Fantasma dos olhos de prata parte dois

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Sem acreditar na visão que seus olhos lhe mostravam, a ruiva ficava boquiaberta com a cena que presenciava, não só ela, mas Leyla não entendia oque acontecia, e em choque elas paralisavam vendo a paladina imóvel no chão. Diferente do loiro, que mostrava total indiferença atacando sua própria aliada. A fera não recuava de forma alguma, balançando sua cauda ela atacava na direção do cavaleiro, que agilmente se esquivava para o lado, tornando todas as tentativas ofensivas do monstro, inúteis.



Afastando-se alguns passos para trás o cavaleiro transmitia um olhar fixo, apenas mirando em seu oponente. A fera lançava-se aos céus, e logo em seguida mergulhava sedenta contra seu algoz prateado, o vento balançava com seus movimentos bruscos, e sua mandíbula se abria para devorar o guerreiro. Em resposta, friamente o loiro erguia sua espada finalmente a segurando com ambas as mãos, algo inédito até aquele momento. Sua postura era firme, pode se dizer que era possível sentir seu poder entre as vibrações do ar, era difícil de explicar, mas sua força emanava em uma pressão invisível para aqueles que a sentiam, enquanto permaneciam próximos ao cavaleiro, era um sentimento esmagador.




-Loyce! – Velika exclamava em desespero, seus olhos ardiam em uma tormenta de sentimentos, que a tiravam de seu transe.





A ruiva corria desesperadamente na direção do loiro, um turbilhão de pensamentos passava por sua mente, e ela se negava a acreditar que o homem a sua frente havia assassinado sem pudor algum aquela pessoa que inesperadamente ela havia reconhecido como uma ''parceira''. Seu mórbido olhar acinzentado agora ardia em uma chama fria, tão fria quanto as geleiras que tocavam o céu, aquela não podia ser a mesma pessoa que possuía um nobre e belo azul em seus olhos. Despencando sua espada para baixo seu corte era avassalador, a criatura que avançava contra ele competia forças, mas era completamente subjugada pelo golpe da lâmina do cavaleiro. A espada descia em seu julgamento, o condenando ao sono eterno, inerte na não vida. O golpe divino da lâmina de prata partia o corpo do apóstolo em dois, desde o começo de sua cabeça, ate o fim de sua cauda.






Tão grande era o poder que aquele ataque possuía, sua lâmina não só repartia completamente seu adversário, mas ainda assim quando encontrava o solo, seu impacto não era absorvido, criando um estrondo enorme destruindo tudo a sua frente, abrindo uma fenda no chão varrendo tudo que estava em seu caminho. Leyla com um reflexo inumano estocava para cima da ruiva, que se encontrava no alcance de devastação do ataque. Se jogando contra a meia elfa que não tinha tempo de reagir, a tirava do raio de destruição daquele golpe avassalador.




Sem acreditar naquilo que presenciavam, ambas estavam surpresas com tamanho poder, Leyla caia por cima da meia elfa, que ainda permanecia em choque com as ações do cavaleiro. Seu corpo todo tremia, não pelo medo, mas sim por finalmente conhecer o monstro que se escondia por trás do belo e gentil cavaleiro prateado, com todas as forças que lhe restavam ela negava tudo aquilo que estava acontecendo, mas ela não poderia ficar assim por muito tempo. Adjacente a elas, Loyce balançava sua arma, e direcionava seu olhar para ambas. Velika negava todos os pensamentos de que teria que enfrentar aquela pessoa que agora a olhava com tanta frieza, mas não havia outra maneira, era aquilo ou ser morta, ela não tinha escolha, ela estava encurralada.





-Vou lhe dar cobertura. Nós temos que pará-lo! - Essas eram as palavras da loira que logo se levantava, ficando poucos passos atrás da meia elfa.




Finalmente a ruiva desembainhava suas duas lâminas, como uma predadora do mais nobre calibre ela afiava seu olhar contra o loiro ao longe, ela estava decidida, ela iria pará-lo. Alimentando seu arco com quatro flechas, Leyla disparava na direção do cavaleiro, os projeteis eram quase que invisíveis, rasgando o ar a sua volta com tamanha velocidade, eles rapidamente se aproximavam de seu alvo. Balançando seu corpo para os lados, sem medo algum o guerreiro avançava, desviando com facilidade das flechas, oque fazia Leyla não acreditar em que seus olhos lhe mostravam, com tamanha facilidade ele inutilizava por completo o ataque dela. Antes mesmo que pudesse pensar em seu próximo passo, o cavaleiro já se encontrava a sua frente, movendo sua espada para o lado ele atacava na horizontal, um movimento ágil e preciso, mas que era bloqueado com ambas as adagas de Velika, que absorvia o impacto do ataque. Os olhos de ambos se encontravam, o sentimento de melancolia da ruiva era nítido, mas era correspondido pela frieza que as orbes acinzentadas do loiro expressavam.




Aproveitando a brecha que seu bloqueio lhe dava, a meia elfa girava seu corpo para o lado, empurrando a lâmina de seu oponente, tirando seu equilíbrio. Aproveitando o movimento ela adicionava uma mudança de direção criando um ataque giratório, buscando o rosto de sua presa. Com um passo para trás Loyce se esquivava, fazendo o golpe cortar o ar. Sem tempo para devaneios, antes mesmo de sua lâmina terminar sua trajetória, a espada de Loyce já buscava seu corpo, vindo de cima para baixo o golpe ansiava a repartir em dois, assim como feito contra o monstro alado.





Pulando cada uma para um lado, tanto Velika quanto Leyla evitavam aquele avassalador movimento. A loira novamente prepararia suas flechas, mas o guerreiro não as dava tempo para nada, novamente avançava contra a meia elfa. A mulher nem mesmo conseguia recuperar sua postura, novamente o cavaleiro estava em sua frente. Com um corte rápido ele buscava rasgar seu corpo, se não fosse pelos afiados reflexos da mesma, que com o susto conseguia bloquear, e não só isso, mas também contra-atacar. Com um passo para frente após evitar o golpe, ela encurtava ainda mais a distância entre eles, cortando de baixo para cima, o fio de sua lâmina beijava a Buchecha de seu algoz, que evitava o movimento por um tris.





Ainda mais rápido, o fantasma dos olhos de prata desaparecia da visão da ruiva, que apenas seguia seus instintos se virando para trás, onde já se encontrava o cavaleiro, que com uma velocidade estupenda conseguia se deslocar até seu ponto cego.  Ela havia sido pega, com todas as suas forças ela não podia acompanhar aquela velocidade, não conseguia prever aquele movimento, e ali estava tudo acabado. Com apenas sua mão direita a espada sagrada de Loyce se movia, de cima para baixo ele sentenciava a morte da ruiva, ouvindo apenas o som da majestosa lâmina cortar o ar enquanto se aproximava.




-LOYCE! - Apenas essas palavras de desespero saiam de sua boca.





Ao escutar o grito desesperador de sua companheira, seus olhos se arregalavam, tirado de um sono profundo, era como se ele acordasse de um transe infernal que sua mente se escondia. Girando seu pulso para o lado ele conseguia mudar a trajetória de sua espada, quando ela quase tocava os fios avermelhados da mulher, fazendo sua lâmina beijar o solo ao lado.







Surpresa com aquele movimento do loiro, a ruiva não sabia oque pensar. Olhando fixamente nos olhos do cavaleiro, era como se algo tivesse mudado. Aproveitando a brecha que o guerreiro lhe dava, ele ainda permanecia imóvel, como se estivesse em choque, sem mexer um musculo se quer. Cruzando suas espadas no pescoço de Loyce ela os apertava, ameaçando sua vida.




Pensamentos distantes...





Aquele grandioso salão abandonado, imerso em escuridão, apenas tinha como luz as tochas que ficavam fincadas em sua parede rochosa. Escuro, frio, solitário, todos aqueles sentimentos se misturavam com o quente e tortuoso cheiro de sangue que ali emanava. Incontáveis corpos mortos lacerados, enfeitavam aquele chão gélido e mórbido. Dez, vinte, trinta...era difícil contar aquele emaranhado de morte que deturpava o espaço do lugar. Ajoelhado, desamparado e perdido, apenas seus olhos prateados queimavam em uma chama fria e cruel, o espelho do vazio que aquelas íris passavam, mostravam que a morte era sua amiga. O garoto tinha sangue por todo seu corpo, seus fios dourados eram manchados pelo vermelho apagado do sangue daqueles que estavam caídos...sua expressão, vazia, nada dizia.




-Você fez bem Elyo...você é um sucesso...

Hollow AgeOnde histórias criam vida. Descubra agora