02- A criança

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Yva seguia o mandaloriano em silêncio, ele não parecia ser do tipo que falava muito e ela certamente não estava com ânimo para incomodá-lo, a dor em seu pulso era a única coisa em que conseguia prestar atenção.

Não entendia como ele conseguia suportar aquele calor dentro da armadura, ela sentia que poderia desmaiar de desidratação a qualquer momento e ele se quer parecia incomodado. Entrava alguma quantidade mínima de ventilação naquela coisa? Toda aquela roupa preta por baixo dos blocos de metal não pareciam o mais adequado para caminhar debaixo do sol escaldante daquele lugar.

E o pobre bebê? Ao menos ele tinha aquele berço flutuante para descansar, estava muito melhor que ela. Percebeu alguns lagartos correndo em direção a eles, os olhos curiosos dos animais estavam todos voltados para a esfera flutuante.

—Fez amiguinhos, garoto? —Murmurou em direção ao verdinho e quase sorriu quando notou o olhar curioso que ele lançava aos bichos. —Parece que você é o mais simpático de nós três, afinal.

O mandaloriano parou de andar derrepente, seu estado de alerta automaticamente fez com que  a mulher levasse a mão saudável até o blaster. A maior parte do tempo a voz a perturbava, sussurava coisas ruins e a incentivava a fazer coisas ainda piores, mas as vezes ela conseguia a silenciar. Sabia que não era algo natural, bem pelo contrário, mas as vezes se tornava demais  para que pudesse aguentar e acabava apenas reprimindo. E naquele momento estava silenciando a Força  tão bem que não sentiu os caçadores chegando.

Talvez fosse vantajoso ter um mandaloriano por perto afinal, o homem empurrou  o berço bem a  tempo de impedir que um  dos caçadores acertasse o bebê e logo estava lutando contra três criaturas que também carregavam rastreadores. Quantos daquele haviam distribuído?

Correu até uma das criaturas e pulou em suas costas, a coisa sacudiu descontrolada tentando a arremessar ao chão, mas ela apenas se agarrou com mais firmeza enquanto tentava alcançar a adaga em sua bota. Porque colocar uma adaga em um lugar tão difícil  de pegar?  Tinha que repensar aquilo da próxima vez. Quando conseguiu alcançar a lâmina a cravou o mais profundamente o possível na garganta do caçador, saltando depressa de suas costas antes que caísse junto dele.

Sentiu seu corpo congelar quando viu o mandaloriano desentegrar uma criatura antes que conseguisse chegar até a criança. Ele olhava apreensivo para os rastreadores caídos próximos ao pequeno.

—Acho que ainda vamos ter alguns probleminhas no caminho.

Yva não aguentava mais andar, suas pernas começavam a doer e não pareciam estar nem perto de chegar até a nave do homem. Ao menos o sol já começava a sumir no horizonte deixando  o céu em tons de rosa e laranja, para a alegria da garota o companheiro de caçada também parecia estar cansado.

Estava sentada próxima ao berço flutuante olhando atentamente enuquanto o homem cauterizava um ferimento, os gemidos de dor eram os únicos  sons que havia ouvido dele desde que haviam encontrado a criança.

—Posso ajudar com isso, se quiser. —Não sabia porque havia achado que ele a responderia, e não o fez.

Ele parou os movimentos apenas tempo o suficiente para recuperar o fôlego e voltou a pressionar aquela coisa no corte, parecia que estava contendo os murmúrios doloridos para não chamar mais atenção da mulher.

Yva soltou um suspiro irritado e tomou depressa o cauterizador de suas mãos, por um momento achou que ele a jogaria contra uma pedra, mas ele apenas continuou com a postura tensa de antes e esperou que ela pressionasse o machucado.

O cheiro de carne queimada não era nada agradável e ela  não era exatamente a pessoas mais delicada da galáxia, talvez tenha usado muita força no processo o que apenas fez o caçador grunir e se afastar depressa.

MIDNIGHT RAIN - DIN DJARIN/THE MANDALORIAN Where stories live. Discover now