Capítulo 1

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   Minha vida depois da perda se iniciou em um verdadeiro caos, mas agora tudo se tranquilizou, ou quase tudo, não ter Helena ao meu lado é  duro, mesmo depois de um ano, ainda dói, ainda era uma ferida aberta e por mais que cicatrizasse sempre voltaria a dor quando fosse mexida, ou pelo menos as lembranças, boas e ruins, a faria arder, porém eu tenho um motivo para acordar de manhã sorrindo e agradecer a Deus por mais um dia, Laura, ela é tudo pra mim.

    Quando tinha oito meses  disse seu primeiro balbuceio, não sei se estava com fome ou queria a minha atenção quando disse vagarosamente "papa", eu preferi pensar que estava me chamando, foi um dos dias mais felizes da minha vida e eu nunca me vi tão bobo.

    Hoje, ela com um ano, ainda caminha segurando nos móveis e sempre que percebe uma queda procura dedinhos para a segurar, nem sempre eu estou por perto, seu primeiro tombo lhe rendeu um galo na testa e total desespero meu, depois eu aprendi que não podia ficar daquele jeito na frente dela, a pediatra me disse isso, que eu precisava passar segurança de que ia ficar tudo bem e que eu sabia o que fazer, mas... acontece que EU NÃO SEI O QUE FAZER!  Emfim, ela nem cai tanto mais, e eu tenho sempre um remédio ou a milagrosa chupeta que cala qualquer bebê.

    Bom, a minha relação com a minha filha vai muito bem, obrigado, mas com a minha mente e meu coração é que... Digamos estar um pouco difíceis; desde que Helena partiu, eu vivo por Laura, faço tudo o dia todo por ela, mas quase toda vez que vou dormi não consigo achar tanto sentido na vida, dizia o Vina, meu quase irmão, que era falta de mulher, talvez até seja, mas não como ele diz, só precisava de uma pessoa que estivesse do meu lado, que ao final do dia iria suspirar aliviada  comigo e dizer "ufa, mais um dia se passou ", e poder descansar em ombros aconchegantes... Mas eu só queria um ombro, um suspiro, um sorriso bonito que era o de Helena, ela estava longe demais para sorrir pra mim.

XXXXX

-Papai, Papai. -senti mãos pequenas e geladas no meu rosto, abri os olhos com dificuldade por causa da claridade.

- Ô meu amor, você já acordou? -falei vendo Laura sorri animada.

- Papai, papai. -ela repetiu mexendo os bracinhos.

   Olhei no relógio e eram sete da manhã, meu Deus, era tão cedo. Mas essa é a lei de Laurinha, ela acorda, todo mundo tem que acordar junto.

    Me levantei, depois de dar um beijo naquelas bochechas enormes da minha pequena, tirei sua fralda e a despi por completo, ela precisava de um banho, fomos para o banheiro, enquanto enchia a banheira com água morna do chuveiro, eu ainda com Laura no colo, escovei meus dentes e lavei o rosto.

- Vamos? -perguntei pra ela que olhava atentamente para nosso reflexo no espelho.

- Olha... Papai. -ela apontou para o espelho curiosa mexendo no meu cabelo para ver o que acontecia lá.

- É, Laurinha. Olha você. -falei rindo aproximando seu rosto no espelho. Ela riu emcabulada, eu adorava fazê-la rir para ver uma covinha se formar em sua bochecha direita.

   A colequei na banheira, ela bateu os pés me molhando todo.

- Poxa, Laura! -fiz uma cara brava e ela arregalou os olhos azulzinhos, fez beicinho e começou a chorar. -Não, não... -reclamei balançando ela, odiava aquele choro.

   Demorou um pouco, mais cessou.

    Deixei ela brincando no chão, enquanto eu tomava um banho rápido.

   Depois de arrumados, ela insistia em descer a escada no chão, então levava quase meia hora para chegarmos ao primeiro andar e por fim tomarmos o café da manhã.

12 De Janeiro [PARADO POR TEMPO INDETERMINADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora