01. Cativar

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Zhanghao ㅡ Hao, para a grande maioria ㅡ caminhava sem rumo através do vasto campo de grama alta, pensando sobre o máximo de coisas humanamente o possível.

O príncipe de lugar nenhum agora não possuía nada além de sua gasta echarpe amarela que carregava enrolada no pescoço. Um velho lembrete de quem ele realmente era, ou de quem um dia já havia sido.

Uma infestação de baobás* havia consumido o seu planeta, e agora, a sua casa estava em ruínas graças às longas raízes que despedaçavam tudo, pouco a pouco. Se ele fosse esperto, ficaria bem longe de lá, a menos que quisesse virar pó junto com o lugar. O jovem não sabia o que fazer, por isso buscava por outras pessoas ㅡ talvez uma boa conversa pudesse iluminar seus pensamentos, que a essa altura já se tornavam bastante nebulosos. Zhanghao tinha somente 22 anos, o que fazia dele somente uma criança. Sua esperança era que as pessoas grandes ㅡ os mais velhos e sábios ㅡ dissessem algo que o fizesse mudar o ponto de vista e achar uma solução para seu problema. Qualquer ideia é bem vinda quando não se tem ideia alguma.

Sentindo os dedos do pé formigarem de exaustão, ele suspirou alto, em sinal de desânimo ㅡ queria desistir de tudo. É complicado manter-se firme quando se está completamente só. Sem pensar muito, jogou-se entre os ramos de tom verde claro, ficando de barriga para cima sobre o solo, que parecia abraçar o seu corpo esguio. Estava cansado, queria dormir e esquecer de tudo...

Ele poderia ter ficado ali mesmo se não fosse pelos sons de passos que começaram a chegar até seus ouvidos. Rapidamente se levantou, e foi quando viu o movimento nas plantas ㅡ havia um outro alguém passando por ali... OUTRO ALGUÉM!

Consumido por uma empolgação inesperada, esgueirou-se por entre os arbustos, perseguindo aquela... aquilo... seja lá o que fosse. Apesar de poder se tratar de um ser perigoso, a adrenalina em seu sangue o obrigava a continuar atrás do rastro que aparecia a sua frente, tal qual as migalhas de pão dos contos de fadas.

Infelizmente, o ser ㅡ Criatura? Pessoa? Animal? ㅡ acabou sumindo de sua vista, ao subir numa macieira* que surgiu no meio do caminho, e com a qual Zhanghao acabou colidindo.

ㅡ Ai... ㅡ reclamou afagando a testa, dolorida ㅡ Quem é que põe uma árvore no meio do nada? ㅡ resmunga, e é respondido com um grunhido. Ao erguer a cabeça, a única coisa que consegue enxergar, é um par de olhos afiados, fitando-o no meio dos galhos.

ㅡ Essa é a minha árvore ㅡ ele parecia chateado. Sua voz era masculina e muito doce, o que deixou o menino ainda mais curioso.

ㅡ Oh, me desculpe... eu não quis ofendê-la.

ㅡ Por que me seguiu, garoto? ㅡ a ênfase na última palavra, trazia certo sarcasmo.

O príncipe deu de ombros. Não sabia como responder.

ㅡ Fiquei curioso...

ㅡ Está flertando com o perigo. Nunca ouviu dizer que a curiosidade matou o gato?

ㅡ Bem, eu não sou um gato ㅡ Hao riu sozinho com a graça mínima da situação.

ㅡ Ah, não me diga... ㅡ o tom irônico fez o sorriso de Hao vacilar por um milésimo de segundo ㅡ Se não me falasse, eu nunca teria notado.

ㅡ Não seja malvado ㅡ reclamou ㅡ Onde está a sua simpatia?

ㅡ Pergunte aos outros que vieram antes de você ㅡ resmungou.

ㅡ Como assim? ㅡ indagou, mas não houve resposta.

Então o cenário se manteve: os dois se entreolhando fixamente, numa competição silenciosa a respeito de quem cortaria o contato visual por último.

O Príncipe e a Raposa • HaobinTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang