𝐓𝐑𝐄̂𝐒: o professor lupin e chocolates de pimenta

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King's Cross
01 de setembro de 1993
10:50 AM



APÓS ARRASTAR O MALÃO do quarto de Cedric, Maia limpou uma mão na outra, pois suas coisas finalmente estavam todas ali. Além do malão, ela também levaria a bordo sua nova vassoura, a mochila fiel que carregava consigo sempre e a gaiola de Pandora, que dormia, alheia a movimentação.

Cedric veio logo atrás dela, descendo correndo pela escada da casa e quase levando um tombo. A garota não teve pudor nenhum ao rir dele, e seu primo lhe deu um dedo do meio em resposta.

— Preparada? — o lufano perguntou. Ele já estava usando o suéter da casa, e Maia torceu um pouco o nariz; claro, gostaria de ficar com o primo, mas amarelo não era muito sua cor.

— Sendo bem sincera? Não. — Maia cruzou os braços, ela usava um casaco preto com listras brancas naquela manhã, pois estava ventando bastante do lado de fora — Mas acho que estou... curiosa, para saber como é.

— Você vai gostar da viagem, principalmente do carrinho de doces... — ele disse, e Maia ficou calada — Ah... você não gosta de doce, erro meu. Bom tem outras coisas também...

Os dois foram até a cozinha aonde os pais de Cedric, Ariadne e Hyacinth já tomavam café. Maia se sentou na cadeira disponível ao lado de Hyacinth, pois ainda estava chateada com a decisão da outra tia. Era infantil da parte dela? Talvez. Ela nem queria tanto conhecer o povoado? Muito provavelmente. Mas era injusto que, seu primo e todos os outros fossem e a garota ficasse presa dentro da escola.

Apostava um galeão que ficaria sozinha no castelo, conversando com as almas penadas que por ali rondavam.

— Então... ansiosa? — Ivy perguntou, sorrindo para ela. Sua tia, assim como o filho, era sempre gentil. Não que Amos não fosse, mas de vez em quando soltava comentários um tanto quanto desnecessários — Lembro bem do meu primeiro dia de aula... sua mãe, foi a primeira pessoa que segurou na minha mão e Aria na de... — ela se interrompeu, ficando pálida de repente.

Cedric olhou para a mãe preocupado. Sua mãe era uma pessoa complicada; o trauma de ter perdido muitas pessoas antes e durante a guerra a deixou daquela forma. Na verdade, ele descobriu aos quatorze anos o motivo dos comprimidos da mãe: além dos remédios que tomava para o transtorno obsessivo-compulsivo, haviam também os anti-depressivos. Quando ele era menor, Ivy frequentemente tinha esse tipo de crise, e seu pai sempre cuidou muito bem da esposa, tanto é que se mudaram da cidade para o campo por conta daquilo.

— Mãe, você não quer se deitar? — o garoto tocou no braço da mulher, que pareceu sair do transe em que estava, balançando a cabeça  negativamente — Tem certeza?...

— Estou bem, querido. Foi só um enjoo. — ela sorriu forçada, e todos sabiam que estava mentindo.

Maia abaixou o olhar para o prato, comendo a melancia que tinha colocado naquele café da manhã. As vezes, comia muito, as vezes, pouco. Sua alimentação era péssima, ela sabia disso, mas nada lhe descia bem de manhã, e só estava comendo aquilo para não desmaiar de fome no trem.

Quando terminaram o café, Amos já estava os esperando do lado de fora com o carro que as havia trazido do aeroporto de Londres até ali. Hyacinth e Ariadne se despediram de Ivy, que os olhava da porta, com os olhos perdidos. Maia deu uma última olhada na tia, se perguntando se ela ficaria bem, quando fossem embora.

𝐓𝐄𝐍𝐀𝐂𝐈𝐎𝐔𝐒 | Harry Potter Where stories live. Discover now