Prólogo

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Primeira Era Ninja, Ano 13

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Primeira Era Ninja, Ano 13. 

Ela corria como nunca antes correu em sua vida. Estava sendo impulsionada pela aflição que corroía os seus ossos e fervia o seu sangue.

Ela tinha esperanças de encontrar alguma ajuda, ou até um abrigo. Principalmente um abrigo, era o que ela mais necessitava no momento. Seu coração batia rápido como as asas agitadas de um beija-flor a procura do néctar e forte como um tambor de guerra querendo se libertar das celas de seu peito. O medo o agitava.

Medo. Angústia. Tristeza. Ira. Essa amalgama de emoções agora a movia para bem longe do lugar que ela costumava chamar de lar. Enquanto corria, ela rogava baixinho para que as deusas sagradas de seu povo a protegessem naquele caminho nebuloso. Rezava com as exatas palavras que sua mãe a ensinou e com outras improvisadas por ela no meio daquele desespero.

Ela tremia de frio. Os ventos gélidos chicoteavam contra o seu corpo. Ela abraçou a si própria, fazendo com que as roupas molhadas grudassem ainda mais na sua pele arrepiada e um pouco fria. Tudo aquilo parecia até mesmo uma armadilha do destino querendo matá-la aos poucos, divertindo-se às custas do seu sofrimento e da sua dor até que ela não aguentasse mais e se rendesse aos braços da morte.

A noite nem possuía uma boa iluminação. A garota apenas corria adiante ou no que ela acreditava ser adiante. A lua tinha optado por não brilhar naquela noite, como se quisesse se ausentar para não ver o que iria acontecer durante o seu governo dos céus.

O rosto dela estava tomado pelo suor, pelas lágrimas, por pequenas feridas e por cinzas. Ah! As cinzas. Aquelas chamas. Todo aquele fogo voltou para o seu campo de visão, pois a sua mente traiçoeira queria que ela relembrasse de todo aquele cenário de terror mais uma vez.

Ela tropeçou em um tronco caído e seu corpo mergulhou ainda mais em um mar de dor, grunhindo em angústia e afundando os seus pequenos dedos no solo macio. Um pouco da terra e folhas secas pequenas colaram na sua pele e roupas devido ao impacto da queda e pelo seu corpo estar umedecido.

Bem devagar, ela se levantou. Sentiu uma leve fisgada em seu joelho, uma espécie de ardência. Ferida. Estava com algumas delas pelos seus braços e sua face, pequenas aberturas na sua pele ocasionadas pelo atrito entre ela e os galhos afiados que pendiam das árvores que ela não conseguia desviar.

Já de pé, ela voltou a correr com o seu corpo tentando ignorar toda a dor que se alastrava por ele e com sua mente não a deixando parar de recordar do fogaréu.

Jamais esqueceria das chamas que se espalharam como uma praga, com suas línguas quentes e mortais devorando as casas de sua vila uma a uma, não poupando nada e nem ninguém que via pela frente.

Seu peito foi tomado por um alívio momentâneo quando ela enfim viu uma estrada. Finalmente sairia daquela floresta escura cheia de armadilhas que podiam machuca-la ainda mais. Ela pôs os seus pés cansados no caminho limpo e de terra seca. As solas de seus pés pareciam estar em carne viva, já que pinicava, ardia e doía muito caminhar.

Eien [Sasusaku]Where stories live. Discover now