Há um momento na nossa vida, em que parece que o silêncio mexe com os cinco sentidos do ser humano, é ensurdecedor, faz as mãos suarem, as palavras sumirem, um gosto amargo toma sua língua e você vê as coisas acontecendo lentamente diante de seus olhos.
A expressão de todas as pessoas naquela mesa era, em suma, paralisante. Anne atingiu um nível de palidez que Minho não assumia ser possível. Até que em um pigarro, o alfa resolveu responder o questionamento.
- Nunca, Stanley, essa cadeira é meu destino. Agora, se me dão licença. - O alfa se afastou da mesa, se dirigindo ao seu quarto. Ninguém se atreveu a falar nada, nem o pequeno filhote que desconhecia o dom do silêncio se pronunciou.
Minho não saiu mais do quarto durante o restante do dia, escutou sua mãe bater à porta algumas vezes durante o dia, desistindo depois de não receber nem um mínimo som como resposta.
O alfa de olhos castanhos não estava exatamente chateado com o outro alfa pelo questionamento, ele estava chateado com ele mesmo, com o fato de ter perdido sua vida.
Não que ele fosse o tipo de pessoa que sentava pra pensar em um futuro com ômega, filhote, papagaio, cachorro, periquito mas até a opção de fazer essa escolha havia sido arrancada dele e era isso que fazia seu peito arder.
Que ômega iria querer um alfa inválido, incapaz de proteger e cuidar da família?
O médico disse que sua capacidade reprodutora estava intacta, que uma porcentagem pequena de cadeirantes era atingida com a infertilidade, em sua maioria ômegas, mas mesmo assim, ele sabia que quando olhassem pra ele veriam sua cadeira e não ele mesmo.
Ele escutou alguns galopes e foi até a janela ver a origem do som. O sol já estava baixo, o que indicava que já estava quase no fim da tarde. Ele havia passado o dia inteiro no quarto, literalmente.
Ao longe, ele avistou Jisung em uma égua branca, galopando enquanto assoviava para a boiada que seguia atrás dele. O ômega tinha a coluna ereta, um berrante repousava amarrado a seu corpo, não se fazendo necessário, já que os animais aparentemente o seguiam sem problemas.
A égua deslizava entre o grande gramado, a cada galope o cabelo do ômega parecia flutuar ao vento. As ondas castanhas revoltas no ar enquanto ele se concentrava em manter a égua no mesmo ritmo. Assim que fechou a porteira de destino do gado, retornou em direção a casa ainda em sua montaria.
Minho ficou admirando a cena por alguns minutos. Jisung tirou o chapéu de cowboy branco que repousava em sua cabeça, o prendendo na cela, enquanto puxava seu arreio solicitando a parada do animal.
A égua enfim parou, estava a cerca de quatro metros da janela de Minho, o ômega ainda não havia notado a presença do alfa. Uniu o cabelo no topo, enquanto assoprava lentamente em direção ao queixo, uma demonstração clara do calor que sentia.
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Under Two Wheels | Adaptação | Minsung ✔
FanfictionLee Minho costumava voar sobre duas rodas, sempre o melhor, prêmios, fama, dinheiro e muitos contratos. As competições de Motocross em Washington eram o auge da popularidade. Mas a vida é meio sacana às vezes e por causa de um acidente, Minho fica...