Capítulo V - "Boa Vida"

880 40 62
                                    

     A única coisa que sentia era aquela mancha de sol esbanjando na sua cara, onde estava? Como estava? Martín não fazia a menor idéia, poderia ter um braço amputado que sequer iria lembrar a razão. Ele acordava aos poucos coçando os olhos e os semicerrando para ter um tempinho a se adaptar com a luz, a única coisa que tinha lembranças era de ter ficado com raiva, de estar dentro de um carro e ter chorado, chorado bastante, que péssimas lembranças; pensou enquanto sentava-se na cama. O que puxou sua atenção fora quando um braço vagarosamente escorregou de seu peito até a barriga, um braço robusto, moreno, e forte, só de encarar aquilo Argentina arrepiou-se por todo, mas não por achar uma "maravilha" mas por estar numa cama e, ao lado de Brasil.

— Oh.

Martín olhou para o lado e fitou Luciano dormindo de bruços e de vista quase "nu", tal estava num sono profundo, mas para o argentino isso não importava; o que diabos os dois faziam numa cama, juntos? A única coisa que vinha em sua mente eram pensamentos duvidosos. Deus, ele tinha tantas perguntas e poucas respostas, por isso em poucos segundos apenas ativou o pavio do canhão e deixou a bola maciça de metal acertar qualquer coisa a sua frente

— AAAHHHHHHHHHH!!!

— !?!????—Brasil acordou quase que num pulo, respirando todo ofegante enquanto encarava Argentina que nem um maníaco paranóico por ter acordado no susto, claro, um grito daqueles na manhã não era nada comum— aAAAHH?!!???!

— A-AHH CARAJO!!!

Foi automático, Hernandéz deu um belo de um tapa certeiro na cara de Luciano que o coitado sequer teve tempo de racionar e lá foi bolando da cama ladeira abaixo, ficando de pernas ao alto quando bateu as costas no chão, mas também o loiro se preocupou imediatamente ao ter percebido que tinha feito aquela coisa por impulso então foi logo, logo engatinhando na cama pra ver o brasileiro desengonçado no chão

— P-Porra...!—o brasileiro esbagaçado no piso passou a mão no nariz, soltando um suspiro de desaforo e assim apenas aceitando que tinha sido estapeado; afinal, o sono ainda lhe consumia— fortinho, huh?

— Aye, e-está tudo bien?!

— Acho que- rasguei a bochecha, mas tá tudo bem graças a deus, ôoo glória —respondeu pondo a mão no rosto enquanto grunhia de dor, ele tentava puxar a alma de volta pro corpo, ela ainda estava lá dormindo na cama, mas o engraçado era que mesmo depois de ter levado um tapa de Martín lá estava ele com um sorriso todo abobalhado pro lado do rapaz, parecia quase a ponto de expurgar todos os males do argentino, coisa que o loiro só retribuiu com uma cara mal amada— Bom dia pra você também, tampinha

— TAMPINHA NO! VOU TE ESQUARTEJAR! MALDITO! Ugh! —levantou-se da cama bem rápido já dando as costas para o português enquanto revirava os olhos e observava o pequeno apê do moreno, nunca tinha colocado os pés ali então por isso o motivo de curiosidade — ¿No dormirías en el sofá? maldito

— KKKKK! Hmm~ você tá melhor da dor de cabeça? Ah, ia né, mas não fui, não sou obrigado se tenho uma cama grande, você não é tão gordo assim —e em seguida Luciano levantou-se também, andando em direção ao banheiro enquanto se espreguiçava, Martín havia escutado bem o que ele tinha dito e lhe amaldiçoou segundos depois, todavia, fora em cochichos já que seu estado de espírito ainda estava reiniciando após abrir os olhos, não teve uma reação muito apropriada além de resmungar— Ughh, tu parecia que ia morrer mesmo, vai nem dar um obrigado pelo seu grande salvador brasileiro?! Coloquei você como prioridade pô

— Enfia em tu culo o "salvador". Prioridade a concha de la lora — Martin pegou um tempo pra se espreguiçar também, porém não deu muito certo porque sua barriga estava lhe dando um incômodo e tanto— Solo me dolía la cabeza! Hmph...

Virando (mais que) Um AmigoWhere stories live. Discover now