Capítulo 25

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     Era o meu segundo dia de trabalho e tudo já parecia rotineiro,  eu levava Laurinha para a creche, ia para o Lair, dava aula para alguns terceiros anos, segundos anos e para apenas um primeiro ano, a bagunceira turma 1006, ô galerinha para arranjar rivalidade!

- Ah professor, ainda não acabou o tempo dos garotos?! -a loirinha que eu ainda não havia decorado o nome, protestou enquanto eu verificava o relógio.

- O sinal irá tocar na hora, fique tranquila. -eu disse para a veterana.

   Não dava muito para misturar meninos com meninas naquele terceiro ano, eu que achava que eles deveriam ser mais unidos por, praticamente a maioria, estudarem juntos desde o primeiro ano, mas não, a turma 3003 parecia mais com um quinto ano do ensino fundamental, os meninos se entendiam entre sí, e era  só chegar uma garota que começava as implicâncias. Como crianças.
    Na minha época, as aulas de educação física eram tão esperadas pelo rapazes, não só por causa do futebol, mas também pelos shortinhos femininos, mas... Parece que as coisas mudaram.

- Oi, mãe... Eu estou dando aula agora. -atendi surpreso, ao celular.

- Tudo bem, meu filho. Eu só liguei pra dizer que vou pegar Laurinha hoje na creche, novamente. Aquela bochechuda me faz uma companhia para lá de agradável! -ela sorriu e eu fiquei feliz por ouvi-la tão animada.

- Ah, sim, tudo bem. Não se esqueça do horário, às 15 horas. -informei olhando para Sebastian que agarrou a bola com tudo impedindo o gol do time adversário.

- Ainda não estou gagá, meu querido. -ela brincou.

- Mãe... -a repreendi rindo. -Tudo bem, eu preciso trabalhar agora, te ligo depois.

- Tudo bem, fique com Deus, Ben. -disse ela pronta para desligar.

- A senhora também. Beijo. -me despedi. -GAROTOS!! É a hora das meninas!! -emendei me dirigindo aos jogadores.

   Eles saíram reclamando como todo bom apaixonado por futebol quando é interrompido de sua brincadeira. O teimoso João Lucas ainda deu uns chutes extras na bola no canto da quadra, louco para ficar sem jogar na próxima aula.
As meninas se apressaram para separar o time, enquanto eu arrumava a rede de vôlei...

*

   E assim o meu dia seguiu, eu não tive muitas turmas nesse dia.
A maioria dos professores alí, quando terminavam as aulas, iriam para outro colégio, até uma terceira escola à noite, enquanto eu... Só iria levar flores para a mulher mais cheirosa desse Rio de janeiro!

- Até amanhã, professora Luciana. -falei à única professora que estava na sala dos professores.

   Depois de deixar as coisas no armário e verificar o vestiário dos meninos, saí pensando numa aula teórica para o próximo dia. Já previa o ódio dos Loucos por Futebol.

                 ***

- Vina, o que é que está acontecendo aqui? -perguntei passando por uma escada enferrujada e uma lata de tinta parada exalando um cheiro irritante.

- Reforma, meu Caro. -ele falou, pisando no último degrau da escada banda.

- A minha mãe sabe disso? -questionei antes de espirrar pela segunda vez. -Eu deixei ela responsável pela loja. -tirei a lata do caminho.

- Benjamin, vem cá, cara. -ele me puxou pelo braço, nos fazendo sentar em duas cadeiras móveis de rodinhas que, antes servia para as moças do caixa. -Essa loja já está praticamente falida e caindo aos pedaços. Você não acha que precisa de uma reforma, não? -ele perguntou coçando a cabeça. Só então eu reparei que os cabelos de Vina precisavam de um corte urgente. Seus cachos descontrolados estavam aflorando e, cortados, eles nem sequer tinham forma.

12 De Janeiro [PARADO POR TEMPO INDETERMINADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora