05

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   Os rapazes chegaram exatamente as 19h, o que surpreendeu o alfa pela pontualidade. Ele estava terminando de finalizar o jantar, tinha acabado de pôr a mesa.

   — Olá, bonitão. — O ômega sorriu assim que Harry abriu a porta. Se sentia animado como não acontecia há tempos — Onde está Louis?

   — No quarto. Boa noite.

   — Oi, cara. — O alfa o cumprimentou com um aperto de mão — Como anda as coisa por aqui?

   — Normais. Boas, mas não o suficiente.

   — Pelo menos há um avanço, mesmo que pequeno.

   O ômega foi em direção ao quarto do melhor amigo, deixando que os alfas conversassem em paz.

   — Bunny. — chamou, abrindo a porta devagar — Olá, querido.

   O mais novo estava penteando os cabelos molhados, Julie estava deitada em seu colo como sempre. Ele não se assustou ao ver o amigo, o fato de estar conseguindo dormir melhor está lhe deixando mais atento aos movimentos e cheiros no corredor, ele consegue identificar quando há alguém se aproximando.

   — Olá, gummy.

   O maior o abraçou assim que chegou perto o suficiente, sentindo que podia explodir a qualquer momento. Não cabia em si, podia gritar para o mundo a sua felicidade em ver uma de suas metades evoluindo.

   — Então, me conte tudo. O que andam fazendo aqui, como andam as coisas?

   — Não tem acontecido nada. As vezes ele tenta conversar comigo, mas anda tenho receio, voltei a desenhar e agora tenho Julie, ela é a minha coisinha preciosa.

   — Então você não está tendo um romance secreto com o seu chefe? Ele é lindo, não gostaria de uma chance?

   — Não me sinto preparado para isso agora. Promete de dedinho que não vai gritar e nem surtar? — Ele levantou a mão pequena, mostrando o dedo gordinho. O maior se adiantou em entrelaça-los, como em uma promessa de verdade — Ele é meu. Sabe, meu soulmate. Nossos lobos meio que se reconheceram.

   Niall estava atônito, sem conseguir reagir. Sentia que se tivesse um músculo ia surtar, não podia quebrar a promessa, era sagrada.

   — Como se sente em relação a isso?

   — Pedi para ele me rejeitar. — contou, fazendo o outro arfar — Ele se negou imediatamente, depois disse o quão absurdo foi o meu pedido, desde então tem tentado me mostrar que somos perfeitos juntos. Não quero que ele se envolva na bagunça que eu sou. Harry é um alfa tão bom, já eu sou só cacos.

   — Meu amor, vocês são metades um do outro, ele vai completar o que falta em você e vice-versa. Não podem viver separados por muito tempo e, querendo ou não, um amor vai nascer disso. Cabe a você determinar o caminho.

   — O amor machuca.

   — O amor é subjetivo. Vocês vão moldar a mão o seu relacionamento, do jeito que gostam e se sentem confortáveis. Se for para ser, não adianta lutar contra, só vai machucar ainda mais.

   — Não sei. Não parece certo.

   — Você tem medo e isso é normal. O que não é normal é deixar que seus medos atrapalhem seu desenvolvimento como pessoa. Nós dois sabemos que isso já aconteceu demais. Precisa viver, Bunny. Precisa deixar o passado para trás para que haja um futuro. — Niall segurou sua mão, sentia que suas próximas palavras iam doer mais em si mesmo — Deixe tudo no passado, todas as coisas e, se for preciso, nos deixe também.

   Louis arfou.

   — Gum...

   — Você já viveu demais em um passado que te matou várias vezes, pode sair agora, Bunny, nada mais vai te machucar. Você pode ser quem sempre quis, pode ficar sem esses moletons que escondem quem realmente é, pode ter tantas tatuagens que quiser e seu cabelo pode ficar do tamanho que te agradar. Não existe mais nenhum demônio, todos eles se foram e só restaram você. Você poderá ter um ateliê só das coisas que gostar e usar o que gostar. O mundo poderá ser seu e você dele.

   Louis fungou, parecia que seu cérebro tinha sido posto de cabeça para baixo, ou uma chave havia sido girada.

   — Não poderia deixá-los nem em um milhão de anos. Vocês têm sido minhas pessoas desde sempre e eu não conseguiria construir um mundo onde não existam meus irmãos. Podemos fazer isso juntos, não podemos? Eu quero tentar, ao menos.

   — É claro, meu bem. Podemos fazer o que quisermos juntos.

   — Eu te amo, garoto.

   — Também te amo, gummy.

   Duas batidinhas os despertaram.

   — Ei, garotos. O jantar está pronto. — Zayn colocou metade do corpo para dentro, então sorriu ao ver os dois — Oi, amor. — ele foi até o ômega mais novo, o abraçando, como se fosse um ursinho de pelúcia — Estava com tanta saudades.

   — Eu também, Z.

   — Prometo vir mais vezes, as coisas andam corridas na empresa, mas vou dar um jeito de tirar um tempo para meus ômegas favoritos.

   — Você é um falso. Bunny, acredita que esse cretino me ignorou porque estava conversando com a secretaria do Otávio? Foi patético, Zayn. Patético. — Niall entrelaçou seus braços, puxando o mais novo para fora, enquanto o alfa vinha logo atrás, como um cachorrinho.

   — Eu já me desculpei e prometi que não vai acontecer outra vez.

   — Ótimo, ou vou arrancar isso que você chama de pau e aí nunca mais olhará para nenhuma ômega por aí.

   Lou sentiu vontade de rir. Eles pareciam um casal de velhos discutindo.

   — Ômega.

   — Não vem com isso de ômega. Não me teste, Javadd. — O alfa arregalou os olhos escuros, o assunto ficava sério quando o ômega o chamava pelo segundo nome.

   — Desculpe.

   — Que tal se vocês pararem de brigar e virem comer? — o outro alfa se fez presente, interrompendo o que se tornaria uma terceira guerra bastante sangrenta. Todos sabiam que aquele ômega baixinho podia ser visceral quando queria e ele quase sempre queria.

   — Vocês vão acabar se matando um dia desses. Têm que parar com essas brigas.

   — Okay. Só porque o LouLou pediu.

   Eles seguiram até a sala de jantar, onde o cheiro de comida estava delicioso. Era impossível resistir às coisas que aquele alfa fazia. Dessa vez ele havia feito algo com gostinho de lar, que agradasse a qualquer um e que tivesse legumes o suficiente para sustentar seu ômega, Sunday roast.

   — Isso parece ótimo.

   — Obrigado.

   — Posso comer a sobremesa primeiro? — o pequeno ômega ousou perguntar, encarando a torta banoffee no centro da mesa. Era uma de suas sobremesas favoritas.

   — Não. — a negação veio em coro, fazendo o mesmo soltar uma reclamação triste.

   Parecia um filhote.

Your Eyes - LarryOnde histórias criam vida. Descubra agora