💋Uma Dose de Otimismo💋

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Quando se é rico e tem tudo na palma de suas mãos, é fácil se virar sozinho em um país diferente, contudo, ao ter apenas um certa quantidade de dinheiro tão limitada para começar uma vida você vê que na verdade não se conhece tanto um lugar que você achava que conhecia.

Sai da casa de meus pais portando apenas as roupas mais simples, minhas joias e meus remédios, havia cerca de quatro caixas de cada, um para controlar os hormônios invasores do meu corpo e outro feito para pessoas com essa condição rara, algumas gostam de viver com isso, eu não penso em filhos, não quero crianças nem tão cedo então tenho que garantir esses remédios por um longo tempo.

Mesmo tendo feito um pouco mais de um ano de faculdade de administração e ter ao meu redor um grande volume de negócios e política, não fui capaz de administrar o pouco dinheiro que tinha. Culpo meus pais por me tornarem uma criança mimada.

Inicialmente me senti como um daqueles filmes de superação bem americanos, mas estava mais para o caso da patricinha loira e burra que se ferrou e mesmo assim só foi entender isso quando não tinha mais nada.

Gastei uma quantidade absurda e desnecessária em um voo de primeira classe pois queria ter uma boa noite de sono, é claro que em minha cabeça eu imaginava que seria fácil encontrar um emprego a altura do que eu merecia, mas dei de cara na porta, meu diploma em administração não valeu de nada, veja bem, porque eu não terminei a faculdade, logo não tenho o diploma.

Esse fato me tirou de um hotel consideravelmente bom e me jogou para um motel de beira de estrada que fedia a porra velha e mofo. Foi ali que entendi que existia o grande e poderoso Estados Unidos para os ricos e a merda injusta para os pobres.

Quando estava com a merda até meus joelhos, eu tomei a decisão de usar um pouco do que aprendi sobre administrar uma empresa, afinal, estarei administrando uma, no caso a minha mais nova vida independente. Fiz algumas contas e vi que de 15 mil dólares me restavam apenas 7, tecnicamente eu não poderia comprar um apartamento ou qualquer outra coisa com isso, contudo, depois de muita pesquisa, encontrei um local pequeno, mas bonitinho, e na descrição dizia que ficava perto do centro e era um bairro supertranquilo, estava em um preço bem abaixo para tanto privilégio então para simplesmente não perder a oportunidade eu me mudei o mais rápido, pagando o aluguel do primeiro mês.

A princípio o local era bem tranquilo, eu morava acima da senhoria que me mostrou o lugar bem pintado e com alguns poucos móveis, eu estava muito feliz por ter finalmente encontrado um bom lugar, entretanto eu parecia ter caído no golpe do vigário.

Estava assistindo à televisão quando me assustei com uma rajada do que parecia tiros, tipo esses de filmes de ação bem pesados, eu nem mesmo sabia o que fazer, fiquei igual uma barata tonta.

Esperei meia hora depois do último para ver pela janela o que tinha acontecido, bom, nada mais, nada menos do que um assassinato bem feio a poucos metros de minha porta. A rua estava cheia de pessoas olhando, então eu criei um pouco de coragem para ver se alguém já havia chamado uma ambulância ou a polícia.

Encontrei a minha senhoria na porta com uma face tranquila e apenas poucos resquícios de curiosidade, a idosa de pele negra me olhou e deu um sorriso tímido.

- O que aconteceu? Chamaram a polícia? - perguntei sentindo minhas pernas tremerem.

- Polícia? - outra mulher apareceu rindo. - Aqui é um lugar esquecido por eles, logo alguém passará e recolherá o corpo para jogá-lo na água. Dessa vez foi o Ravis que morreu, tadinho, achei que haviam perdoado o roubo da loja de conveniência, ele só precisava levar comida para a casa. - A mulher comentava como se já fosse comum e eu entendi que era por isso que estava tão barato.

Na manhã seguinte, sem dormir nem um minuto, eu peguei minhas coisas, devolvi a chave e tratei de voltar para a merda do motel de onde eu não deveria ter saído até ter certeza. Uma parte estranha de toda essa mudança é que eu estava completamente exausto, parecia bem possível as coisas darem tanta merda uma atrás da outra e mesmo sentindo falta da vida que tinha antes eu sabia que seria condenado a uma vida de amarras, esse fato foi o que me confortou durante o tempo difícil, eu sequer derramei uma lágrima, mesmo me sentindo um grande derrotado.

No celular eu pude assistir a um filme na intenção de simplesmente me distrair, eu coloquei um qualquer com um elenco bonito e a capa interessante. Eu estava precisando ver esse filme, foi como uma mão me confortando e dizendo que tudo daria certo, apenas precisava ser um pouco mais otimista. Foi uma força a mais para mim, mesmo que eu tenha ficado mais uma semana naquele quarto de hotel.

Durante a minha estadia a atendente chegou a me perguntar se eu era um garoto de programa, eu deveria estar muito acabado mesmo, mas após negar muitas vezes para que entrasse de vez na cabeça dela a mulher me entregou um cartão e disse.

- Bom, se quiser se tornar um, ligue para esse número. Tem um corpo bom e não temos um japa loiro no nosso catálogo. - Ela parecia gentil, por isso relevei de como ela me chamou, a pessoa nem me perguntou o que eu era, contudo eu estava tão cansado que apenas deixei que ela falasse e guardei o bendito do cartão em minha carteira. Nunca se sabe quando você vai precisar de dinheiro rápido.

No final daquela semana, depois de muita pesquisa e conversa eu encontrei o que parecia o lugar certo, era um apartamento que eu dividiria com uma universitária, ela estava precisando de um colega de quarto e a melhor parte era que o apartamento todo já estava mobiliado, pesquisei sobre o local e se ficava perto do centro, parecia um bom lugar e com um preço que dava para manter se eu arrumar um trabalho.

Era em First Hill, um lugar bonito e perto da biblioteca e universidade, ao ir conhecer o lugar eu pude ver que ali seria meu lar, durante um bom tempo.

Contrato Visceral - JIKOOK - mpregOnde histórias criam vida. Descubra agora