41• Bonnie Bennett

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Seguimos para o jantar, e os nervos de Judy estavam a flor da pele. Mamãe e papai se sentaram a mesa enquanto o chefe deles servia o jantar. Stefan e eu não conseguiamos esconder o sorriso de animação diante do que estava prestes a acontecer.

  O jantar já estava acabando e Judy ainda não tinha dito nada. Então, decidi dar o primeiro passo.

  —acho que Judy tem algo a compartilhar com todos nós -declarei, atraindo a atenção de todos. Judy me fulminou com o olhar, mas eu respondi com sorriso.

  —é mesmo? -perguntou o nosso pai olhando para minha irmã. —e o que é, Judy?

  —eu... Hum... Eu.. -começou ela com voz trêmula.

  —fale logo, Judytte -ordenou nossa mãe.

  —bem, eu só estava pensando que, talvez, tipo, que talvez um dia eu pudesse dar um sermão na missa de domingo. Eu até... -antes que ela conseguisse pegar a impressão do seu sermão que ela havia escrito, nossos pais caíram na risada.

  —você dando um sermão? -perguntou meu pai, achando graça da ideia, o que me deixou mais chateada do que qualquer coisa. Ele deveria ser diferente. Ele deveria apoiar o sonho de Judy, mas, pensando bem, na cabeça dos meus pais, Judy era só um rostinho bonito sem nenhum grande sonho.

  —ah, querida -disse minha mãe, rindo. —essa foi uma boa. Agora o que você queria dizer mesmo?

  Meus pais não perceberam o jeito como o espírito da minha irmã se encolheu.

  Stefan abriu a boca para protestar, mas Judy pousou a mão no joelho dele e maneou a cabeça discretamente.

  —eu só ia dizer que estou muito animada com o desfile do dia dos fundadores -comentou ela, contendo as lágrimas, enquanto se empertigava com uma dama.

  —é mesmo, vai ser fantástico, e você vai estar em um dos carros também. Você vai ser a garota mais linda da cidade, Judy -comentou minha mãe.

  —ela é muito mais do que uma garota bonita, mãe -reclamei cada vez mais irritada.

  —Bonnie -pediu Judy suavemente, lançando-me um olhar suplicando que eu deixasse para lá.

  Por ela, eu deixaria; mesmo assim, eu estava puta da vida.

  —Ah, eu me esqueci que Stefan e eu temos uma reunião sobre o desfile e ela começa em 15 minutos. Então, é melhor irmos agora. -Judy empurrou a cadeira, enquanto mantinha o sorriso fixo no rosto. —vamos, Stefan.

  —Mas...

  Ela mordeu o lábio inferior para segurar as lágrimas.

  —por favor, Stef. A gente não pode se atrasar.

  Ele se levantou, relutante, e saiu com ela. Então, meus pais voltaram a conversar casualmente como se nada tivesse acontecido.

  —vocês só podem estar de brincadeira -reclamei, irritada, fazendo os dois olharem para mim.

  —o que foi, Bonnie? -perguntou minha mãe.

  —como é que vocês foram capazes de fazer aquilo com ela? Como foram capazes de rir da cara dela quando Judy falou sobre fazer um sermão?

  —Ah, Bonnie... -minha mãe revirou os olhos. —sua irmã só estava brincando.

  —não, ela não estava. Ela está treinando as semanas, talvez meses, e quando finalmente reuniu coragem para compartilhar isso, vocês riram da cara dela. Como puderam não perceber quando a risada de vocês a magoou? Ela praticamente saiu correndo daqui.

  —ela não pode estar falando sério -retrucou meu pai, surpreso. —ela não é uma pregadora.

  —e o que você quer dizer com isso? -perguntei, estreitando os olhos, sentindo-me confusa.

  —bem, você sabe, sua irmã gosta de coisas diferentes como fazer compras, organizar eventos na cidade, planejar festas. Coisas assim. Ela é como uma Cheerleader da cidade. Judy não nasceu para conduzir uma igreja -declarou ele.

  Naquele momento, pela primeira vez na vida, eu vi meu pai sob uma ótica diferente.

  —você acha que ela é burra? -perguntei.

  —nao foi isso que eu disse.

  —nem precisava -retruquei. —pois eu vou dizer que ela é uma pregadora. Eu ouvi o sermão dela e Judy tem uma das vozes mais fortes que eu já ouvi. Ela tem tanto amor e compaixão por cada pessoa deste mundo. Ela tem um dom além de qualquer comparação, e você teve a coragem de rir da cara dela quando contou para você o sonho dela! -gritei, sentindo-me tomada pela situação e pela necessidade de fazê-los compreender.

  —Bonnie, olhe o Tom -ordenou minha mãe.

  —não mesmo. Eu não vou ficar calada diante disso. Ela se esforçou muito para isso, e vocês dois foram desrespeitosos. Se você estivesse um sonho e o compartilhassem com Judy, ela os estimularia pelo resto da vida. Ela acreditaria mais em vocês do que vocês mesmos, e vocês não deram nenhuma chance para ela.

  —acho que está na hora de você sair da mesa -declarou minha mãe em voz baixa e irritada.

  Meu pai não disse nada.
  E isso me magoou mais do que tudo.
  Meus olhos ficaram pousados nele e não consegui evitar as lágrimas que enchiam meus olhos.

  —eu podia esperar uma coisa dessas dela pai. Mas de você? Você deveria sempre acreditar em nós. Você deveria ser a pessoa que ouve os sonhos dos outros e nos diz que podemos voar. A pessoa que vi aqui esta noite? O jeito como você riu da cara da minha irmã? Eu nem sei quem você é agora.

  —que engraçado, vindo da garota que está tendo um caso? -retrucou minha mãe.

  —como é que é? -perguntei, perplexa.

  —você sabe exatamente do que estou falando. Só vá embora, Bonnie. Vá embora. Vá se encontrar com o seu delinquente.

  Dei uma risada sarcástica.
  —uau. Eu estava esperando você jogar isso na minha cara, mas acho que você fez isso na hora errada. Isso não tem nada a ver com o que está acontecendo aqui.

  —tem tudo a ver com o que está acontecendo. Suas palavras e sua personalidade agora são nulas para mim porque você está correndo pela cidade como uma louca. E eu estou falando sério! Tatuagens? Pintando e cortando o cabelo?! O que está acontecendo com você? Você não é assim. E está andando com um cachorro imundo que nem merece um osso. E está dando tudo para ele como uma vagabunda Nojenta.

  Fiquei boquiaberta.
  —do que você acabou de me chamar?

  —você nem sabe o trabalho que estou tendo para controlar tudo o que você está fazendo nesse seu rompante que já dura algumas semanas. Tatuar a sua pele... Sair da casa de Niklaus tarde da noite. Você sabe quanto tem sido difícil para mim?

  —quanto tem sido difícil para você? -bufei.

  —É. Você sabe o que as pessoas andam dizendo para mim? Você sabe o que elas andam dizendo sobre a nossa família?

  —Nao. Você sabe o que as pessoas estão dizendo sobre mim? Sabe de uma coisa, eu não consigo mais fazer isso. Eu não consigo mais falar com você.

  —você é uma desgraça para o nome dessa família! Dormir com aquele monstro imundo quando você ainda é casada!

  Meu o coração estava se partindo, e ela nem sequer notava. Engoli em seco e baixei a cabeça.

  —foi o Damon quem me traiu e não o contrário, mas você se importa? Parece que você está determinada a ficar do lado de qualquer pessoa, menos das próprias filhas. Para mim chega. Eu estou farta da igreja e do seu julgamentos, eu estou farta de você e do seu julgamentos. E, só para você saber, nesses últimos semanas, o Klaus me tratou com mais respeito do que você jamais me tratou em toda a minha vida, então, se ele é um monstro, mãe, você deve ser o diabo em carne e osso.

Shame- KLONNIE (Adaptation)Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang