05- A vila

128 17 15
                                    

Yva acordou assustada com a gritaria de crianças próximas de si. Sentou-se depressa e notou que haviam parado de se movimentar e estavam rodeados por pessoas curiosas. Era uma pequena vila de casas, se antes ela já achava que Sorgan era no fim do mundo, aquele lugar ia um pouco além. Mas o Mandaloriano tinha razão, era perfeito para se esconder, porque ninguém teria curiosidade o suficiente para se aventurar floresta a dentro, ainda mais quando não havia literalmente nada alí.

Pulou para fora do transporte um pouco incomodada com os olhares curiosos, algumas pessoas murmuravam e apontavam para seu cabelo o que a fez se encolher quase instintivamente. Aquele cabelo era uma lembrança constante de sua mãe, Yva lembrava de como costumava adorar ver os tons variados de vermelho que refletiam nos fios da mulher quando as duas treinavam debaixo do sol escaldante. Agora, odiava olhar no espelho e perceber que o rosto que encontrava encarando era assustadoramente familiar, sentia uma dor, um vazio, toda vez que via seu próprio reflexo.

Aquele tom de ruivo costumava representar sua família, sua força e poder e, as vezes, sua beleza. Mas, com o tempo que passou a serviço do Império, seu cabelo passou a significar apenas o quão implacável a mais nova Sith poderia se tornar. "Seu cabelo reflete a cor de sua lâmina" havia ouvido aquela frase tantas vezes durante tantos anos que passou a acreditar naquilo como uma verdade absoluta. Agora os cabelos vermelhos eram nada mais nada menos do que um identificador, só serviam para marca-la como a traidora que era.

Praticamente pulou quando sentiu um toque temeroso em sua canela, quando olhou para baixo o bebê agarrava suas calças praticamente implorando para que lhe pegasse nos braços. Yva prendeu a respiração e esperou que algo catastrófico acontecesse, que perdesse o controle e matasse todas aquelas pessoas inocentes, mas nada aconteceu, o garoto apenas continuou a olhar para ela com aqueles grandes olhos e fazer sons de bebê.

—O que você quer? —Tentou soltar-se sem sucesso e soltou um suspiro frustrado. —Seja lá o que for, vá pedir ao Mandaloriano.

Sabia que estava sendo ridícula, que a criaturinha se quer sabia falar. Abaixou-se ainda relutante e o pegou nos braços, esperou pelos sussurros, pelos gritos em sua mente, mas nada veio, sua cabeça estava perturbadoramente silenciosa.

—O que está fazendo? —Era perceptível pelo tom de voz do homem que ele parecia intrigado.

—Segurando o bebê, não é óbvio? Talvez você não devesse deixar ele soltou por aí. —Olhou quase afetuosa para os cabelos brancos do pequeno.

Mando achava curiosa a relutância da garota em demonstrar que se importava, ela parecia ser quase pior que ele quando se tratava de lidar com o que estava sentindo. Mas ele bem sabia que aquilo era quase impossível, ele era um Mandaloriano, eles não haviam sido ensiandos a demonstrar, bem pelo contrário. Manter-se distante das outras pessoas era o que tornava as coisas mais fáceis para ele, se não havia ninguém para se importar também não havia nada a temer.

Observou com diversão o pânico tomar conta do rosto da ruiva quando um grupo de crianças se aproximou para olhar para o bebê.  O garoto fazia sons curiosos para os outros pequenos, estava praticamente pulando para longe dos braços de Yva.

—Deixe ele brincar com os outros. —Mando murmurou enquanto tomava o garoto do colo da mulher e o colocava no chão. —Vem, temos que levar as coisas até as cabanas.

A mulher agarrou a bolsa e o seguiu em silêncio. Era uma vila pequena, muito pequena, rodeada por tanques de água, provavelmente já haviam visto todas as pessoas que ali moravam naqueles poucos minutos que andavam pelo lugar. Ela apertou os olhos para a luz do sol que refletia na armadura do mandaloriano, havia lhe caído muito bem, apesar de ele não parecer o tipo que gostava de chamar atenção.

MIDNIGHT RAIN - DIN DJARIN/THE MANDALORIAN Kde žijí příběhy. Začni objevovat