33- Não adianta

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 Alec não se lembrava de já ter sentido aquele nível de medo antes. Uma sensação de desespero tão intensa que parecia uma onda o arrastando para as profundezas de um oceano.

A cada passo acelerado que ele dava para frente parecia que eram dois para trás, mas ele finalmente chegou na enfermaria.

Seus pulmões ardiam por causa da corrida sem fim e sua cabeça doía na tentativa de bloquear um milhão de tragédias que poderiam ter acontecido, mas ele não se importou com nada além de chegar até onde Magnus estava.

Ele escancarou as portas e avançou por um cômodo repleto de leitos vazios, sentindo o coração falhar a cada segundo que não encontrava o que queria.

Alec sabia que a família Real tinha um quarto privado na ala hospitalar, e estava quase correndo de novo quando avistou Catarina saindo do cômodo e fechando a porta atrás de si.

A médica parecia nervosa, falando no telefone com alguém, mas por mais que tentasse, Alec não conseguiu identificar qualquer sentido nas frases, apenas uma palavra pairando como uma lâmina contra seu peito.

"Cirurgia"

- Eu preciso vê-lo. - Alec disse assim que Catarina desligou o telefone e o encarou como se ele fosse louco.

Ele claramente estava quase desmaiando, e mesmo assim tentou avançar mais alguns passos, mas ela o bloqueou.

Alec já deveria estar esperando por isso, e até sentiu uma pontada de culpa pela vontade de simplesmente tirá-la do caminho, mas realmente iria enlouquecer se não visse Magnus logo.

- Por favor... eu nem sei o que está acontecendo, mas preciso vê-lo. Eu preciso...

- Sinto muito, mas você não pode. - Catarina declarou, e ergueu a mão, prevendo os protestos. - Os pais dele já estão vindo, Alec. E nós todos teremos problemas se te pegarem no quarto.

O coração dolorido de Alec afundou no peito, e o desespero só aumentava, mas também uma pitadinha de esperança quando Catarina acariciou seu braço num gesto reconfortante.

- Tenha um pouquinho de paciência, querido. Ele vai ficar bem, mas precisa de cirurgia urgente. A mão dele foi atingida por uma garrafa e o dedo foi dilacerado pelo vidro. Isso está além das minhas habilidades e temo que possa infeccionar, então tive que chamar um especialista que deve estar chegando também. É por isso que você precisa sair agora, mas eu prometo que darei notícias assim que possível.

Alec não teve outra opção além de concordar porque já era possível ouvir os passos pesados do Rei se aproximando enquanto gritava "Onde está meu filho?"

- Só diga pra ele... - Alec começou e então hesitou, sem saber como terminar aquela frase, mas Catarina abriu um sorrisinho compreensivo.

- Eu direi que você esteve aqui, querido. Não se preocupe. Agora vá.

Alec só teve tempo de agradecer e recuar alguns passos quando a porta se abriu e um Rei furioso entrou.

A fúria, no entanto, parecia uma camuflagem do medo que havia em seus olhos. O mesmo medo que Alec sentiu quando recebeu a notícia.

Harry atravessou o cômodo em poucos passos, sequer notando a presença de um soldado onde não devia, e um instante depois surgiu a Rainha.

Ela parecia calma por fora, mas estava sussurrando: "Meu bebê" sem parar.

Alec tinha certeza que ela também passaria direto para falar com Catarina, mas por um breve segundo ela virou na sua direção, e no segundo seguinte tinha desaparecido dentro do quarto de Magnus junto do marido, a médica e um homem recém chegado desconhecido, que provavelmente era o cirurgião especialista.

Um Coração em ConflitoWhere stories live. Discover now