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Capítulo 42

      Wang Yibo

      Acordei com o barulho do cortador de grama vindo do quintal. O sol tinha acabado de nascer, e não havia qualquer motivo para alguém cortar a grama àquela hora. Fui até a varanda nos fundos da casa e vi Xiao Zhan no local onde havia acontecido o incidente com Daí Kun. Levei a mão ao coração e desci a escada, sentindo a grama molhada da manhã nos meus pés.

      — O que você está fazendo? — perguntei.

      Ele olhou na minha direção e desligou o cortador.

      — Eu não queria que você visse o gramado daquele jeito quando olhasse para o quintal. Eu não queria que você se lembrasse do que aconteceu.  Ele colocou a mão no bolso e pegou uma moeda.

— Daí Kun deixou cair essa moeda... você já a tinha visto antes? — Ele a jogou na minha direção. — É uma moeda com dois lados iguais. É só cara.

      — Ele nunca ganhou nenhum cara ou coroa, então? — constatei, um pouco chocado.

      — Nunca. Não acredito que não percebi tudo antes, que ele quase conseguiu fazer mal a você e a XuanLu... Eu devia ter percebido que tinha algo errado. Devia ter percebido...

      Ele é tudo para mim. Eu queria muito pensar melhor sobre toda aquela situação. Sobre o fato de ele ter nos abandonado, sobre seu retorno. Eu queria duvidar de que ele poderia ser a pessoa certa para mim, mas meu coração silenciava minha mente. Meu coração dizia apenas para eu sentir, viver o momento, porque era tudo que eu tinha, aqui e agora. Num piscar de olhos, eu poderia perder tudo. Eu precisava abraçar esse homem que estava diante de mim.

      — Eu te amo — sussurrei.

      Os olhos sombrios de Xiao Zhan sorriram, melancólicos, e ele colocou as mãos nos bolsos.

      — Não mereço isso.

      Eu me aproximei, e meus dedos se entrelaçaram em sua nuca, trazendo seus lábios para perto dos meus. Os braços dele envolveram minha cintura, e eu estremeci ao sentir um pouco de dor.

      — Você está bem? — perguntou ele.

      — Já senti dor muito pior.

      Meus lábios tocaram os dele, e senti o ar saindo de sua boca. Acompanhei sua respiração; enquanto ele expirava, eu inspirava. O sol da manhã se erguia atrás de nós, iluminando levemente a grama.

      — Eu te amo — sussurrei novamente.

      Ele encostou a testa na minha.

      — Yibo... preciso provar que não vou abandonar você de novo, que sou bom o suficiente pra você e pra XuanLu.

      — Cala a boca, Xiao Zhan.

      — O quê?

      — Eu disse cala a boca. Você salvou a vida da minha filha. Salvou a minha vida. Você não é só bom. Você é tudo pra nós.

      — Nunca vou deixar de amar vocês dois, Yibo. Prometo que vou te provar o quanto eu te amo por toda a minha vida.

      Meu rosto roçou o dele, e meu dedo tocou seus lábios.

      — Zhan?

— Sim?

      — Me beija?

      — Claro.

      E foi exatamente o que ele fez.

(...)

Na manhã seguinte, XuanLu e eu estávamos sentados na varanda da frente, bebendo o chá e o chocolate quente que o Sr. Ziteng havia trazido.

Um carro se aproximou, e XuanLu começou a gritar, superanimada, quando o motorista parou e abriu porta de trás. Suibian saiu correndo do carro na direção dela.

      — Suibian! — gritou ela com um sorriso enorme no rosto.
— Você voltou!

      Ele balançava o rabo de alegria, a animação tomando conta dos dois. Derrubou XuanLu no chão e começou a lambê-la.

      Fiquei muito feliz ao ver o casal de meia-idade que saiu do carro.

      — Desculpe — falei, apontando para XuanLu e Suibian.

— Eles são muito amigos.

      Antes que eu falasse mais alguma coisa, a senhora me abraçou.

      — Muito obrigada — murmurou ela. — Muito obrigada.

      Quando nos separamos, sorri para aquela que, sem dúvida, era a mãe de Xiao Zhan.

      — Ele tem seus olhos. Da primeira vez que o vi, achei algo familiar. E, agora entendo, eram os seus olhos.

      — Acho que não nos apresentamos ainda. Sou Xiao Sanren, e esse é meu marido, Changze.

      — É um prazer conhecê-los. Sou Wang Yibo, e aquela é minha filha, XuanLu.

      — Ela é linda — disse Changze. — Ela se parece muito com você.

      — Você acha? Sempre achei que era a cara do pai.

      — Acredite em mim, querido. Ela é você em miniatura.

Vamos entrar. Xiao Zhan disse que você decorou a casa. Que tal você me mostrar tudo?

     Sanren deu uma piscadela, e nós entramos. XuanLu e Suibian nos seguiram.

      — Então, Xiao Zhan já contou sobre a loja que o Sr. Ziteng deixou pra ele? — prosseguiu ela.

      — Contou sim, e achei incrível. Ele é muito talentoso. Acho que ele vai se sair muito bem. — Sorri e me virei para Changze. — Ouvi dizer que o senhor vai ser sócio dele?

      — Esse é o plano — respondeu. — Acho que vai ser muito bom. Um novo começo pra todos nós.

      Enquanto eu mostrava a nova casa de Xiao Zhan, Sanren comentou que eu deveria pensar em voltar a trabalhar com design de interiores. Pela primeira vez em muito tempo, considerei a possibilidade de recomeçar. Eu não sentia medo como antes. Na verdade, a ideia me inspirava.

      Eu tinha esperança  no futuro, eu queria que minha filha sentisse muito orgulho de mim.

(...)

O ar que ele respira Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang