Virando (mais que) Um Amigo

Capítulo VI - "Mil Horas" Parte 1

     Luciano andava com o coração na palma da mão, ele estava tão feliz, mas tão, que sequer poderia descrever tal alegria em palavras, iria conquistar aquele loirinho dum jeito ou de outro; no começo não levava esse objetivo tão a sério, mas a cada dia que passava e mais tempo ficava puxando o saco do espanhol, mais firme ele ficava nesse plano. Era como se tivesse virado um novo sonho seu para não ficar de bobeira no Catar até o dia que voltasse para o Brasil, só faltava alguns dias em torno de três a quatro para voltar ao seu país de origem; poderia não ter conquistado a sexta taça, mas iria conquistar o campeão dela.
O moreno estava tão feliz que cantalorava uma clássica de Seu Jorge "Mina feia" justamente essa, não que fosse uma indireta a Martín até porque aquele homem era uma maravilha em pessoa, o padrão do padrão; branco, alto, loiro e olhos claros, por suas íris ainda serem numa cor castanha desviava um pouco o padrão, mas tirando apenas esse simples fato era fácil gabaritar totalmente a cartela e gritar bingo.

— Quem ama o feio bonito lhe parece, a beleza está nos olhos de quem ver, bonito é dar valor a quem merece, a beleza está dentro de você ♪

Até mesmo dançava de um lado para o outro, mas sua balbúrdia toda fora interrompida quando se esbarrou em alguém, e logo voltou do mundo da lua, deixando o conceito de conquistar o argentino um pouco de lado. Era Daniel, ou mais conhecido como Paraguai, fazia um tempo que tinha visto o garoto, desde a abertura dos jogos talvez?

— Daaani! O que faz aqui? —o Brasileiro passou o braço pela nuca do menor, que riu pela abordagem excêntrica do português— Boa tarde meu amigo

— Lucho! —e como já amava aquela áurea do português era de se esperar retribuir na mesma intensidade, embaraçando os cabelos castanhos do maior— Jaja, estava indo visitar Tincho, talvez chamá-lo pra sair? Yo não pude ir a festa ontem, queria passar um tempo com el, e você? Tá fazendo o que por aqui nas ruas?

— Eita né que esse homem tá famoso mesmo? Acabei de trazer ele do meu apê, passou mal ein Dani, vomitou... —disse num tom um pouco sério— Mal conseguiu aproveitar a festa porque ficou com dor de cabeça, foi um 'fuzuê' do caramba

     O paraguaio parecia bastante surpreso com aquela informação, fazia bastante tempo desde que tinha bebido com os outros companheiros, ainda mais Hernandez. Mesmo assim, se lembrava da face oculta dele quando ficava bêbado; era extremamente engraçado, completamente diferente de sua personalidade comumente

— Es en serio?—riu— Não soube de muita coisa. Jaja pelo visto devem terem se divertido bastante!

— Pff que nada, fui eu que levei ele pra casa, cortou meu barato todo, mas né, o que amigos não fazem? —levantou minimamente os ombros enquanto andava com ambas mãos dentro dos shorts de sua bermuda, parecia falar com muita convicção enquanto ficava de bobeira, como se fosse alguém extremamente importante e próximo do louro; estava muito orgulhoso sobre esse fato, de ter levado-o com segurança de volta ao apartamento— Ah e acho que nem vale a pena chamar ele pra sair agora, o cara já vai com Manuel mais tarde.

     O paraguaio bufou um pouco desapontado, mas aí nada poderia fazer além de imaginar o quanto Hernandez iria se divertir saindo com Manu, então tentou buscar uma segunda idéia para não ter saído de seu aconchego atoa. Daniel coçou um pouco o próprio queixo, pensou e ficou martelando ferrolhos, espremendo o cérebro, o português ao seu lado lhe fitava visivelmente confuso pelo silêncio repentino mas nada disse, vai que tal estivesse imaginando em algo muito importante?

— Oh! Ya sé! —Alguns segundos se passaram e finalmente, teria saído uma gota de pensamento— Não faz mal, posso te convidar pra sair então!

— Ah... Sério?—o menor afirmou com a cabeça, achando engraçado a reação desconcertante do brasileiro; Luciano sorriu um pouco nervoso, estava sem dinheiro para sair e comprar coisas exuberantes pra provar, era sempre vergonhoso em momentos como esse estar sem um centavo— Pô, não recusaria, mas tô meio sem pólvora...