Capítulo 5: Sakura deve ser esquecida

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Não há vermelho na sua paleta

Capítulo 5: Sakura deve ser esquecida

Na mesma tarde após a morte de Sakura uma movimentação estranha surge na Torre Hokage. Desde o ataque de Orochimaru e a baixa em metade do contingente shinobi essas reuniões são quase diárias e enfadonhas a maior parte do tempo. A Godaime e o conselho têm absoluta ciência de que Konoha enfrenta uma crise tão grande que esse, provavelmente, é o momento perfeito para um inimigo qualquer decida atacá-los, aproveitando de sua vulnerabilidade atual.

Num desespero de remontar a ordem e resolver todas as questões administrativas relacionadas às perdas, eles passam horas reavaliando estratégias em casos de possíveis ataques, firmando alianças - em especial se restabelecendo com Suna, que enviaria alguns de seus shinobis como um gesto de confiança em breve - e pensando em maneiras de reafirmar Konoha como uma potência militar.

Ainda assim, aquela reunião em particular chamou a atenção dos presentes pela configuração dos convocados. Além da hokage e conselheiros, alguns dos jonins envolvidos no Incidente Haruno Sakura e shinobis que, de alguma forma, tinham algum tipo de conhecimento sobre a garota, também estavam presentes.

Não apenas isso, uma ordem com o selo deste mesmo conselho foi emitida horas antes, exigindo o permanente silêncio sobre o que havia acontecido no terraço do hospital, pelo menos até que a reunião terminasse e novas orientações surgissem. Jonins, legistas, médicos e enfermeiros foram rapidamente orientados a manter silêncio e discrição.

Por outro lado, os pais receberam dois anbus da Raiz para acompanhá-los nas difíceis atividades que se seguiram à notícia recebida naquela manhã. Por todos os efeitos, o acompanhamento era uma cortesia da 'hokage' para amparar os entes queridos de uma preciosa genin. Por baixo dos panos, não passava de um sujo estratagema para mantê-los suficientemente ocupados e distraídos para não noticiarem por aí a causa da morte de sua filha.

Tsunade, quando convocada, achou estranho, terrivelmente estranho, que o conselho da Folha - Koharu, Himura e Danzo - estivessem tão interessados em discutir a morte de uma genin sem clã, sem kekkei genkai e sem prestígio.

Até certo ponto, todo mundo sabia que eles estavam cagando para isso.

Então foi bastante surpreendente entrar na sala e encontrar a maioria de seus jonins e o Conselho aguardando-a com uma expressão séria.

Em silêncio, a Godaime deu a volta na mesa e sentou-se na cadeira da cabeceira, ladeada pelos conselheiros e com seu corpo jonin de pé.

— Estamos correndo algum risco de ataque? Porque não vejo motivo para essa reunião no meio da tarde desta terça-feira — Tsunade disse, enfim, duramente olhando para Danzo, o solicitante e principal agente das últimas ações.

Apesar disso, é Koharu quem responde:

— Dois dos novatos causaram ferimentos fatais em uma colega.

Tsunade a olha como se ela fosse boba por dizê-lo.

— Isso nunca foi assunto para o hokage. Genins morrem toda semana. Por que essa garota importa para nossos honoráveis políticos? — Os anciões não deixam de notar o tom jocoso, mas ignoram.

— A garota? Não — Danzo implica e sua voz ecooa na sala silenciosa, seu único olho visível inspeciona as expressões duras de Tsunade. — Se essa menina achou que poderia entrar entre um chidori e o jutsu do Quarto, bem, isso apenas mostra um grau de estupidez de alguém que nunca seria útil para nossa vila.

Um silêncio tenso ocupa a sala. Gai, nas fileiras mais atrás dos jonins, aperta as mãos em punho, procurando pelo cabelo grisalho de Kakashi entre as cabeças, mas ele simplesmente não estava ali.

Tsunade, porém, parece imperturbável.

— Isso não explica sobre esse chamado.

— É sobre o jinchuriki e o herdeiro Uchiha — Koharu interfere outra vez. A carne solta de sua bochecha flácida balança quando ela o diz. — Os pais da garota querem justiça, ouvi dizer.

— Uma resposta perfeitamente natural. — Tsunade cruza as mãos em frente ao rosto.

Homura finalmente toma parte da conversa, ajeitando os óculos brevemente:

— A pena mínima por homicídio doloso é de cinco anos. — O estômago de Tsunade começa a embrulhar notando o rumo da conversa.

Ele continua:

— Não há a menor possibilidade de abrirmos mão de dois shinobis que serão, certamente, talentos no futuro. Jiraya é o atual mestre de Naruto e, devo lembrá-la, ele foi nossa primeira opção como Hokage. Naruto ter dominado um jutsu tão complexo em tão pouco tempo é algo... admirável. Além disso, ele é o portador da Kyuubi e, por si só, é uma arma poderosa demais para darmos o que os pais de uma garota comum querem.

A testa da godaime franze, deformando o diamante em sua testa.

— Bem, e o Uchiha?

— Um prodígio que não vemos desde Uchiha Itachi. Ele será um poderoso shinobi dessa geração, sem dúvidas. Além disso, o que aconteceu não passa de um lamentável acidente, do qual a garota tem mais culpa. — Homura completa. — Somos contra eles serem punidos. Para o bem da vila.

— Para o bem da vila — Koharu ecoa.

Danzo se mexe em sua cadeira, seu olho pequeno se estreita.

— Konoha está em seu momento mais frágil desde o ataque da Raposa treze anos atrás. Não podemos nos dar ao luxo de perder mais shinobis. Gostaria de propor que os garotos fiquem sob minha tutela, como integrantes da Anbu Ne.

A risada de Tsunade é a primeira coisa que escutam após minutos de silêncio.

— É isso que você quer? Que eu te entregue facilmente a kyuubi e o último Uchiha? Acha que eu sou tola?

— Do que você está me acusando, exatamente? — As palavras de Danzo são afiadas, mas os shinobis da sala mais sensíveis quase podem sentir uma tremulação no chakra sombrio do conselheiro, ainda mais intensa.

— Acusando? De modo algum. Mas não vou ceder os garotos para sua associação deturpada, esta que, até onde eu saiba, havia sido dissolvida pelo Terceiro.

— Essa associação deturpada garantiu a paz desta vila por muitos anos fazendo o trabalho que muitos de vocês não teriam coragem. Além disso, estamos em um momento sensível, eu não recusaria ajuda disponível, hokage-sama — ele aponta e quando Tsunade desvia ligeiramente o olhar ele sabe que ela admite o mal necessário de sua existência.

— Independente disso, Sasuke e Naruto serão punidos. Discutir está fora de questão — Tsunade repete. Os jonins murmuram entre si, divididos.

— Não, eles devem passar os próximos anos aprimorando-se para servirem aos propósitos de nossa vila — Koharu interfere. — Vamos oferecer uma quantia razoável de dinheiro para que os pais da garota se mudem para outra aldeia e se calem sobre isso. Eles poderão reconstruir a vida lá e são jovens o suficiente para terem outra criança.

— O quê? — Tsunade ofegou, surpresa. — Vocês pretendem oferecer dinheiro para que ignorem a morte da filha deles?!

— Muito mais do que a garota vale, certamente — Danzo murmura. — Além disso, o caso não deve ser discutido após sairmos dessa reunião. — Ele olha para os jonins na sala. — Vocês não tem permissão para falar disso além dessa porta, devem reprimir e reportar aqueles que mencionarem o caso.

— De acordo. Haruno Sakura deve ser esquecida — Koharu diz, friamente.

Notas FinaisCalma, gente, que como falei na sinopse Konoha vê os dois como párias, então alguma coisa nesse plano do conselho não vai funcionar como eles querem.

Não há vermelho na sua paletaWhere stories live. Discover now