Capítulo 26

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Por causa do tempo que eu demoro para conseguir levantar da cama, acaba sendo uma vantagem acordar muito cedo.

Não consigo ter uma noção do tempo que eu fico lá, deitado, mas definitivamente parece uma eternidade.

Quando finalmente tive forças para levantar, fui direto pegar meu celular para ver o horário, logo lembrando que ele havia quebrado.

Deixei o horário de lado e fui até o banheiro. Tomei um banho rápido, evitando ao máximo molhar a minha mão machucada, com a esperança de que seria o suficiente para me deixar mais acordado e criar mais energia no meu corpo.

Foi relaxante, mas continuei lento, cansado. "Talvez ontem tenha sido um dia muito intenso, eu estou destruído."

Após tomar banho e trocar de roupa, saí do meu quarto e fui até a sala. Meu pai não estava lá. A casa estava completamente silenciosa, podia escutar miha própria respiração.

Fui até a cozinha para ver o relógio. Ainda estava bem cedo, faltava uns vinte minutos para chegar no horário em que eu costumo sair de casa para ir até a escola.

Aproveitando que já estava na cozinha, decidi fazer um algo para comer, só para garantir que eu não ficaria com sono durante a aula.

Quando terminei de fazer meu café, pude escutar um barulhinho no segundo andar. Acho que meu pai acordou.

Ignorei isso e tomei um gole do meu café, logo depois dei uma mordida no meu sanduíche.

Não demorou nem dois minutos para que eu começasse a sentir uma pressão estranha no peito. Subiu rapidamente até o meu pescoço. Corri até a pia da cozinha e me forcei a cuspir a comida, antes que meu corpo fizesse isso sozinho.

— ...Que merda é essa? —

"Por que isso aconteceu?"

Eu estava conseguindo comer normalmente até ontem, por que isso aconteceu logo agora, do nada?!

Me apoiei na pia, meio abatido. É uma sensação horrível.

"Qual é a diferença? Por que isso aconteceria do nada? O que tem de errado comigo?!"

Frustrado, tentei dar mais uma mordida no meu sanduíche. Inútil. Antes que eu sequer conseguisse engolir, o refluxo veio e eu cuspi tudo.

Eu fechei meus olhos e respirei fundo, tentando ficar calmo e entender a situação. Isso não fazia sentido, isso não é algo que acontece aleatoriamente.

"É porque eu estou sozinho agora?"

— Que idiota... — Murmurei, tentando negar essa ideia.

A única diferença entre agora e os últimos dois dias, é que agora eu estava sozinho. Michael ou algum dos meus amigos estava comigo durante as refeições desses dias. É a única diferença.

Talvez isso não seja muito lógico, mas é a única explicação. Eu sei que é, não adianta negar.

"Eu não sei fazer nada sozinho. Não sei ser normal?"

Esses pensamentos fizeram a frustração aumentar ainda mais, trazendo lágrimas consigo.

— Eu não quero depender dos meus amigos... Eu nunca quis ser um peso. —

Eu sempre deixei de fazer tantas coisas para evitar isso... E agora, mal consigo comer sozinho.

Não quero ser assim. Eu quero ser capaz de fazer coisas simples de rotina. Como eu posso querer dar um jeito em todo esse desastre, se eu mal consigo ficar sozinho por um dia?

Você me odeia? (Michael Afton x Male reader)Kde žijí příběhy. Začni objevovat