25- Só até eu dormir

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Nota da autora: Quando decidi reescrever essa fic eu planejava focar mais na "saúde mental" do Magnus (ou a falta dela), e é claro, com uma grande ajuda preciosa do Alec, mas confesso que esse capítulo me quebrou um pouquinho :'(



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Mais de dois meses tinham se passado, mas Magnus ainda sonhava com aquela manhã de Julho, quando teve um inesperado ataque de pânico e Alec o abraçou como tentativa de acalmar os sintomas.

Aquele gesto provavelmente foi uma reação automática, na qual Alec só o segurou para que os tremores do seu corpo parassem, mas para Magnus foi muito mais que isso. Ele sentiu uma paz tão profunda que simplesmente entrou num estado de transe imóvel, surpreso e fascinado.

Foi bem ali que tudo mudou. Foi bem ali que ele teve a certeza de que queria entregar a sua vida nas mãos daquele homem, principalmente quando Alec sussurrou no seu ouvido: "Me deixe ser o seu conforto"

A voz baixa e suplicante, mas ao mesmo tempo soando quase como uma promessa.

Magnus até se esqueceu de que havia mais pessoas em volta, com certeza os encarando e se perguntando o que estava acontecendo, mas ele abraçou Alec de volta com toda a força que seu corpo amolecido permitiu.

Tinha passado muito tempo imaginando como seria esse momento, sem nunca acreditar que realmente aconteceria, mas em nenhuma daquelas vezes Magnus pensou que duas pessoas pudessem se encaixar dessa forma tão perfeita. Ele jamais pensou que sentiria um lar dentro do abraço de Alexander Lightwood.

*Sim! Seja meu conforto! Seja tudo que você quiser porque eu te quero de qualquer forma*

Magnus quis gritar tudo isso, e quis permanecer ali para sempre, mas depois de alguns minutos foi se afastando devagarinho, apenas um pouco para olhar nos olhos dele. Olhinhos azuis e preocupados que se iluminaram quando o Príncipe apenas assentiu.

Uma permissão silenciosa que pareceu significar muito para Alec.

Dois meses tinham se passado e Magnus ainda sentia um calorzinho no peito toda vez que se lembrava daquele dia.

O ataque de pânico chegou num dos piores momentos, mas ele agradecia, porque pela primeira vez não estava sozinho.

Foi horrível ver Mark avançando contra Will com os punhos fechados e se lembrar de Amanda em um dos seus momentos de fúria.

Ele sabia que os meninos estavam apenas fazendo um treinamento de ataque e defesa. Um exercício óbvio para aquele trabalho que às vezes envolvia luta corporal com criminosos, mas Mark se movia muito rápido, distribuindo socos que Will facilmente conseguia desviar, e seu cabelo loiro em movimentos quase como de um vulto fizeram Magnus se lembrar de todos os ataques que recebeu da noiva e nunca conseguiu se defender.

Os bloqueios mentais e físicos sempre o imobilizavam naqueles momentos, talvez porque ele tinha medo de se defender, e como consequência acabasse machucando Amanda.

Ele jamais se perdoaria se isso acontecesse porque apesar de tudo, era incapaz de desejar ou fazer algum mal a ela.

Ele também era incapaz de contar a verdade sobre o que desencadeou aquele ataque de pânico, então se limitou a dizer que foi apenas uma tontura pelo calor.

Os meninos pareceram ter acreditado naquela minúscula parcela de verdade, mas Alec ficou tão quieto que Magnus chegou a acreditar que ele pudesse ler seus pensamentos, mesmo sabendo que era algo humanamente impossível.

Uma dorzinha de culpa martelou no seu peito, e só ficou mais forte com o silêncio que continuou quando Alec o acompanhou até o quarto.

Magnus tentou decifra-lo conforme sentava na ponta de cama e Alec permanecia de pé alguns metros dela, mas quando o silêncio se tornou sufocante demais, o Príncipe respirou fundo.

Um Coração em ConflitoOnde histórias criam vida. Descubra agora