentira. Eu acho que essa tristeza faz parte de mim agora, é algo que me consome cada dia.
Quando eu vi a seis meses atrás que a minha mãe tinha sido encontrada morta e o meu pai em coma, meu mundo desabou. Ela não era a minha mãe de sangue perante as pessoas, mas no meu coração isso não significava nada, eu amava mais do uma pessoa consegue amar outra. Mas agora ela tinha morrido, e eu acho que morri com ela.

- Ray, quando você vai sair desse quarto? - escuto Felipe gritar atrás da porta. Eu não saia do quarto a muito tempo. Meu irmão ficou quase louco quando eu tentei me matar assim que vi o corpo da nossa mãe no IML. Ela foi morta com sete facadas, e teve mãos e pés decepados, além das marcas pelo seu corpo. Ela havia sido estrupada.
- por favor saia desse quarto - ele continua - não quero você assim. - eu também não queria ficar nessa situação. Amarro meus cabelos em um coque e levanto. Sinto uma enorme tontura no trajeto até a porta. Eu não lembrava a última vez que tinha comido.
- oi - digo
- meu deus - ele me abraça
- olha pra você Ray - ele se afasta e olha meu corpo de cima abaixo.
- estou acabada, né? - brinco, tentando amenizar o clima estranho.
- não brinque com isso. Porra, você estar se matando aos poucos! Será que não perceber isso?! - ele passa por mim e entra no quarto. Fecho a porta logo em seguida.
- eu não estou assim por que quero, você sabe disso. - cruzo os braços ao redor do corpo.
- já fazem seis meses.
- seis meses e você já esqueceu da sua mãe? Nossa! Ótimo filho você é, Felipe. - lanço um olhar desafiador na sua direção.
- não foi isso que eu quis dizer. Mas porra, você não morreu, tem que seguir a vida e tentar ficar bem. - ele se aproxima - entende?
- eu morri Felipe. Ela se foi junto comigo, você entende isso?- sinto uma lágrima escorrer do meus olhos.
- não diga isso Raissa... - ele se aproxima novamente.
- desculpa por não ser forte o suficiente.
- não fale mais nada - ele me envolve em um abraço apertado - eu não vou deixar você mana, jamais. Viva ou morta eu estou com você, ok?! - balanço a cabeça positivamente. Abraço seu corpo com toda a minha força.

- você tem visto o Vinnie? - meu irmão me pergunta depois de minutos abraçado comigo

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- você tem visto o Vinnie? - meu irmão me pergunta depois de minutos abraçado comigo.
- Vinnie? - franzi a testa.
- sim.
- por que eu deveria estar vendo ele? Quase não saio desse quarto. - me afasto do seu corpo
- bom é estranho você não ter visto ele. Vinnie tem vindo te visitar todos os dias nesses últimos seis meses - Felipe põe a mão no queixo em dúvida.
- O QUE? - grito, chocada.
- é isso mesmo.
- Vinnie tem me visitado todos os dias nesse quarto? Por que? E como eu nunca vi ele? - coloco a mão na boca em choque.
- é a verdade. Ele diz que vem conferir se você fez alguma besteira e só sai quando o dia amanhece.
- ele passa a noite nesse quarto e eu nunca vi ele? Mas que merda e como Vinnie tem a chave?
- ele entra pela janela.
- você devia ter me falado isso logo. Que ridículo, isso é invasão de privacidade sabia?
- ele é cabeça dura.
- não acredito que passei seis meses sendo vigiada. - sento na cama irritada. Vinnie devia estar muito sem o que fazer mesmo para me visitar por seis meses no quarto, será que ele fez algo de errado comigo? Não, ele não seria capaz.
- isso não importa raissa. Afinal hoje você vai sair desse quarto. E vá tomar um banho, estou sentindo seu fedor daqui - meu irmão me empurra em direção ao banheiro.
- mas... - tento protestar mas ele fecha a porta.
- não quero um pio sua fedorenta, tome um banho bem tomado.

Inimigo MortalWhere stories live. Discover now