Capítulo 4

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🔥 Catena 🔥

Olho de um lado para o outro antes de pular o muro do campus e caio sobre as flores secas espalhadas ao redor.

Ajeito o boné em minha cabeça, puxando a aba bem para baixo e enfio os fios rebeldes do meu cabelo escuro para dentro do moletom. Seria suspeito demais caminhar a essa hora usando um capuz.

Viro a esquina e me aproximo do ponto de táxi. Entro no primeiro carro branco e verifico o endereço de entrega novamente no meu celular.

— É na Via Barberini 3/A — falo ao motorista que balança a cabeça em concordância, colocando o carro em movimento.

Observo o céu negro azulado de Roma, sem estrelas. As ruas estão tranquilas, sem a agitação costumeira de uma cidade grande.

Estou acostumada com a vida em Castel Gandolfo, onde todos se conhecem, o que não é algo bom, na minha opinião. Afinal, todos sabem que sou filha de imigrantes drogados que morreram de overdose.

Na grande Roma, as pessoas estão ocupadas demais para olhar para mim com pena, se é que percebem minha presença.

Deito minha cabeça no vidro, olhando pela janela os cartões postais da cidade passarem rapidamente

O carro para em frente ao correio e sinto as palmas das minhas mãos suarem pelo nervosismo. Toco o pen drive preso ao meu pescoço, tentando controlar a respiração.

— Poderia me esperar aqui? Volto já.

— Sim, senhora — responde o taxista, desligando o carro.

Abro a porta e, em passos rápidos, subo as escadas do correio romano. Como todos os prédios antigos desta cidade, suas paredes são repletas de esculturas barrocas antigas, tornando-o um edifício vivo, mergulhado em história e lembranças.

A luz da tela do meu celular ilumina meu rosto. Leio novamente a mensagem do cliente: "Caixa postal LV 404".

Entro no corredor escuro, olhando as plaquinhas douradas das caixas postais. São tantas. Meu coração martela freneticamente dentro do meu peito. Sinto cada vez mais dificuldade em respirar.

O medo é meu pior inimigo no meu trabalho.

Caminho de cabeça baixa, escondendo o rosto com o boné por causa das câmeras de segurança do lugar. Me aproximo da fileira "LV 400" e toco as placas até a 404 estar sob meus dedos trêmulos.

Olho novamente para a mensagem e puxo a corrente do meu pescoço, sentindo o pen drive pesar uma tonelada em minha mão.

— Acabou — sussurro, empurrando o pen drive para dentro da caixa postal pela fresta.

Me jogo no banco da cafeteria do campus, aguardando minha dose diária de café. Não consegui dormir pelo resto da noite, pensando no maldito pen drive e em quem seria o cliente da vez. Sempre repeti para mim mesma: "quanto menos eu souber, melhor", mas é inevitável, sempre surge a vontade de procurar saber o porquê.

— Catena — a voz de Josh ou Lionel me tira dos devaneios.

Levanto-me e caminho até o balcão, agradecendo com um sorriso o garoto que empurra o copo de café na minha direção.

O Código da Calábriaحيث تعيش القصص. اكتشف الآن