🌹𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 𝐕𝐢𝐧𝐭𝐞 𝐞 𝐔𝐦

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"Vejo as luzes, vejo a festa, os vestidos de baile
Vejo você abrir espaço pela multidão
E dizer: Olá
Eu mal sabia
Que você era o Romeu"
LOVE STORY | TAYLOR SWIFT

Aaron

Eu conhecia minha esposa.

Eu conhecia muito bem a mulher que eu amava.

E por isso, tinha percebido sua mudança. Eu percebia a alegria com que saia para passear na cidade todas as tardes, mas também notava o brilho de tristeza em seus olhos quando ela voltava e ia direto para os meus braços, querendo um abraço.

Eu sabia que ela estava visitando muito o orfanato e sabia do seu carinho pelas crianças, mas algo estava me dizendo que havia mais nisso do que ela mesma era capaz de admitir. Naquela tarde, eu a observei sair, entrar na carruagem com um sorriso enorme e uma cesta de comida maior ainda. Eu estava feliz por ela ter encontrado algo que a distraísse da dor que eu sabia que a machucava, a incerteza e o medo de nunca engravidar.

Quando ela me contou, uma parte de mim ficou triste, porque realmente eu queria filhos com ela. Desde o primeiro momento que a vi eu soube que queria tudo com ela, mas nada, nada, me faria desistir de Charlotte. Nem mesmo se nunca tivéssemos filhos. Eu não me importava, poderia superar isso, mas jamais conseguiria viver sem ela. Isso não era uma escolha. Aquela mulher era minha vida. Eu vivia para fazê-la feliz.

Mas, então, voltando ao assunto inicial: eu estava preocupado. Me xinguei mentalmente por não ter pedido para ir com ela hoje, assim poderia ver o que tinha lá que a fazia tão feliz e tão triste ao mesmo tempo. Eu precisava ver.

Recomecei minha andança pela sala de estar em frente a janela, pressionando o punho contra a boca, tentando pensar em alguma coisa. Eu não conseguiria ficar quieto.

Minha avó, que tinha se sentado aqui para ler a alguns minutos e estava fazendo careta para minha andança sem fim, disparou:

— Vá logo atrás dela — ordenou ela, me fazendo virar o pescoço rapidamente em sua direção — Vai acabar enlouquecendo e me deixando louca no processo. Sei que está preocupado e curioso, eu também estava, por isso fui com ela no outro dia. Agora faça o favor de ir ver por si mesmo e me deixar ler em paz.

Soltei o ar que não notei ter segurado.

— E se ela ficar brava? Achar que estou tentando espioná-la? — perguntei, aflito.

Vovó revirou os olhos para mim com tanta força que achei que fossem saltar das órbitas.

— Todos nós sabemos que você jamais faria algo que pudesse magoá-la — afirmou ela, certa de suas palavras e me senti mais aliviado — E tenho certeza que ela também sabe, pode acreditar. Agora suma da minha frente, garoto!

Abri um sorriso largo e me inclinei, beijando sua bochecha rapidamente antes de disparar para fora, gritando com um dos garotos para que me trouxesse meu cavalo. Assim que o cavalo foi selado, eu montei e parti para a cidade, meu coração acelerado dentro do peito. Acho que nunca cavalguei tão rápido antes e cheguei a cidade em tempo recorde.

Passei pela ponte e parei, segurando as rédeas. Para que lado era o orfanato mesmo? Franzi a testa, tentando me lembrar, mas então, risadas e gritinhos de crianças chamou minha atenção na praça. E ali estava ela. Charlotte brincava de roda com um bando de crianças, ao mesmo tempo que equilibrava um garotinho agarrado a um ursinho em seu quadril. Ela sorria e ria com eles, seus olhos brilhando e meu coração se contorceu.

Desci do cavalo e rapidamente o amarrei no tronco de uma árvore da praça, aproximando-me deles, em silêncio, apenas observando e admirando aquela alegria pura e genuína no rosto daquelas crianças e no de minha esposa. Então por que ela voltava tão triste?

Como Agarrar Um Duque Where stories live. Discover now