Parte 8

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Andávamos em um silencio pesado e desconfortável. Eu estava bem ciente de Lucian andando ao meu lado com os braços para trás olhando a lua que se estendia acima de nossas cabeças. Aproveitei esse tempo de silencio para ter certeza de que mantinha meu lado animal sobre rédea curta.

-Não estou pedindo que me perdoe, e nunca vou pedir isso. –Lucian quebra o silencio.

Tenho que admitir que suas palavras não eram exatamente as que eu esperava nem de longe, totalmente o oposto eu esperava que ele fizesse que nem Samanta e jogasse essa idéia de que tinha feito para meu próprio bem e que fora necessário como se eu fosse realmente cair nessa, não quando eu tinha vivido um inferno durante anos até que estava grande o suficiente para tomar controle de minha própria vida.

–Só espero que me escute. –Pede

Fico em silencio, não havia o que dizer, e como tinha ido ali para escutar o que eles tinham a dizer sobre seus motivos para me deixar, então eu não tinha motivo para protestar. Depois de mais alguns segundos de silencio ele voltou á falar.

-Samanta e eu nos conhecíamos desde crianças, seus pais eram os betas do meu pai. Nossos pais sendo tão próximos assim fazia sentido para eles que seus filhos fossem prometidos um ao outro. Mas tanto eu quanto Samanta resolvemos que não queríamos ficar juntos quando tínhamos idade suficiente para entender o que estava acontecendo. Não porque não nos gostássemos, afinal fomos criados juntos e não nos separávamos nunca, carne e unha. –Um riso divertido escapou dos lábios de Lucian que olhava para as estrelas enquanto eu o observava atentamente. –Éramos teimosos e não queríamos fazer nada que nossos pais mandavam. Sabe meio rebeldes? –Seus olhos azuis descem para me encarar esperando uma resposta, apenas aceno e ele volta á olhar para o céu quase como se toda a historia estivesse escrita ali.

–Percebemos quando adquirimos mais maturidade que não adiantava brigar com nossos pais quando queríamos ficar juntos e só não estávamos por não querer fazer o que eles tinham decidido. Tínhamos dezoito anos quando eu e sua mãe realmente ficamos juntos pela primeira vez. –O humor rapidamente vai embora, uma expressão sombria tomando conta de sua face, seus olhos azuis escurecem e foi ai que percebi que ele tinha se perdido nas lembranças.

-Dois meses depois descobrimos que Samanta estava grávida. Éramos jovens, mas bem, eu a amava e também te amava assim que soube que estava no ventre de Samanta. O problema era que as coisas naquela época não eram tão simples como hoje em dia. Estávamos em guerra com a matilha do sul. –O olhar triste de Lucian se aprofundou á um nível que ele quase parecia com dor, suas feições congelando em uma expressão de pesar.

-Na noite do seu parto a matilha o sul atacou nossa matilha. Muitos dos nossos morreram. –Ele volta à realidade e para de andar virando de frente para mim e me encarando. Eu podia dizer que a dor em seu rosto era verdadeira. – Você quase morreu também. Foi quando eu e sua mãe decidimos que era melhor te mandar para longe daqui, para um lugar onde você teria uma vida normal e ficaria em segurança até que a guerra acabasse. Não queríamos, mas sabíamos que seria a melhor coisa a se fazer devido as circunstancias. Os lobos da matilha do Sul sabiam que você era nosso ponto fraco e fariam de tudo para machucá-la para nos atingir.

-Foi a pior decisão que já tive que tomar. Samanta ficou meses em depressão. Meus pais e os dela tinham morrido no ataque e seus dois irmãos mais velhos também. As coisas estavam tensas demais, e eu não conseguia fazê-la melhorar. Nosso território estava um caos, foi difícil encobrir nossa existência da policia quando haviam acontecido dezenas de assassinados durante á guerra, vitimas sem culpa mortas apenas por estarem no lugar errado e na hora errada. Muitos adultos morreram, dezenas de crianças ficaram órfãs, foi quando Samanta resolveu transformar o castelo em u instituto para os nossos lobos que tinham perdido os pais.

-Demorou mais de quatro anos para conseguirmos reorganizar tudo depois do ataque. Durante esse tempo eu me enterrei no trabalho enquanto Samanta se dedicava somente ao instituto cuidando das crianças como se fossem suas filhas já que não podia cuidar de você. Acho que era seu jeito de compensar sua falta.

Fico em silencio mesmo depois que ele para de falar. Não era pouca coisa para digerir, mas agora eu entendia o porque lês terem me mandado para longe. Obviamente não queria dizer que eu concordava, que eu os perdoava ou qualquer coisa assim. Talvez eu pudesse perdoá-los com o tempo, mas mesmo entendendo eu ainda iria preferir passar por tudo isso com eles do que viver o que tive que viver com meus pais adotivos. Claro que eles não deveriam saber o que tive que passar, e não pretendia contar, mas se soubessem eu tinha certeza de que teriam se arrependido de sua escolha de me mandar para longe.

-Porque me mandar uma carta tantos anos depois?

-As coisas entre nos e a matilha Western vem estado em relativa calmaria nos últimos dois anos, tirando algumas invasões ocasionais que são punidas com a morte do infrator á guerra deu uma pausa que eu espero durar um tempo de qualidade. Queríamos recomeçar com você, é nossa herdeira, a matilha é sua não só por direito, mas também porque é á única que pode tomar nosso lugar quando não pudermos mais cuidar disso. Agora mais velho o risco também seria menor, você é uma alfa e com treinamento certo vai saber se defender.

-Eu sei me defender. –Resmungo olhando para as arvores da propriedade enquanto assimilava tudo. –Não quero assumir sua matilha. Não pretendo ficar aqui, tenho uma vida que construí praticamente sozinha e com meus próprios punhos, não vou jogar tudo fora só porque vocês resolveram que agora eu poderia lidar com problemas.

-Entendo. –Ele suspira. –Só quero que saiba que se algo acontecer comigo e Samanta, nenhuma outra pessoa vai poder assumir o controle da matilha. Não quero jogar nada nos seus ombros, mas tem que saber todas as conseqüências quando tomar a decisão definitiva. Lobos não podem ficar sem um alfa ou eles morrem. Então todos os lobos que estão sobre o controle da matilha teriam apenas três opções, ou se juntar a matilha Western, procurar outra matilha longe daqui ou morrer. Nenhum dos meus lobos iria se juntar á matilha Western mesmo que sua vida dependesse disso. Seria muito difícil outra matilha aceitar todos os lobos que temos aqui, assim só restaria á ultima opção. Se não se tornar a alfa, todos provavelmente vão morrer.

-Maldito jeito de não jogar as coisas sobre meus ombros. –Rosno dando um passo ameaçador em sua direção. –Você vem com todo esse papo de que não queria minhas desculpas só precisava que eu escutasse, provavelmente achou que depois de saber de tudo eu iria ceder, quando não aconteceu resolveu apelar para meu sangue alfa e meu lado humano. Deveria arrancar sua maldita cabeça e dar de ração para os lobos da matilha Western. –Puxo meus dentes para fora rosnando alto para Lucian que dá dois passos para trás levantando as mãos em sinal de rendição. Nesse momento escuto a porta da instituição abrindo e alguns segundos se passam até que Matt e Trent estejam ao meu lado enquanto Samanta e cinco lobos adultos se colocam ao lado de Lucian. –Fique longe de mim. –Aviso rosnando uma ultima vez antes de me virar para o portão andando rapidamente louca para me transformar de novo e apenas ter a liberdade que apenas meu lobo poderia me dar nesse momento. Paro assim que chego ao portão virando para ver os dois garotos logo atrás.

-Voltem para dentro. –Ordeno.

-Somos seus betas e não seus cachorros Cameron, tem uma grande diferença. –Trent retruca cruzando os braços na frente do rosto fazendo careta para mim.

-Vamos com você. –Matt diz também cruzando os braços uma cara teimosa em seu rosto bonito.

-Não vão.

-Já disse querida, não somos cachorros, se acha que rosnando vai nos ter com o rabinho entre as pernas fazendo o que quiser, está enganada. –Trent abre a boca mais uma vez. Um segundo depois Trent está com as costas presas ao muro do instituto, enquanto minha mão o segura pelo pescoço tão forte que posso ver as marcas de meus dedos começando á aparecer em sua pele.

-Não, vocês não vão. –Rosno contra seu rosto ficando admirada por não ver medo em seus olhos, apenas teimosia e uma pitada de diversão. Aproximo meu rosto do seu puxando ele pela camiseta até que esteja inclinado. –Continue me provocado querido e vai me ter cumprido a promessa sobre amarrá-lo a minha cama enquanto uso um de meus chicotes nesse seu corpo bonito.-Solto sua camiseta e me viro para Matt que observa tudo impassível. –Não sou boa companhia agora. Então apenas façam o que estou pedindo e me deixem em paz. –Me transformo e pulo o murro sem esperar por uma resposta.

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Instituição Wolf Kimberley (Em Revisão)Where stories live. Discover now