Capítulo 2.2

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Terceira Era Ninja, ano 69...

Por um momento, Sakura acreditou que todo aquele cenário de guerra finalmente tinha tido seu fim. Céus! Como acreditou nisso. As poucas noites que a Quarta Guerra Ninja durou foram as horas mais lentas que já vivera, com cada minuto milimetricamente calculado para fazer todos sofrerem com suas lutas e perdas. A sua esperança de que todo aquele pesadelo acabou foi logo dissolvida quando Sasuke prendeu a todos, exceto ela, Kakashi e Naruto.

Como foi tola em acreditar que ele teria desistido de tudo, que ele voltaria tranquilo para casa.

Ainda tentou amolecê-lo com suas palavras, contudo, seu esforço foi em vão quando ele a olhou por sobre o ombro e os olhos verdes dela, completamente atraídos miraram hipnotizada o rinnegan que a observava.

A última coisa que viu foi uma silhueta arroxeada de Sasuke se aproximar e o braço dele afundar em seu peito até o cotovelo. Por um instante, Sakura jurou ter conseguido sentir o toque de Sasuke em seu coração antes de adormecer.

E caiu na mais profunda escuridão.

Com seus olhos ainda fechados, ela se debatia naquela imensidão de sombras como se estivesse se afogando. O ar ficou preso em seus pulmões e ela pensou que estava mesmo no fundo de um oceano, mas era apenas uma ilusão amedrontadora criada por sua mente e levada para o restante do seu corpo.

Não importou, pois seus braços e suas pernas continuaram se debatendo angustiadamente em um desespero sem fim.

Tudo isso só acabou quando suas pálpebras, mesmo parecendo tão pesadas quanto chumbo, finalmente se abriram.

E o que aconteceu adiante foi uma sequência de momentos que ela não compreendeu.

Primeiro, o que viu era fogo. Muito fogo, tanto fogo que o ar que respirava era puramente fumaça e cinzas, atormentando os seus pulmões. Seus olhos arderam e foram impulsionados ao choro pela quentura ao mesmo tempo em que ela era puxada pelo pulso por uma mulher que ela jurou não conhecer, mas que mesmo assim lhe era familiar.

— Corra — a mulher gritou ao soltar o seu pulso e empurrá-la. — Fuja, viva, em nome da Mãe, VIVA!

E com um último empurrão, ela foi jogada no que parecia ser um rio, cujas águas abraçaram o seu corpo com a pura intenção de resguardá-la do fogo, porém, que poderiam afogá-la se não agisse rápido. E ela agiu, obedecendo aos suplícios daquela mulher, pois a água que a ninava logo começou a querer leva-la para o fundo para arrancar o ar de seus pulmões e a vida do seu corpo.

A cena mudou para uma floresta escura onde ela corria com pressa, com tanta pressa que tropeçou em pedras, nas raízes gordas de algumas árvores e em pedaços de troncos caídos.

Onde ela estava? O que estava acontecendo? E por que parecia tão desesperada?

Depois, ela estava no que parecia ser uma festa. Ou seria um festival? Não sabia dizer, porém, havia muitos fogos de artifícios estourando no alto e decorando o céu noturno. Ao lado dela, estava um garoto vestido com um quimono branco e dono de longos cabelos castanhos. Aquele garoto a abraçou pela cintura, trazendo-a para mais perto para que olhassem os fogos de artifícios juntos.

Em seguida, ainda na noite, o cenário era um completo terror. Ela olhava para vários corpos mortos, alguns até degolados sobre os seus pés banhados numa completa poça avermelhada e viscosa. Sangue. E muito, inclusive na katana que ela trazia em mãos, que estava tão embebida em sangue que era impossível vislumbrar qualquer parte do aço do qual ela era feita.

Logo após isso, ela se encontrava em uma caverna, gritando como nunca antes havia gritado em sua vida. Atrás dela, um homem — ela achava que era um homem, segurava com força a mão dela, falando coisas que ela não conseguia compreender enquanto ela gritava com o tronco deitado no colo dele. Naquela visão, ela sentiu mais dor do que em qualquer outra. O seu sangue estava em chamas, seus tendões pareciam se dilacerar e suas veias explodirem. Os ossos de seu corpo não possuíam mais um pingo de força e seu útero se rasgava.

Ela escutou o choro de um bebê, e depois de mais outro. Foi ao ouvir o choro do segundo, que os olhos dela se cansaram e fecharam-se para escuridão enquanto o homem gritava por ela. O nome dela, um nome que ela não escutou.

Ao fechar os olhos, ela os abriu.

E a voz que escutava não era a daquele homem, mas a de Hatake Kakashi.

— Sakura — ele a chamou, assistindo as pálpebras dela lentamente levantarem e ela recobrar a consciência. — Sakura, você está bem?

— Ka...Kakashi-sensei...— seus olhos miraram o homem de cabelos pálidos e rosto parcialmente mascarado, querendo entender a situação, parecendo sequer estar ali ainda por causa do seu olhar confuso. — O que...o que aconteceu?

Aquela pergunta continha muitas camadas que Kakashi não sabia. O questionamento dela era tanto sobre o que tinha acontecido com Naruto e Sasuke quanto onde eles estavam e como eles estavam? Ela sequer sabia.

E principalmente, o que eram e sobre o que eram aqueles momentos que ela tinha visto — e vivido — durante o tempo em que estava adormecida?

Eu não vi a chegada dela como Hidetaka e Fuyuki, tão pouco a encontrei na cozinha como Indra. Me pergunto, Sakura, se por acaso a decisão que eu tomei depois poderia ter sido mudada se tivesse sido eu a encontrar Emi na cozinha naquela noite. Uma decisão minha que tomei mudou o rumo da vida do meu filho e, mais ainda, mudou o rumo da vida daquela garotinha. 

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⏰ Last updated: Jan 13 ⏰

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Eien [Sasusaku]Where stories live. Discover now