Capítulo 04

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Saí para correr um pouco, ou melhor, caminhar porque não corro faz tempo. Na volta tenho que passar em uma cafeteria para comprar o nosso café da manhã já que naquela casa o fogão não presta, nem o aquecedor, passamos bastante frio essa noite.

Até que a rua de perto da minha casa era bonita, ao contrário da casa que eu estava. Senti que alguém estava me seguindo, então olhei para trás mas não vi ninguém, dei de ombros e voltei a seguir meu caminho. Por sorte, havia uma cafeteria bem perto de casa, ainda bem porque não aguentava mais andar.

Novamente senti que tinha alguém me observando, era uma sensação ruim que percorria o meu corpo. Olhei para trás e vi um carro com uma cor em preto fosco, era um carro bem bonito e estava andando bem devagar. Tentei pensar que talvez o carro estivesse com problemas, então parei um pouco e o carro parou também, olhei para o lado fingindo procurar algo e vi quando o vidro do lado do motorista se abriu. Não aguentei de curiosidade e olhei para trás e vi um homem vestido de preto com um boné preto e um óculos preto, fingi não me importar e voltei a andar.

Ele voltou a dirigir bem lentamente enquanto me observava, estava na cara que ele queria alguma coisa, a cafeteria já podia ser vista de longe, faltava só algumas esquinas. Acelerei meus passos e quanto mais eu andava rápido mais o carro era rápido também, no desespero comecei a correr, ouvi quando a porta do carro se abriu e ele começou a correr atrás de mim, o meu coração quase saiu pela boca.

Afinal, o que ele queria de mim?

Não sei de onde estava tirando fôlego para correr, olhei para trás e ele estava próximo até que se atrapalhou com três crianças brincando, ele quase tropeçou. Alguns vendedores de algodão doce passaram em sua frente fazendo-o se confundir, então corri mais até chegar na porta da cafeteria. Abri ela com força ainda olhando para trás, eu estava tão nervosa que na minha cabeça não se passou que poderia ter alguém saindo da cafeteria.

ㅡ Aí! ㅡ Olhei para frente e meus olhos se arregalaram um pouco, aquele mesmo rapaz do aeroporto estava bem na minha frente de novo. ㅡ Você não olha por onde anda? ㅡ Senti a raiva me consumir igual no aeroporto.

ㅡ O que disse? ㅡ Cruzei meus braços em sua frente. ㅡ Por acaso não te deram educação?

ㅡ O quê? ㅡ Ele riu ironicamente.
ㅡ Então quer dizer que eu sou o sem educação enquanto você bateu em mim, me jogou o meu café e ainda manchou o meu moletom branco. ㅡ O seu semblante fechou, ele parecia com raiva. ㅡ Mas eu sou o sem educação?
ㅡ Encarei de leve o seu moletom e vi que tinha uma enorme mancha marrom, eu com certeza ficaria muito irritada se alguém manchasse alguma roupa minha, então achei melhor pedir desculpas. ㅡ Não vai nem pedir desculpas? sua sem educação. ㅡ No momento que ele falou isso toda a boa vontade de pedir desculpas que se passava pela minha cabeça foi embora, eu só queria pegar aquele copo de café e jogar na cabeça dele.

ㅡ Você é insuportável. ㅡ Tentei passar por ele mas o mesmo segurou meu braço.

ㅡ Não vai mesmo pedir desculpas? ㅡ Ele perguntou ainda com o seu semblante sério, frio...

ㅡ Eu até pensei em fazer isso. ㅡ Soltei uma risada irônica. ㅡ Mas lembrei que você é um egoísta desde o aeroporto e ainda me chamou de sem educação.

ㅡ E eu menti?

ㅡ Eu não sou sem educação.

ㅡ É sim.

ㅡ NÃO SOU! ㅡ Algumas pessoas de dentro da cafeteria começaram a nos olhar e cochichar, então me soltei dele e fui até o balcão. Quando olhei para trás novamente ele já não estava mais, aquele idiota.

Eu odeio norte-americanos iguais a ele.

[...]

Peguei um táxi de volta para casa, fiquei um pouco assustada com o que aconteceu logo cedo então não arrisquei voltar sozinha, nunca fui uma pessoa medrosa mas saber que tinha alguém me seguindo fez com que eu tivesse... medo. Ou talvez eu esteja exagerando e esse cara me confundiu com outra pessoa, é o que eu quero pensar pelo menos.

ㅡ Ô Lívia, cheguei. ㅡ Fechei a porta atrás de mim com a chave e caminhei até a cozinha. Não demorou muito para que Lívia descesse correndo das escadas, ela parecia animada, vinha com um sorriso no rosto parecendo que tinha algo para me contar mas seu sorriso foi desmanchando assim que me viu.

ㅡ Que que foi? por que essa cara de enterro? não gostou de sair? ㅡ Revirei os olhos encarando a careta que ela fazia pra mim, contei a ela tudo que aconteceu de manhã até agora. Lívia se sentou e apoiou as mãos em frente o rosto.

ㅡ Nós precisamos tomar medidas, Sofia. ㅡ Ela levantou e começou a caminhar de um lado para o outro. ㅡ Desde o Brasil que isso vem acontecendo, não é algo normal. ㅡ Eu já estava ficando agoniada com o fato de ela andar de um lado para o outro até que se sentou e olhou para mim parecendo ter uma ideia. ㅡ Já sei!

ㅡ Por favor, não me venha com ideias malucas por que eu não vou aceitar.

ㅡ Nós vamos contratar um segurança pra cuidar de você. ㅡ Lívia falou olhando para um ponto fixo na parede como se estivesse ignorando totalmente a minha presença na cozinha.

ㅡ O que? ㅡ Comecei a rir ironicamente. ㅡ Você ficou maluca? Eu não vou contratar segurança nenhum.

ㅡ Sofia, eu não perguntei se você quer, eu estou dizendo que nós vamos contratar, é a sua vida que está correndo perigo. ㅡ Lívia estava sendo dura comigo, ela nunca foi dura comigo, isso me deixou surpresa. ㅡ Eu vou para o estúdio de dança pela manhã e só volto no meio da tarde, você não vai todos os dias ao escritório e vai ficar aqui sozinha, isso é perigoso, não quero saber. ㅡ Por fim ela se levantou. ㅡ Amanhã mesmo vamos começar a procurar alguém. Ah, e também consegui fazer contato com uma corretora, vamos visitar alguns apartamentos amanhã.

ㅡ Lívia, você não manda em mim.
ㅡ Arqueei uma sobrancelha olhando para ela, eu odiava que me dessem ordens.

ㅡ No momento a sua opinião não importa, querida. ㅡ No rosto de Livia continha o puro deboche. ㅡ Beijos de luz, Estevão Ferreira.

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