Capítulo 2.

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O Milagre da Lua - PARTE 1.

Algumas horas antes, a sudoeste de Fort Collins...

Um limbo. Essa era a palavra para descrever o que eu estava observando na lente daquele microscópio de luz branco, sobre a mesa. O cansaço mental já estava me afetando, pois todos os que eram do meu turno já tinha ido embora e somente eu fiquei no laboratório, junto a outra equipe do turno da noite, mas eu estava determinado a conseguir aquele feito.

Começava a ficar frustrado por não estar conseguindo e já tinha passado o dia inteiro fazendo testes, levando aquelas análises de um equipamento a outro, tentava reanimar as células que vagavam naquele limbo de escuridão, havia um problema com elas, estavam mortas.

Nunca foi problema para mim reanimar organismos biológicos mortos, pois passei anos de minha vida ferrando com os meus neurônios na universidade de Cambridge em Oklahoma, estudei toda a estrutura desses seres minúsculos que estão por toda a parte, eu não podia fracassar agora com uma coisa que sempre fui perfeito em fazer.

Uma voz doce e suave surgiu atrás de mim, enquanto estava perdido em meus próprios pensamentos.

- Você vai desmaiar na frente dessa tela sabia? - disse a voz, quando me virei, pude ver que era minha colega de trabalho, na verdade ela já estava para minha melhor amiga. Conheci Jane nesse meus furos de turno, desde o dia em que aquelas amostras que eu estava tentando reanimar chegaram. Costumava passar do meu horário e como Jane era da parte da noite, acabei por conhecê-la, trazia consigo dois copos que carregava em ambas as mãos e pelo cheiro, logo pude prever que era café, fazendo a mesma coisa que ela fez da primeira vez que nos conhecemos.

Ela esticou a mão oferecendo-me um dos copos.

- Nossa. Como sempre você cuidando de mim, não é? - comentei - Muito obrigado, Jane. Realmente eu estava precisando acordar um pouco.

- Conseguiu alguma coisa com os nossos amiguinhos aí? - questionou ela se referindo as células mortas. Jane se sentou ao meu lado em uma cadeira e pousou sua cabeça em uma das mãos, enquanto saboreava o café com a outra.

- Nem se quer movem um músculo. - Respondi a ela.

- O que acha que são? - indagou ela novamente.

- Em todos esses anos de ciência, é a primeira vez que alguém me faz uma pergunta e eu não sei responder.

Começava a coçar a minha cabeça de nervosismo. Jane logo notou a minha frustração.

- Parece um tipo de célula comum, mas não reagem a nada orgânico e é isso que eu não entendo. - Expliquei.

- Se pelo menos Steve não fizesse tanto suspense e nos contasse de onde essas amostras vieram... por que ele não nos diz nada? - disse ela dando uma olhada nas anotações que eu deixei em cima da mesa ao lado.

- Ele tem os motivos dele. Se ele quer que eu faça milagres, então é o que eu vou fazer. Pelo bem de todos.

Jane me lançou um olhar sério.

- O que é? - arqueei a sombacelha.

- É isso que os "malucos" do laboratório, como dizem as pessoas, falam quando estamos prestes a fazer uma burrada que colocaria a vida de muitos em perigo. "É tudo pelo bem da ciência" ou "É tudo pelo bem das pessoas", eles dizem que costumamos dizer.

Metamorphosis - Classe RéptilWhere stories live. Discover now