bestfriend | vegaspete

3. connected souls

"and I thought you might be mine
in a small world on an exceptionally rainy Tuesday night
in the right place and time."
knee socks — arctic monkeys.

— Pra onde está me levando? Não posso demorar.

— Shhhh — Vegas o calou.

Pete notou que eles haviam saído da casa e caminhavam em direção a antiga casinha de tralhas que os irmãos haviam construído na parte de trás. Ele lembrava bem de todas as coisas que jogavam ali quando não queriam mais, mas achavam que um dia poderiam usar. Brinquedos, latas, cadernos, celulares velhos, computadores e mais um monte de coisas que poderiam ser consideradas lixo, mas os olhos se arregalaram à medida em que se aproximavam da casinha pouco iluminada, algo estava diferente, a frente não era mais tão feia e suja, agora tinham tons de branco e azul e algumas flores ao redor.

— Uau, a casinha de tralhas foi reformada — Pete disse em afirmação.

— Não é mais de tralhas — Vegas disse antes de abrir a porta e se depararem com uma pequena estufa das mais diversas flores. O teto havia sido substituído por um telhado de vidro e o espaço todo reconstruído, parecia um pequeno paraíso.

— Meu Deus, isso tá lindo! — Pete disse, os olhos brilhando.

— Eu que reformei.

— Sério? — Ele estava maravilhado, o melhor amigo realmente tinha feito um ótimo trabalho. — Isso tá realmente lindo! — ele repetiu, o tom de voz ficando mais animado.

— Eu te mandei várias fotos uma vez enquanto estava no processo — ele comentou, sabia que Pete não via suas mensagens desde o casamento, mesmo que sempre visse o "on-line" abaixo do nome.

Pete o observou enquanto buscava o celular dentro do bolso e, abrindo o aplicativo de conversas, ele faria algo que evitou por pouco mais de um ano, finalmente clicando naquela aba que lhe trazia as memórias mais lindas e dolorosas. Ignorar tudo de Vegas era algo que ele havia se acostumado durante aquele tempo, isso o fez acreditar que os sentimentos não voltariam à tona e talvez, só talvez, pudesse viver em paz consigo mesmo por algum tempo.

Os olhos de Vegas fecharam quando ele sorriu ao pegar o próprio celular e finalmente ver "lido" abaixo das milhares de mensagens que mandou para o melhor amigo por meses. O mais novo estava procurando as fotos da casinha, é claro, mas ele não podia deixar passar despercebido as várias coisas que Vegas havia mandado, indo de perguntas simples até arquivos de fotos antigas. Foi então que Pete percebeu que ele relatava tudo ali, como se fosse seu pequeno diário e lugar de conforto. O que Pete realmente era.

— Você deixou muita coisa aqui — riu um pouco sem jeito, ele havia arquivado a conversa e, por isso, não conseguia ver quando algo chegava.

— Sim, você sempre foi minha zona de conforto e isso não mudou. Eu só... não tinha as respostas, mas ainda era você — Vegas tinha um olhar triste e melancólico sobre ele.

— Vee... — Pete falou simples, o apelido entre tantos outros que eram comuns entre eles. — Você não parece o mesmo Vegas que eu conheço.

— Talvez eu não seja mais — suspirou, virando-se para observar algumas pequenas flores amarelas e evitando o olhar do amigo.

— Essa pessoa... — Pete não sabia como falar aquilo, ele definitivamente estaria entrando em um assunto difícil para o outro. — Ele não te trata bem, não é?

— Quem falou isso? — Vegas virou rapidamente, os olhos um pouco arregalados.

— Não importa, eu percebi toda a aura estranha ao redor. Eu sou seu melhor amigo há 15 anos, Vegas, eu posso te entender só com um olhar e desde que cheguei que eu vejo uma pessoa triste e exausta, eu só tive dúvidas se era sobre o trabalho ou sobre sentimentos.