8. Cinematic parallels

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E aí, gente! 

***

A curiosidade fez com que Namjoon dirigisse muito rápido. Estava energizado, de qualquer forma. Depois de passar a tarde toda dormindo, sob efeito de analgésicos, e estando bem alimentado, era como se não tivesse exagerado na bebida na noite anterior. Da ressaca, lhe restou apenas um leve incômodo no estômago, como um fiozinho de náusea que não chegava a fazer mal de verdade. Era quase inexistente. O fato era que Namjoon estava se sentindo novinho em folha, graças ao tanto de informação conquistada e prestes a conquistar.

Chegou no Instituto Médico Legal com uma rapidez invejável. Só teria chegado mais ligeiro se estivesse numa moto, e isso o levou a pensar em Seokjin. Era engraçado um policial ter o estereótipo de um troublemaker. Seokjin era sério, fechado, sempre com cara de poucos amigos. Tinha uma tatuagem imensa nas costas, e pilotava uma moto preta. Para fechar mesmo, só se ele usasse jaquetas de couro pretas e tivesse alguns brincos nas orelhas, ou piercings em outras partes do corpo. Talvez ele fosse assim quando mais novo, quando ainda morava nos Estados Unidos. Seokjin não passava a energia de ter sido um adolescente complicado, um jovem adulto sem freio, mas muitas pessoas não se pareciam com algo que, na verdade, eram. Muito mais do que as máscaras sociais, havia a padronização da aparência e do comportamento que levavam as pessoas a criarem perspectivas que, muitas vezes, não condiziam com a realidade. Esse era um dos motivos pelos quais se costumava ficar surpreso quando alguém saía do esperado. Mas quem tinha construído o tal "esperado", afinal, senão aqueles que se surpreenderam? Em tese, todos eram capazes de qualquer coisa. Sendo assim, parte da culpa ou do deleite de uma surpresa era de quem criava as expectativas, e não de quem tinha surpreendido.

Foi entrando no saguão do prédio refletindo sobre isso, e assim que foi conduzido para onde Seokjin e o médico legista o esperavam, Namjoon foi sacudido pela própria teoria que tinha montado enquanto ia ao encontro do detetive, e a situação o fez rir. Seokjin estava usando uma jaqueta de couro preta, e o psicólogo ficou totalmente surpreso com isso, porque não esperava vê-lo dessa forma. Não era delicioso criar uma teoria e, então, a colocar imediatamente em prática? Porque, na vida real, nada impedia Seokjin de usar jaquetas de couro pretas, então por qual razão estava surpreso? O que lhe indicava que Seokjin não seria esse tipo de pessoa? Só porque o via sempre com as mesmas roupas formais na delegacia? Não significava que, fora dela, ele se vestisse assim também. Da mesma forma que, ali no IML, Namjoon não estava usando seu terno completo e sapato social como quando ia trabalhar. Estava usando tênis, jeans, camiseta e um moletom por cima. O único item igual ao de todos os dias eram os óculos, mas não eram um artigo fashion, e sim uma necessidade. De resto, nem ele mesmo correspondia a uma possível expectativa, se fosse pensar.

Será que Seokjin também tinha se surpreendido ao vê-lo tão diferente de como se vestia nos dias de trabalho? Queria bastante saber, mas como não poderia deixar de ser, Seokjin estava com o semblante impassível desde o primeiro segundo em que o viu, e não deixava transparecer nada do que poderia estar passando por sua mente. Era impressionante como um simples traço de personalidade podia dificultar tanto o trabalho de um mero psicólogo, que por força da profissão deveria ser capaz de interpretar até mesmo uma pessoa como Seokjin. Talvez fosse a proximidade com o seu objeto de pesquisa que o deixasse com as habilidades tão dormentes. Não devia se cobrar tanto todas as vezes em que Seokjin o confundia.

— Doutor. — Seokjin o reverenciou quando ele entrou na sala de necrópsia. — Creio que já conhece o Doutor Park, mas caso não se lembre, ele é um dos nossos médicos legistas, e o que ficou encarregado do seu caso.

— Como eu poderia esquecer? É uma figura bastante própria. — Sorriu para Jimin, observando novamente todos os piercings, brincos e alargador que ele usava, bem como as tatuagens que podia entrever perto do pescoço. — Mudou a cor do cabelo, doutor? Não estava ruivo antes, estava?

FingerprintsWhere stories live. Discover now