Por que você ta aqui?

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Milena Ferreira.
São Paulo, Brasil.

Ja havia almoçado, ja tinha dado voltas de carro até que parei em um parque apenas para relaxar um pouco.

Mesmo não querendo, liguei meu celular e resolvi apenas mostrar que estava viva.

"20 chamadas perdidas de Raphael"

"30 chamadas perdidas de Papi 💓"

Ja imaginava isso do meu pai, mas de Veiga foi realmente um choque. No WhatsApp a situação era pior ainda. 100 mensagens de Helena, incontáveis do meu pai. Pelo menos minha mãe não tava sabendo de nada.

Abri o contato do meu pai e mandei uma mensagem dizendo que estava bem e havia comido.

Nem esperei ele responder, apenas joguei o celular denovo na bolsa e fiquei olhando o movimento na praça. Por ser final de semana haviam várias pessoas comendo, andando e rindo. E por um nomento eu senti inveja delas, por terem vidas tão simples.

Desde o momento em que postei a foto com o vestido eu evitei entrar no instagram porque sei que vão ter comentários de fracassados criticando meu corpo ou minha aparência. As vezes eu so queria poder postar uma foto minha sem ter medo do que pessoas que eu nem conheço vão falar.

Era mais ou menos 3 da tarde quando eu decidi encarar minha vida e voltar pra casa. Sentia meu corpo cansado após dormir mal, chorar muito e dirigir por muito tempo, mas eu me sentia leve e calma, deveria fazer isso mais vezes.

Quando cheguei no prédio, estacionei meu carro na garagem e subi para o meu andar. Por sorte eu tinha como entrar no apartamento e não precisei interfonar.

- Finalmente filha.- Meu pai falou assim que eu entrei. Vi ele se levantar do sofá e vir até mim, ja estava esperando um sermão mas ele apenas me abraçou.- Não faz mais isso por favor. Eu te amo Mimi.

Passar um tempo sozinha é otimo para organizar a mente, mas nada se compara a um abraço de quem você ama.

- Ta bom papai.- Respondi segurando o choro e abracei ele.

- Eu ja vou indo então eu acho.- Escutei Veiga falar e separei o abraço mas sem sair de perto do meu pai.

- Você ta aqui ainda.- Falei chocada.- Por que você ta aqui?

- Rapha me explicou tudo filha. Deveria ter me contado.

- Fico feliz que esteja bem Milena. Desculpa outra vez.- Ele falou e saiu do apartamento.

Raphael Veiga esperou por mim esse tempo todo? Por vontade própria?

- Você tem muito o que explicar meu amor. Mas primeiro vai tomar um banho.- Meu pai falou e beijou minha testa.

(...)

-Desculpa pai, eu não quis te contar por não achar ser grande coisa.- Falei.

- Desculpa por não perceber. Vamos com calma dessa vez ta, consegui uma consulta com uma psicóloga.

- Nada de remédios ne?

- Nada de remédios.- Ele falou e eu sorri.- Depois manda uma mensagem pro Rapha, ele ajudou bastante.

- Vou avisar Helena que estou bem, depois vejo isso.- Falei seria e ele suspirou.- Não seja tão dura com ele Mimi, ele é um bom rapaz. Você sabe que ele não conseguiria ficar quieto sabendo que você não estava bem.

- Ele me prometeu pai.- Falei rispida e ele negou com a cabeça.- Depois eu falo com ele. Vou pro meu quarto tá, te amo.

- Te amo filha.

Caminhei até meu quarto e me joguei na cama, peguei meu celular e avisei Helena que estava bem e explicaria na faculdade.

Me ajeitei na grande cama e estranhei ao sentir um perfume diferente no meu travesseiro. Era um perfume masculino com certeza, com o cheiro bem forte mas na medida certa. Era o perfume dele. E foi nele que eu fiquei pensando até cair no sono. Raphael Veiga.

(...)

Segunda feira. O dia mais temido de todos os tempos.

Helena passaria pra me buscar hoje então eu não teria que dirigir pelo menos. Mas so de ir e ter que aguentar aquela galera da faculdade ja estava me deixando triste. E pior ainda iria pra psicóloga depois, mais um motivo pra chorar.

Desde pequena eu vou, por ansiedade principalmente mas a moça que eu ia la em Portugal sofreu comigo. Criança eu era muito brava e tive que melhorar nisso, pre adolescente foi autoestima, ai depois meninos e beijos. Até que chegou o meu transtorno alimentar.

Qual será o principal pauta da vez ?

- To indo pai.- Avisei, ja tinha tomado café da manhã e iria almoçar na faculdade então so veria ele denovo final da tarde.

- Tchau filha, se cuida.- Ele avisou e eu fechei a porta. Indo pro elevador vi alguns moradores que me desejaram bom dia.

Quando entrei no carro, Helena começou a fazer milhares me perguntas e eu tentava fazer ela parar.

- Eu to bem agora, aconteceu muita coisa e eu precisei sair pra relaxar sabe.  Mas ja to melhor, juro.

- Fiquei preocupada quando seu pai ligou perguntando de você.- Ela falou.

- Desculpa.- Falei e ela sorriu.- Mas e você e Gabriel, o que rolou?

- Nós ficamos la na festa e estamos conversando até agora.- Ela contou e eu sorri animada.

- Ai dele se te magoar em.

- Relaxa, eu sou bem esperta quando quero.- Ela falou e sorriu travessa.

Quando chegamos na faculdade algumas pessoas nos olharam, talvez pelas fotos que sairam sobre a festa, mas ninguem veio falar nada, o que é muito bom.

Entramos na sala e esperamos o professor chegar.

- O que faremos final de semana?- Perguntei.

- To combinando de ir em uma balada com o Gabriel.- Lena falou.- Ai ele vai levar uns amigos e eu você.

- Deveríamos arrumar mais amigos ne.- Falei e ela riu.

- Talvez.

- Me avisa qual balada depois ta.- Pedi e ela concordou.

A aula passou normalmente e sem nenhuma interrupção, o professor acabou nos liberando mais cedo então teria tempo até a próxima aula.

Helena e eu pegamos nossas coisas e fomos em direção ao refeitório. Ja quase 11 horas então decidimos almoçar.

- To pensando em usar um vestido azul, um bem curtinho.- Lena disse.

- To em duvida, ta fazendo frio de madrugada.

- Verdade, mas é so colocar uma mwia calça. Quero deixar o Gabriel de queixo caído.- Falou e eu ri.

- Não precisa de muito, linda do jeito que você é. Ele ta no céu.

- E você em? Te vi conversando com o Piquerez.

- Meu pai tava la, mas conversamos bastante. Ele é bem legal.- Expliquei.

- Achei que ele era chato, teve uma hora que você não tava nem olhando pra ele.- Ela falou e eu olhei confusa.- Parecia que tava procurando alguém.

- Que estranho.- Falei mesmo sabendo o que eu estava realmente procurando, ou melhor, quem.

Desde o dia que nós fomos no shopping eu venho notando o Veiga, ele pode não ser a pessoa mais legal do mundo mas eu não sou cega. Qualquer pessoa consegue ver que ele é muito gato. Essa carinha de bom moço, esse jeito de golden boy, tudo nele me intrigava. Como um homem daquele tamanho transparece tanta pureza e leveza?

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Ai ai esses dois...

Bᥱιjᥲ Fᥣ᥆r; Rᥲρhᥲᥱᥣ VᥱιgᥲOnde as histórias ganham vida. Descobre agora