Capítulo 25

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🔥Catena🔥


Caminho de um lado para o outro na sala pouco iluminada, sentindo a fome se intensificar em meu estômago. Após dias de lágrimas e desespero, cheguei à conclusão de que era hora de lutar para escapar deste lugar.

Observo atentamente o ambiente ao meu redor, procurando por qualquer oportunidade de fuga. Analiso as janelas, as portas e cada detalhe da sala, em busca de uma brecha, por menor que seja.

Minha mente começa a traçar um plano de fuga. Penso em como distrair os homens que cercam o lugar, em como me mover silenciosamente e evitar ser detectada. A adrenalina percorre minhas veias, impulsionando minha determinação.

Aproveitando o momento da minha refeição, vejo o capanga de Mikko virar as costas e atinjo-o na cabeça com a bandeja. O som do corpo caindo no chão ressoa como um eco seco. Rapidamente, puxo-o para dentro da sala e tranco a porta, garantindo que ninguém possa entrar.

Com passos cautelosos, subo as escadas, movendo-me furtivamente pelo labirinto de paredes em busca de uma saída. Cada canto, cada porta que encontro é uma esperança, uma oportunidade de escapar dessa prisão.

Ao passar pela cozinha, arrasto-me pelo chão, evitando ser vista ou ouvida. Meus sentidos estão aguçados, cada som, cada movimento me deixa alerta. Finalmente, saio para o jardim, onde a intensidade do sol me cega por um momento. O desespero me impulsiona a correr, ignorando qualquer dor ou cansaço que possa sentir.

Os gritos masculinos ao longe ecoam em meus ouvidos, aumentando minha determinação. Corro pelo jardim, desviando de obstáculos, lutando contra o medo e a exaustão. Meu único objetivo é encontrar um lugar seguro, longe das garras de Mikko e sua família.

Passo pela cerca de arame farpado, sentindo as pontas rasgarem minha pele, mas isso não me faz parar. Corro descalço pela densa floresta, sem olhar para trás, temendo o que possa estar me perseguindo. O ritmo acelerado das batidas do meu coração acompanha meus passos, enquanto me afasto cada vez mais da prisão que deixei para trás.

A brisa fria encontra meu corpo enquanto adentro uma área próxima à costa. O vento balança meus cabelos e traz um sentimento de liberdade. Minha jornada me leva até uma pedra, onde meus pés doloridos encontram um breve descanso. Respiro fundo, me recomponho e olho para o horizonte vasto, cercado pelo mar. Aproximo-me do penhasco e observo a distância até o ponto onde a água encontra a rocha, avaliando se a queda teria chances de sobrevivência. O som das ondas batendo nas rochas ecoa em meus ouvidos, enquanto pondero as possibilidades.

A adrenalina toma conta de mim, meus pensamentos oscilam entre o desespero e a esperança. A ideia de saltar no desconhecido é assustadora, mas talvez seja minha única chance de escapar dessa prisão infernal. Meu coração acelera, e uma mistura de coragem e incerteza toma conta de mim.

No final, a decisão é minha.

Respiro profundamente mais uma vez e sinto o vento soprando em meu rosto, como se estivesse me encorajando. Com um último olhar de despedida para o passado, para tudo o que deixei para trás, lanço-me no abismo, entregando-me à incerteza do voo livre.

Abro os olhos e sinto uma dor insuportável latejando em minha cabeça. As luzes brilhantes ao meu redor são intensas, machucando meus olhos sensíveis. Um som contínuo de bip preenche o ambiente, perturbando ainda mais minha mente já confusa.

Tento me situar, mas a nebulosidade persiste. Estou em um ambiente desconhecido, rodeado por equipamentos médicos e monitores. A sensação de desorientação e o desconforto aumentam, enquanto tento compreender o que está acontecendo.

A voz de um profissional de saúde ecoa ao fundo, mas suas palavras parecem distantes e difíceis de entender.

Aos poucos, a consciência retorna, e percebo que estou em um hospital. A dor em minha cabeça persiste, e uma sensação de incerteza me envolve. Busco respostas, procurando entender como acabei nessa situação e o que aconteceu antes de acordar aqui.

Enquanto tento me recuperar, minha atenção se volta para o bip constante, que parece marcar cada segundo. Cada som é um lembrete da passagem implacável do tempo e da minha vulnerabilidade diante daquela realidade desconhecida.

A porta se abre, e Mikko entra na sala acompanhado de seu pai, ambos com expressões carregadas de descontentamento ao me verem naquela condição. O som do bip aumenta, em perfeita sincronia com as batidas aceleradas do meu coração. Um médico se aproxima com uma seringa, injetando seu conteúdo em meu soro. Sou envolvida por uma sensação de entorpecimento que toma conta do meu corpo, fazendo-me perder a capacidade de reagir.

Enquanto o médico se afasta, Mikko exibe um sorriso sádico, como se estivesse se regozijando com a minha situação. O Don, por sua vez, engaja-se em uma conversa com o médico, deixando-nos a sós na sala. Meus pensamentos retornam à beira do penhasco, e a ideia de ter morrido naquela queda me parece menos dolorosa do que o meu destino nas mãos de Mikko.

A incerteza do que está por vir me consome, e minha mente busca desesperadamente uma maneira de escapar dessa terrível realidade. Mikko e o Don conversam entre si, sussurrando palavras que não consigo entender completamente. Sinto-me presa e vulnerável, à mercê de suas vontades e jogos de poder.

O Don se aproxima, observando-me atentamente.

- O médico disse que você tem sorte, saiu da água sem nenhum osso quebrado e sem arranhões - ele pisca, tocando meu rosto e colocando uma mecha do meu cabelo molhado atrás da minha orelha.

Ele eleva a mão e me esbofeteia, arrancando um grito estridente do fundo da minha garganta.

- Se ousar fugir de mim novamente, eu acabo com você - ameaça.

Sinto a dor aguda da bofetada reverberar em meu rosto, enquanto as lágrimas escorrem pelo meu rosto machucado. Minha mente luta para processar a crueldade e a intensidade da situação. O Don, impiedoso e poderoso, exerce seu controle sobre mim de forma brutal.

Meu corpo vibra com a dor, e encaro Mikko, que se mantém como um cão de guarda atrás do pai.

- Vista-se e vamos embora daqui, o médico já te deu alta - avisa Mikko.

Os dois saem da sala, deixando-me sozinha com meu desespero.

Levanto-me com dificuldade, busco minhas roupas e me visto rapidamente. Cada movimento é uma batalha contra a dor e a exaustão.

Caminho em direção ao homem que destruiu minha vida, e a cada passo sinto a amargura da minha própria ingenuidade. Os sinais sempre estavam lá, mas meu coração cegou-me para a verdade. Cada palavra que ele proferiu agora parece uma mentira cruel ecoando em minha mente.

Ele me acompanha até o estacionamento do hospital e entro no carro, observando-o tomar o assento ao meu lado. Sinto a urgência de uma nova estratégia, pois outra tentativa de fuga seria imprudente no momento. Preciso me recuperar e estudar minuciosamente o meu inimigo. Não permitirei mais que me engane. Agora, meu objetivo é destruir essa família de dentro para fora.

O carro se move na estrada, e as engrenagens da minha mente estão a todo vapor. Fixo meus olhos em Mikko, observando seu comportamento e avaliando seus possíveis pontos fracos. Ele é o inimigo, mas agora não sou mais a menina indefesa que ele pode manipular. Vou lutar com todas as minhas forças para reverter a situação, trazendo o jogo para o meu domínio.

Com a mente afiada e a determinação inabalável, estou pronta para me tornar uma peça crucial nessa batalha mortal. E, dessa vez, guiarei os eventos, manipularei os fios invisíveis e conduzirei meu inimigo à sua própria ruína.

A história continua, e estou determinada a escrever o capítulo final da vingança.

O Código da CalábriaWhere stories live. Discover now