Taketori Fuyuki

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O tempo passava devagar naquele lugar, duas semanas pareciam dois séculos, e Azura em todos esses dias, não conseguia abrir a boca para comer ou falar nada, era obrigada a se manter acordada por uma terrível insônia. Para se manter sã, ela contava os ninjas da anbu que eram intercalados em plantões de vigília, nunca com as mesmas máscaras, diferentes estaturas e formas de corpos, eram basicamente enviados aleatoriamente, sem nenhum padrão, mas o que não quer dizer que eles não fossem repetidos. Como se só os mais fortes pudessem estar ali. Eles eram treinados a não fazerem contato visual com a prisioneira e a ignoravam completamente, sem nenhum cuidado ou tratamento, a comida que Azura não comia era deixada para apodrecer junto a ela.

A luz do sol ameaçava sumir novamente, e por mais que ela quisesse pedir por ajuda nada saia da sua boca. Azura caminhava impaciente de um lado para outro sentindo tudo ao seu redor, quando já não conseguia mais se distrair, a ansiedade fazia seus olhos rodarem em círculos freneticamente catando todos os mínimos detalhes daquele lugar, dolorosamente os fazendo parecer familiar. 

Algumas memórias fazem o papel de um empurrão que a faz cair de joelhos naquele chão imundo. A agonia de voltar a um lugar sujo, desencadeia um ataque de pânico. Um corpo exausto pode cometer alguns erros, a fim de se proteger, e o dela estava em colapso a ponto de reagir como se estivesse em perigo de morte. Alucinações horríveis que passavam diante dos seus olhos, a deixando incapaz de processar o que era ou não real.

O pulso do seu coração, chegava a doer na caixa torácica, sua respiração descompensada dava a sensação de perigo iminente. Sentindo que a qualquer momento poderia simplesmente se engasgar com o ar, um zumbido no seu ouvido se sobressaia a todas as suas tentativas de se acalmar.

O instinto de qualquer ser humano, ao ser exposto ao perigo, mesmo que irreal, é fugir, o que tornava tudo mais desesperador era o fato que ela não conseguia sair. Seus pulsos estavam algemados com um metal que drenava seu chakra e as grades também pareciam ter esse poder.

Pelo tempo que passou sem ser exposta à luz, sem contar as frestas do sol que conseguiam chegar até ali, estava fraca e doente demais para conseguir fazer qualquer coisa. Sua mente viajava entre um turbilhão de possibilidades que teria de fugir caso estivesse no seu perfeito estado, talvez ela já tivesse quebrado as paredes, matado os seguranças, mas a única certeza que tinha era que não queria estar ali, afinal de contas como havia chegado até aqui?

— Azura? — Um sussurro baixo vindo das grades atravessa seus tímpanos, mas não foi o suficiente para fazê-la escutar. Teria que salvá-la da sua própria mente para ganhar sua atenção.

Uma nova voz se mistura ao som do cadeado sendo destrancado. Tão de repente, Azura demora um minuto para processar.

"O que está acontecendo? De quem são esses braços? Naruto?"

A voz era do pequeno Uzumaki que convencia o guarda a entrar na cela da Uchiha, o garoto não pensou duas vezes antes de correr na direção de Azura, sem nem considerar o fato que ela poderia lhe atacar.

Ele só precisava ajudá-la, era só isso que estava tentando fazer incansavelmente durante essas semanas, que passaram separados, mas sempre era impedido, obviamente pelos guardas e até o próprio Hokage o proibiu de vê-la novamente. Seu corpo pequeno estava mais magro e sem força, o fazendo cair de joelhos e jogar seus braços por cima da mais velha para encontrar estabilidade.

Cheio de dores e hematomas, pelas surras que levava do povo da vila, estava sendo culpado por trazer uma pessoa perigosa para Konoha. Nada disso era justo, no fundo do seu coração, ele sabia que aquilo que Azura fez aquilo para protegê-lo, o que fazia ele aceitar as agressões como punição, não por tê-la salvo, mas pela dor que Azura estava tendo que sentir presa novamente. Naruto, ao perceber o desespero da Uchiha, já juntava suas forças para gritar por ajuda se não fosse parado por um choro abafado, seguido por um abraço forte da mais velha.

Amor estilo UchihaWhere stories live. Discover now